domingo, dezembro 23, 2007

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

Azulejos do Palácio dos Marqueses de Fronteira

IMAGEM DO DIA

[Vadim Ghirda - AP]

«An elderly woman watches an honour guard outside the Revolution Heroes cemetery in Bucharest, Romania, during a commemoration of those killed at the start of the anti-communist uprising in 1989. » [Wahington Post]

JUMENTO DO DIA

Baixo nível

Apesar de gastar 30 mil euros por mês com a empresa de comunicação que tenta transformar Menezes de ovas de sardinha em caviar de beluga, o presidente da autarquia de Gaia não perde uma oportunidade para dar mostras do seu baixo nível. Desta vez nem esperou que se clarificasse a situação no BCP para omeçar a discutir a eventual sucessão do presidente da Caixa Geral de Depósitos. Em plena rua o líder do que resta do PSD reivindicou a designação de uma personalidade deste partido para a liderança do banco público, não hesitando em adiantar o nome de Miguel Cadilhe.

Esta Evita de Gaia não sabe que nem uma mercearia se discute desta forma quanto mais a liderança da Caixa Geral de Depósitos. É mesmo baixo, ou melhor, muito baixo nível.

LUÍS FILIPE MENEZES: "QUERO FAZER COMO SARKOZI" (EXPRESSO)

Quem não queria...

Fico na dúvida, Menezes quererá naturalizar-se francês e candidatar-se o Eliseu, pintar o cabelo de preto, começar a rir em vez de chorar ou roubar a Carla Bruni a Sarkozi?

DESTA VEZ GOSTEI DE BERARDO

«“Se não pagamos para entrar na praia ou numa igreja, porque havemos de pagar para entrar no museu? Para Portugal mudar, é preciso que as pessoas possam abrir a imaginação, e por isso continuarei a fazer tudo para permitir o acesso do povo à arte. Mas é preciso que os contratos sejam cumpridos”.» [Expresso assinantes]

Joe berardo tem sido cilindrado pelos bem pensantes cá da praça, gente que em regra vive à custa do mecenato orçamental e que se sentem acima dos outro portugueses. Ao ler esta afirmação de Joe Berardo no Expresso começo a perceber o porquê de tanto ódio e desprezo por Joe Berardo, para além de invejarem a fortuna e a colecção de arte o comendador ainda os faz sentir pequeninos.

SÓCRATES DEVERÁ FAZER UMA REMODELAÇÃO

A pouco mais de um ano de legislativas uma remodelação governamental apenas teria por objectivo a obtenção de ganhos eleitorais, o governo ne ganharia de políticas nem mudaria de políticas. Além disso mudar ministros apenas daria razão aos que numa jogada de antecipação pediram a sua demissão, mudar a ministra da Educação daria razão aos sindicatos e questionaria toda a política para a educação, demitir Jaime Silva daria razão a Portas e conforto aos grandes proprietários.

Se Sócrates ganharia votos designando ministros frescos, também os perderia porque a um ano das legislativas cedia na imagem de firmeza que tem construído. Perderia também porque ao demitir ministros estaria a admitir o falhanço de algumas políticas.

Não acredito que Sócrates faça alguma remodelação governamental ainda que tenha que proceder a alguns reajustamentos ao nível dos secretários de Estado ou mesmo de algum ministro, neste caso por razões alheias ao seu desempenho governamental. Sócrates não perderá a oportunidade de ter sido um dos primeiros-ministros a concluir uma legislatura quase sem mudanças na sua equipa. Seria como morrer na praia.

SALÁRIO MÍNIMO E DESEMPREGO

«O Governo anunciou um aumento de 5,5% do salário mínimo. Parece uma boa notícia para os trabalhadores menos qualificados. Se o salário mínimo aumenta, então os trabalhadores que actualmente o auferem vão ganhar mais. Mas o salário mínimo não tem apenas efeito nos salários, tem também efeitos no desemprego. Os trabalhadores que têm maior probabilidade de ganhar mais com o aumento do salário mínimo são também aqueles que têm maior probabilidade de ficar no desemprego. As empresas podem não estar interessadas em pagar-lhes um salário tão elevado.» [Diário de Notícias]

Parecer:

João Miranda acha que os trabalhadores que auferem do salário mínimo e que beneficiaram de um aumento de vinte em três euros passaram a ter "um salário tão elevado".

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Arquive-se por desconhecimento da ciência.»

