segunda-feira, dezembro 10, 2007

A bruxaria e a agenda política de Menezes


Este fim-de-semana Menezes decidiu ser notícia anunciando as suas previsões meteo-políticas para a pós presidência da União Europeia. Não tendo espaço para organizar mini-cimeiras paralelas como fez o PCP, Luís Filipe Menezes teve que concorrer com a exposição mediática de Sócrates recorrendo às cimeiras gastronómicas para definir a sua agenda política.

Esgotados os disparates que propôs no congresso, como a nova constituição, e com o seu líder parlamentar a sair depenado depois de ter sido anunciado como um excelente galo da Índia, restou a Menezes fazer futurologia, anunciou uma grave crise no governo para depois da presidência da EU. Pensei que fosse um disparate momentâneo mas ao ouvir Santana Lopes voltar ao mesmo argumento na TSF percebi que era a nova estratégia política de Menezes.

Temos portanto um líder da oposição que faz oposição anunciando crises futuras, já que no presente o melhor que conseguiu provocar foi uma crise na sua autoridade nas estruturas do partido em Lisboa. Parece que a assessoria da Cunha Vaz & Associados não chega, Menezes dedica-se à futurologia. Não é caso raro, era conhecida a confiança que Nancy Reagan depositava na astrologia.

Não é a primeira vez que Menezes baseia o discurso político na futurologia, no debate do orçamento respondeu à coça que o seu “menino guerreiro” Santana Lopes levou no debate do orçamento assegurando que "convém lembrar ao senhor primeiro-ministro que depois de Austerlitz há sempre um Waterloo. O engenheiro Sócrates há-de ter aqui, no Parlamento, o seu Waterloo, na altura própria".

Depois de Santana Lopes ter marcado a sua passagem pela liderança do PSD tentando reincarnar um Jesus que tentaram matar ainda na incubadora e que acabou cheio de chagas e facadas dadas pelos mais próximos, temos agora um Menezes a quem as cartas do tarot terão dito que seria a reincarnação não de um “menino guerreiro” mas de um general britânico enviado para derrotar Sócrates. O PSD sofreu, portanto, uma grande evolução de Santana Lopes para Luís Filipe Menezes, passou do misticismo de influência cristã para a futurologia do tarot com cartas oferecidas nos pacotes da Farinha Amparo.

E depois queixa-se Luís Filipe Menezes de que a democracia não está muito bem de saúde, como poderia estar se o líder da oposição acha que a política e o futuro do país dependem de uma partida de cartas, um pocker ou, para ser mais nacionalista, de um jogo da lerpa. Com líderes assim não há democracia que resista.