segunda-feira, dezembro 31, 2007

Destaques de 2007


Personalidade d 2007: Joe Berardo
Joe Berardo tem tudo para ser rejeitado pelos “grandes” de Portugal, deveria ser inculto mas tem uma fabulosa colecção de arte moderna, como emigrante devia ter-se ficado por uma “maison” mas possui uma grande fortuna, sem formação deveria pedir conselhos ao gerente de uma qualquer agência bancária mas faz vida negra a banqueiros, como rico devia ser discreto mas não se cansa de fazer barulho.

Berardo representa tudo o que as nossas elites da “cagança” odeiam mas tem o que essas mesmas elites adoram, muito dinheiro, dinheiro suficiente para humilhar e mandar Jardim Gonçalves par a reforma, par obrigar Pinto Monteiro a recebe-lo e para fazer da ministra da Cultura uma moça de recados.

Governante do ano: Correia de Campos, ministro da Saúde
Para um ministro da Saúde o mais cómodo seria fazer o mesmo que a maioria dos seus antecessores, gerir o imenso buraco financeiro do sector, foi o que fizeram quase todos. Concorde-se ou não com as medidas adoptadas por Correia de Campos, muitas delas polémicas, temos que lhe elogiar a coragem de querer mudar o sector o que implicaria sempre adoptar medidas antipáticas. Num país cuja organização do Estado assenta num modelo municipalista anacrónico não admiram as manifestações promovidas por autarcas que não percebem que as tecnologias da saúde mudaram, que um centro de saúde já não é apenas uma enfermaria para fazer pensos.

ONG do ano: Comunidade Vida e Paz
Acompanhar os sem-abrigo durante todos os dias do ano, longe das luzes da ribalta e sem usar esse trabalho para alcançar exposição social é o que os responsáveis da Comunidade Vida e Paz, uma organização ligada à Igreja, têm feito. Não fosse o roubo de que foi alvo, que a deixou sem comida e prendas para o jantar de Natal dos sem-abrigo, esta organização não seria conhecida do grande público. Apesar deste contratempo os sem-abrigo da capital tiveram o seu jantar de Natal e ainda sobraram produtos para distribuir por outras organizações.

Líder político do ano: José Sócrates
A José Sócrates tudo corre bem no plano nacional e comunitário, na UE beneficiou de um processo amadurecido que conduziu à assinatura do Tratado em Lisboa, concluindo desta forma uma brilhante presidência da União Europeia No plano nacional beneficia da inexistência de alternativas políticas, para o que os militantes do PSD muito contribuíram ao elegerem Menezes. Desde os ataques à sua formação académica até à tentativa de ressuscitar o processo Casa Pia, passando pelos abusos e disparates de alguns de os seus boys com vocação para Pitbull, a tudo tem resistido.

Político da oposição do ano: Jerónimo de Sousa
Numa oposição onde Louça não passa de uma estrela cadente, Menezes é o buraco que se sabe e Portas usou o CDS para se resguardar seria fácil a Jerónimo de Sousa brilhar. Mas o passado do comunismo na Europa, os amigos inconvenientes como é o caso das FARC e a sombra de Cunhal eram obstáculos para um Jerónimo ortodoxo que retomou os velhos princípios do partido puro e duro. Seria de esperar que sucedesse o que muitos previam, que o PCP entrasse em processo de etinção, mas isso não sucedeu e tem cabido a Jerónimo de Sousa a liderança da oposição.

Personalidade do desporto: José Mourinho
Num país que sempre foi enganado pelos ingleses José Mourinho foi o único português que conseguiu “enfiar o barrete” aos nossos velhos aliados, vivendo tranquilamente à custa de um monte de libras com cheiro a rublos roubados à Rússia. Ladrão que rouba a ladrão tem cem anos de perdão.

Banqueiro do ano: Artur Santos Silva
Respondeu à ofensiva do Opus Millennium que tentou comprar o BPI ao preço da uva mijona com a celebre frase de Dolores Ibarruri, La Passionária, “no passarán”. A Opus Dei tentou esconder os seus problemas no Millennium, onde perdeu o controlo da situação, pondo fim ao banco cujo principal accionista é o capital da Catalunha. O BPI não só resistiu a essa ofensiva com traços falangistas como acabou por aumentar a sua participação no capital do BCP, tendo um papel determinante na evolução posterior dos acontecimentos. Falhada a tentativa de fusão não é de excluir uma nova solução deste tipo ou mesmo o lançamento de uma opa sobre o que resta do banco da Obra de Deus.