LOBOS E CORDEIRINHOS

«1 Por causa das gravuras supostamente paleolíticas de Foz Coa (algumas desenhadas há 30 anos) deixou de se fazer uma barragem que era importante para a regularização do Douro; e, por não se ter feito essa barragem, vai avançar-se agora com a respectiva compensação, que é uma barragem no Sabor - um dos últimos rios despoluídos e em estado natural do país - que terá consequências ambientais desastrosas. Mas, na altura, Guterres e Carrilho queriam inaugurar o seu Governo com uma caução ‘cultural’, cavalgando uma onda de demagogia imaginada por uma inteligente máquina propagandística de interessados em arranjar um ‘tacho’ no futuro Parque Paleolítico do Coa. “As gravuras não sabem nadar”, gritavam eles. E, porque as gravuras não sabem nadar, destrói-se o rio Sabor.

Tempos depois, foi a vez das pegadas da passagem de um dinossauro na CREL. “Achado arqueológico de extrema importância”, arranjou logo os seus acérrimos defensores. Fez-se então um túnel, para preservar por cima as marcas indeléveis da passagem do dinossauro excelentíssimo. Tal como em Foz Coa, as boas almas que se encarregam de desbaratar dinheiros públicos a qualquer pretexto juraram que o local seria ponto de permanente romaria de criancinhas das escolas, levadas compulsivamente, e de milhares, milhões de adultos, idos voluntariamente, em súbito fervor histórico-cultural. E só a chegada do défice evitou que ao túnel se juntasse ainda um museu do dinossauro. Mesmo assim, milhões e milhões e milhões depois, duvido que mais de uma dúzia de curiosos por ano se preocupe em ir ver as pegadas do bicho; e, quanto a Foz Coa, retenho a exclamação sentida de uma habitante local, aqui há tempos: “Até agora, ainda não ganhámos nada com as gravuras!” Pois não , minha senhora, mas isto de ganhar dinheiro sem fazer nada, apenas abrindo a torneira do Estado, não acontece todos os dias.

Agora, li aqui que, por cima da A-24, entre Chaves e Vila Pouca de Aguiar, se fez um ‘loboduto’, para que os distintos animais (que não se sabe ao certo quantos são) não vejam interrompidos os seus supostos territórios de passagem na serra da Falperra. Eu acho o lobo um animal interessante e Deus me livre de não os querer preservar. Mas, francamente, 100 milhões de euros (20 milhões de contos!) por um ‘loboduto’ - onde, ainda por cima e segundo testemunhos locais, é improvável que venha a passar algum lobo, porque não só não se sabe se eles existem mesmo ali como ainda se sabe que ao lado existe uma pedreira que costuma fazer explosões - parece-me um bocadinho, como direi, talvez exagerado?... Vamos admitir que existem por ali dez lobos, a quem aquilo facilita a vida; vamos mesmo admitir que existem vinte: um milhão de contos por lobo não será de mais? Quantos anos, e sempre com gravíssimos problemas de saúde e assistência, não teria de viver um português para que o Estado gastasse com ele um milhão de contos?

Como se conseguiu chegar a este verdadeiro deboche contabilístico? Segundo conta o ‘Expresso’, da maneira mais simples e mais habitual: através da contratação de estudos e pareceres técnicos a ‘especialistas’. A consultadoria para o Estado - um dos mais prósperos negócios que existem em Portugal.

2 Pela mesma altura de Foz Coa - governava Guterres e era ministro da Economia Pina Moura -, a consultadoria externa levou o Estado a celebrar outro extraordinário negócio. Existia uma empresa privada, a Grão Pará, que parece que tinha o mau hábito de se esquecer de pagar à Segurança Social. Já uma vez tinha conseguido negociar de forma a que o Estado lhe pusesse as dívidas a zero, mas, anos depois, estava outra vez na mesma situação. Como resolver o problema? Por dação em pagamento. Acontece que a dita empresa tinha dois bens, qual deles o mais valioso. Um era um hotel no Funchal, construído ao lado do que dava para imaginar facilmente que um dia seria o prolongamento da pista de aterragem do aeroporto. Quando a pista foi mesmo prolongada, o hotel ficou condenado à falência, porque não há muitos hóspedes que queiram dormir onde aterram aviões. O outro era o Autódromo do Estoril, onde sucessivas injecções de dinheiros públicos não tinham conseguido o milagre de o tornar rentável nem sequer de lá manter a Fórmula 1. E foi com estes dois bens falidos que o Estado se contentou em troca do perdão da dívida. Na altura escrevi um artigo perguntando como é que um Governo que tudo queria privatizar se lembrava de ‘nacionalizar’ um autódromo e como é que o Estado transformava um crédito num encargo financeiro para si. Respondeu no mesmo jornal o ministro Pina Moura. Dizia que o autódromo era essencial para o turismo e para o ‘interesse público’ e que, feitas umas pequenas obras de melhoramento, logo regressaria a Fórmula 1 e lucros a perder de vista.

Passaram-se dez anos e o Autódromo do Estoril, depois de dezenas de milhões de euros de dinheiros públicos gastos em melhoramentos, manutenção e honorários dos seus administradores (e, obviamente, sem jamais voltar a ver a Fórmula 1 ou qualquer coisa que se parecesse), foi esta semana posto em leilão público por 35 milhões de euros. Não apareceu nenhum interessado. Pelo que, das duas uma: ou se arrasa e urbaniza tudo aquilo (fazendo mais uma alteração legislativa, porque os terrenos são de construção proibida), ou teremos de continuar a suportar eternamente os custos deste brilhante acto de governação.

3 E sabem porque é que estas coisas acontecem? Porque há um poderosíssimo lóbi de consultadoria instalado à mama do Estado, há anos sem fio, que dita, influencia e condiciona as decisões dos executivos. Para 2008, o Governo orçamentou 370 milhões de euros (!) para gastar com eles em “estudos, pareceres, projectos e consultadoria”. Eles, quem? Pois, isso é segredo de Estado, Há um ano que o semanário ‘Sol’ tenta obter, ao abrigo da Lei de Acesso aos Documentos Administrativos, a lista dos beneficiários deste bodo. Em vão. O Governo fecha-se em copas e os tribunais administrativos protegem-lhe a manha. É que, se visse a público a lista das eminentes personalidades, dos ilustres técnicos e dos influentes escritórios de advogados e consultores que entre si fazem assessoria aos governos - seja para comprar armas, submarinos ou autódromos ou para dar parecer técnico sobre ‘lobodutos’ ou contratos com Angola -, uma grossa fatia da respeitabilidade pública desabaria por terra.

Repito o que de há muito venho dizendo: em termos de cidadania, há duas espécies de portugueses - os que vivem a pagar ao Estado e os que vivem a tirar ao Estado. E o resto é conversa de comendadores ou de ‘benfeitores’.» [Expresso assinantes]

Parecer:

Miguel Sousa Tavares acha que há um lóbi a mamar milhões à custa de estudos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

INGRID E O ESPÍRITO DE NATAL

«A imagem que melhor simboliza o Natal que falta é a de Ingrid Betancourt - presa pelas FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) há quase cinco anos, quando se aproximou delas, de coração aberto, tentando o diálogo. «Premio mayor», chamou-lhe Manuel Marulanda, o chefe da guerrilha. Era então uma jovem, valente e radiosa candidata à Presidência. Abdicara de uma vida confortável em França para lutar por uma Colômbia democrática e liberta dos crimes da corrupção. Tinha um currículo cívico irrepreensível - o seu erro foi o de acreditar que as suas boas intenções comoveriam a guerrilha. Numa reportagem publicada pela revista «Visão» (13/12/2007), um ex-guerrilheiro declara: «Cada vez que ocupávamos uma aldeia, no papel deveríamos constituir uma assembleia popular, depois organizar a gestão com os habitantes. Na realidade, nunca houve nada disso. Nós éramos mercenários, nada mais.» A guerrilha filmou agora o seu «premio mayor»: uma mulher esquelética e envelhecida, prostrada, que se recusa a olhar a câmara - essa recusa é hoje a sua única liberdade, e a única força que lhe resta. Estima-se em cerca de 700 o número de reféns das FARC - Ingrid é apenas a imagem da destruição voluntária e programada das melhores qualidades e capacidades humanas. Por isso, o seu salvamento seria um princípio de Natal. Era bom que isso acontecesse nos dias que separam a escrita e a publicação deste texto - sonho ver as minhas palavras ultrapassadas por esse Natal. Sonho que o Partido Comunista Português aproveita a época para, pelo menos, pedir perdão pelo apoio que tem dado a esta guerrilha infame. Sonho demasiado, bem sei.» [Expresso assinantes]

Parecer:

Por Inês Pedrosa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

ONDE ESTÁ O PSD?

«É só uma questão de tempo até os jornais começarem a perguntar onde está o PSD, onde está Menezes, onde está a oposição vinda do partido que é suposto "liderá-la", que não se vê em parte nenhuma. O PP, o PCP e o BE, nalguns casos mesmo alguns raros dissidentes do PS socrático, têm criticado o Governo, enquanto o PSD passa entre as sombras, ou ficando pura e simplesmente silencioso, ou murmurando umas críticas de circunstância que ninguém ouve, ou, em muitos casos, concordando com o Governo e o PS. O único "não" sonoro que se ouviu foi a recusa do empréstimo à Câmara de Lisboa, acompanhado por uma condução política que primou pela completa inépcia. Esse é daqueles que mais valia não se ter ouvido, sem com isso dizer que Costa tinha razão, que não a tinha.

A pergunta do "onde está" é tradicional na comunicação social e nalguns casos foi feita com estragos consideráveis, como aconteceu com Vítor Constâncio à frente do PS. A pergunta em si é pouco relevante, porque o que a comunicação social quer é festa e, quando acha que não a tem, clama por actores no palco. Admito que os tempos agora não estarão como estavam no tempo de Constâncio, nem a dedicação carinhosa da comunicação social ao PSD é idêntica à que na época prodigalizava ao PS, cujo estado a preocupava. Mas, quando vier a pergunta, será mais para a coreografia do que para a substância, porque esta está há muito respondida: de há uns tempos a esta parte, o PSD está onde está o PS.

A razão pela qual o PSD se ausentou para parte incerta foi explicada na pouco noticiada conferência de imprensa "oferecedora de pactos", antecedendo o debate parlamentar de "primeira oportunidade" entre Sócrates e Santana Lopes. Desde aí que se conhecem as razões de substância para este já longo silêncio: o PSD aproximou-se politicamente do PS como nunca esteve antes, ao ponto de se oferecer para co-governar em praticamente todas as áreas. Na conferência e em declarações avulsas - da política externa à política europeia, passando pela defesa, segurança interna e legislação eleitoral, e acabando no célebre "pacto das obras públicas", a que se soma o "pacto da justiça" vindo do tempo de Marques Mendes -, o PSD faz uma abdicação da diferença, da alteridade, da oposição.

O que nos é dito é que em Janeiro tudo vai mudar, aparecerão propostas e tomadas de posição, vai começar a oposição "a sério", quando estiverem gabinetes e assessores a funcionar. É um pouco bizarro que se anuncie um tempo de adiamento da oposição, uma paragem para uma retoma anunciada, quando antes tudo era tempo urgente. Menezes criticava Marques Mendes por não fazer oposição dia a dia, minuto a minuto, fogosa, ardente, caso a caso, para o que, dizia, não faltavam temas nem razões e que "com ele" isso iria mudar radicalmente. Já não me refiro às idas às fábricas que encerraram - entretanto já encerraram várias -, mas a um estilo prometido de pathos oposicionista, comunhão com o povo e de entusiasmo militante, que, de todo, não se vê. Não é que o estilo prometido fosse bom, mas foi o que foi prometido, antes deste enorme esforço de respeitabilidade fabricado por agências de comunicação. Estas flutuações matam o flutuante, mas, infelizmente, são o que é normal, quando se actua para uma sociedade do espectáculo.

Permitam-me por isso que duvide da ofensiva putativa de Janeiro, porque a diferença não se faz com mais ou menos "estudos", "porta-vozes" ou "governos-sombra". Faz-se em primeiro lugar com políticas e não faltaram ocasiões nos últimos meses para se ser firme e duro com a política de um governo que está a empobrecer-nos a todos em nome de um modelo "social" que não tem futuro. Isto, na hipótese de o PSD ter um modelo diferente, que só pode ser mais liberal, mesmo que só moderadamente liberal, o que já não era mau.

Quando dois partidos se colam tanto que pouco se diferenciam, o que sobra para a luta política tende a ser incidental, conjuntural: esta nomeação, aquela opção por Ferreira de Cima em vez de ser por Ferreira de Baixo e várias variantes de questões "fracturantes", que em muitos casos são distracções dos problemas centrais de poder político e remetem para agendas em que nem sequer é líquido que o Estado e o poder político devam entrar.

Este "bloco central" político esteve sempre dentro do PSD, como esteve e está no PS e é uma sobrevivência de laços de interesses profundos representados nos dois partidos e que, depois, encontra expressão no rastro salazarista antidemocrático dos consensos. Nos primeiros anos da democracia, este "bloco central" concentrava-se em exercer o poder através da economia nacionalizada pós-1975, daí poder ser representado simbolicamente na cena real de responsáveis dos dois partidos reunidos a distribuir os lugares de gestores públicos nas empresas: estes dois são para mim, este fica para ti, este vai para a TAP e dou-te dois na CP, mas este da EDP não pode ser comparado como este na Imprensa Nacional, etc., etc. Este tipo de partilhas que durou até há muito pouco tempo e em muitas áreas, a começar nas autarquias e nas empresas municipalizadas, ainda está longe de ter acabado.

Mas o "bloco central de interesses" evoluiu com a economia, e adaptou-se às privatizações, deslocou-se para fora do Estado e foi para os grupos económicos, para os bancos, as seguradoras, as empresas de construção civil, etc., etc. Quase que se pode formular uma regra simples: quanto mais depender um grupo económico de decisões do governo para conduzir a sua actividade empresarial, tanto maior é a presença deste "bloco central de interesses" no seu seio. A deslocação do Estado para o privado significa que os mecanismos de influência tendem a deslocar-se de fora para dentro, a centrar-se na mediação de negócios, assentes em empresas de consultadoria e em grandes escritórios de advogados, que todos sabem serem as portas certas para chegar ao governo, este e os anteriores. Quando um partido político, ainda por cima na oposição, se demarca deste jogo de interesses instalado, as suas lideranças são sujeitas a um processo que começa pela descredibilização e acaba na tentativa de expulsar os incontroláveis. Marcelo Rebelo de Sousa, num momento da sua liderança, quando contestou alguns grandes negócios, foi sujeito a essa campanha.

É verdade que no PSD há a presença deste "bloco central", mas há também uma tradição de ruptura que, no passado, tornou o partido na principal força reformista em Portugal. O PS foi crucial na defesa da democracia política em 1975, o PSD foi crucial na normalização democrática. Sem o PSD, na fórmula da AD de Sá Carneiro, não se iria tão longe e tão cedo no fim da presença militar na tutela da democracia. Sem Cavaco Silva não haveria uma cultura de "bom governo", o fim da Constituição socializante na economia, o retorno à economia de mercado, o boom de infra-estruturas, a democratização do ensino, uma modernização imperfeita mas real do país. Ambos associaram um programa de reformas à alteração das condições políticas dominantes em momentos desejados e sentidos como de ruptura: Sá Carneiro e Freitas do Amaral mostraram que outros partidos podiam governar Portugal que não apenas o PS, e Cavaco abriu caminho para as maiorias absolutas como condição de governabilidade.

Se estamos no caminho do bonnet blanc, blanc bonnet, como dizem os franceses, esta é a melhor receita para matar o lado reformista do PSD, o de Sá Carneiro e Cavaco Silva. Sem esse lado reformista, o PSD ficará tão próximo do Governo e do PS que, à luz de um, não se vê a sombra do outro. E nem de holofote a laser, banhado no mais forte néon, Diógenes encontrará qualquer homem na cidade.» [Público assinantes]

Parecer:

A pergunta é de José Pacheco Pereira espera-se que a resposta seja do porteiro da Buenos Aires se, entretanto, a Evita de Gaia ainda não vendeu a sede do PSD.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «»

A PONTUALIDADE SEGUNDO O MINISTÉRIO DAS FINANÇAS

«Os 232 cadetes que ingressaram este ano no ensino superior universitário das Forças Armadas estão em situação irregular. Isto porque o Ministério das Finanças, quatro meses após o início do ano lectivo, ainda não deu parecer favorável às admissões.» [Correio da Manhã]

Parecer:

O ministério não cumpre com as normas que ele próprio adopta. Ainda bem que os cidadãos têm mais respeito pelas leis do que o ministro das Finanças.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao ministro que coloque na internet uma lista com os despachos adoptados com atraso.»

A HIPOCRISIA DO PSD NÃO PARECE TER LIMITES

«O social-democrata defende a manutenção da Portela, que deve coexistir com o novo aeroporto. “A Portela não está esgotada”, sublinhou Jorge Costa, acrescentando que “o investimento de 400 milhões de euros em curso da Portela tem que ser devidamente rentabilizado”, já que “não faz sentido” gastar aquele montante “a curto prazo e em seguida começar a desactivar” a infra-estrutura.» [Correio da Manhã]

Parecer:

O PSD toma decisões com base em palpites e ainda por cima vem exigir objectividade aos estudos do LNEC. Neste caso objectividade seria Menezes dizer-nos quais foram os empresários que o "convenceram" a que o PSD se decida por uma localização com base em palpites.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Menezes se acha que é assim que vai tirar o sono a Sócrates.»

OS MARCOS DOS CORREIOS DEIXARAM DE SER SEGUROS

«Este alerta surge devido às "muitas queixas" apresentadas no DIAP de Lisboa em 2006 e 2007 devido a "frequentes arrombamentos de marcos de correio" por pessoas que se apoderam de cheques ali depositados. O processo desenvolve-se com a falsificação do endosso e o depósito desses cheques em contas abertas por pessoas "indigentes" em instituições bancárias, relata uma nota do DIAP. Este tipo de furto tem-se registado em Lisboa, mas também já ocorreu noutras cidades.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Já nem os marcos dos correios são seguros...

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao DIAP se não tem queixas relativas ao roubo de cheques e de cartões por carteiros.»

NÃO SÃO SÓ OS McCANN QUE COMETEM ERROS

«Um menino de três anos morreu ontem na sequência de uma queda de um terceiro andar, em Almeirim. "A criança ficou sozinha em casa enquanto os pais foram buscar o irmão, que é um ano mais velho, ao infantário", disse ao DN fonte da GNR de Almeirim que esteve no local.» [Diário de Notícias]

Parecer:

Houve por aí muita gente a assegurar que os pais portugueses não deixam crianças sós em casa.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se o sucedido.»

A ENTREVISTA DE MENEZES AO EXPRESSO DIZ TUDO

«A entrevista estava marcada para as nove e meia. Acabou adiada para as cinco da tarde porque Menezes tinha que ir ao Porto festejar os anos de um filho. Mas como o avião se atrasou duas horas acabou por só se sentar com o Expresso já passava das sete. O líder do PSD continua dividido entre o norte e o sul mas acredita que só lhe faltam dois anos para arranjar casa em Lisboa, mais propriamente no Palácio de S. Bento. Para lá chegar tem uma fórmula radical: desmantelar em seis meses o excessivo peso do Estado e mudar a legislação laboral para aliviar a economia. Pelo sim, pelo não, contratou a agência de comunicação de António Cunha Vaz, por 30 mil euros por mês. » [Expresso assinantes]

Parecer:

Esta é a fotografia de um irresponsável, só um irresponsável pode dizer num país europeu que desmantela o peso do Estado em seis meses. Se Menezes fosse primeiro-ministro era o país que ele desmantelava, não o peso excessivo do Estado.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Menezes que poupe os 30 mil euros porque não há empresa de comunicação que o leve a São Bento..»

BANCO OU ASSOCIAÇÃO DE MALFEITORES

«O Banco de Portugal (BdP) e a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) consideram “gravíssimas” as operações feitas pelo BCP com sociedades «offshore». O governador do BdP, Vítor Constâncio recomendou ontem aos principais accionistas do banco que os administradores envolvidos nessas operações fiquem de fora do próximo conselho de administração. Esta posição levou o presidente do BCP, Filipe Pinhal, e o vice-presidente, Christopher de Beck, a retirarem a lista candidata à administração do banco que tinham apresentado no início deste mês. Os reguladores exigem também que o BCP divulgue os impactos daquelas operações até dia 27. Carlos Santos Ferreira surge agora como o Linkmais provável candidato a uma lista de consenso. O actual presidente da Caixa Geral de Depósitos termina este ano o mandato e admite aceitar o convite para a presidência do BCP já que Filipe Pinhal deixou de estar na corrida. Mas para se candidatar é necessário que se verifique um consenso entre os accionistas, o que é provável. Para o primeiro-ministro, José Sócrates, esta é uma boa solução.» [Expresso assinantes]

Parecer:

O que se estranha neste processo é que tanta vigarice não tenha outras consequências.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Investiguem-se as vigarices das administrações do BCP em todas as suas dimensões.»

TAMBÉM NO BCP OS RATOS SÃO OS PRIMEIROS A ABANDONAR O NAVIO

«O resultado desta acareação terá sido o esclarecimento cabal de quem foram os responsáveis directos pelas operações. Houve troca de acusações e um dos administradores terá apontado o dedo a outros e explicado o que teve de fazer para limpar o balanço destas operações, procurando assim salvar-se. Mas os principais envolvidos foram claros, ao dizer que as operações foram feitas a mando e com conhecimento do então presidente da instituição, Jorge Jardim Gonçalves.» [Expresso assinantes]

Parecer:

Outra coisa não seria de esperar desta gente.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se o resultados de todas as investigações.»

BLAIR CONVERTEU-SE AO CATOLICISMO

«Blair abandonó el anglicanismo y recibió la bienvenida al catolicismo, la misma fe que profesa su esposa, Cherie, del propio primado católico de Inglaterra y Gales, el cardenal Cormac Murphy-O'Connor, en un servicio religioso celebrado anoche en la capilla de la Casa del Arzobispo en Westminster, en el centro de Londres. "Estoy muy contento de dar la bienvenida a Tony Blair dentro de la Iglesia Católica. Durante un largo tiempo ha asistido de forma regular a misa con su familia y en los últimos meses ha estado siguiendo un programa de formación" para prepararse para este momento, señaló en un comunicado el cardenal Murphy-O'Connor. » [20 Minutos]

MAIS UMA "FAMÍLIA" MAFIOSA EM ITÁLIA

«Una sentencia del tribunal de Potenza (sur de Italia) revela que en el país existe una "quinta mafia", con sede en la región sureña de Basilicata, y que se suma a las ya conocidas Cosa Nostra, Camorra, 'Ndrangheta y 'Sacra Corona Unita'. El diario La Stampa publica este sábado la sentencia del tribunal de Potenza, capital de Basilicata, por la que se condena a más de 242 años de cárcel a 26 personas acusadas de pertenecer a una hasta ahora desconocida organización criminal. » [20 Minutos]

GRAFFITI DE BANSKY VANDALIZADO EM BETHLEHEM

«Bethlehem residents have painted over a satirical mural by the graffiti artist Banksy that was meant to highlight their plight.

The elusive British artist had painted six images around the town to help drum up tourism before Christmas and to illustrate the hardships faced by Palestinians in the occupied West Bank.

But the irony behind the depiction of an Israeli soldier checking a donkey's identity papers was lost on some residents, who found it offensive.

"We're humans here, not donkeys," said Nasri Canavati, a restaurateur. "This is insulting. I'm glad it was painted over."» [Guardian]

AS TRAFULHICES DO BCP E A PASSIVIDADE DO FISCO

As trafulhices feitas pelas administrações do BCP envolvendo perdões de dívidas co recurso a paraísos fiscais não têm consequências fiscais? É evidente que têm da mesma forma que poderão ter consequências penais como defende Joe Berardo, só não se percebe a passividade do ministério das Finanças que muito antes de estes casos se terem tornado públicos poderia ter reparado que haviam indícios de que este banco beneficia de um paraíso fiscal privativo.

Só que o BCP é a jóia da coroa do sector financeiro português e todos os governantes que passam pelas pastas do ministério das Finanças alimentam o sonho secreto de virem a reformar-se naquele banco, nenhum dos que ocuparam a aquele cargo ousaram incomodar o Millennium, chegou-se mesmo ao ponto de entrega a gestão do fisco a um funcionário do banco. A única excepção terá sido Bagão Félix, mas isso é outra história e, além disso, Bagão é mesmo reformado do BCP.

MOHAMED SOMJI

JULL DE VRIES

DOMINIK SZMAJDA

MORGAN NORMAN

JONAS VALTERSSON

ROAD SAFETY

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Advertising Agency: Marketforce, Perth, Australia
Executive Creative Director: Andrew Tinning
Art Directors: Julia Elton-Bott, Murray Laird
Copywriters: Andrew Tinning, Tom Wilson
Photographer: Alan Myles
Retoucher: Madeleine DePierres

REGIONAL ENVIRONMENT AWARENESS

Advertising Agency: Naga DDB Malaysia
Executive Creative Director: Ted Lim
Art Director: Chow Kok Keong
Copywriters: Raymond Ng, Ted Lim

HUBBA HUBBA

[2]

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Art Director: Julien Hablainville
Copywriter: Julien Sens