sábado, fevereiro 18, 2012

Da cooperação estratégica à cooperação activa

A cooperação estratégica de Cavaco Silva com os governos de José Sócrates foi o que se viu, enquanto o PSD se queixada da asfixia democrática a Presidência fazia saber ao Público que andavam a escutar as intimidades presidenciais, enquanto Sócrates tentaava encontrar soluções para o financiamento da economia Cavaco Silva manifestava-se preocupado com a origem do dinheiro, nunca se percebendo se receava que fosse dinheiro obtido depois de espremidos os tibetanos ou de os jovens americanos ficarem chupados das carochas com o consumo de crack.

Passado esse período negro respira-se alegria em Belém, já ninguém se preocupa com a origem do dinheiro da troika nem com os seus custos humanos ou financeiros, a liberdade que se vive no país faz lembrar o PREC e um dia destes Cavaco ainda vai atribuir a Ordem da Liberdade a Miguel Relvas e aos seus adjuntos, qual Salgueiro Maia mais os soldados de Santarém. Os trocos pagos pelo partido Comunista Chinês pareceram uma lufada de ar fresco democrático na economia portuguesa.

Mas A presidência não se limita a cantar o giroflé giroflá pelo meio dos canteiros de Belém enquanto Passos Coelho trabalha que se desunha em defesa do país, como diz o micro-Mendes. Cavaco até tem ido mais longe, não se limita a um “deixem-no governar”, ou mesmo à audaz cooperação estratégica de outros tempos, Cavaco Silva está indo mais longe e já ultrapassou o que se poderia designar por cooperação estratégica. O pessoal da Casa Civil só não se oferece para ir desempenhar funções caninas a São Bento porque como se sabe Passos Coelho farta-se de adoptar cães abandonados e candidatos a ministro com ar de sem-abrigos. Além disso nunca se sabe como iria reagir o famoso pavão de São Bento perante a invasão de tantos pavões vindos de Belém.

A cooperação activa assumida por Cavaco Silva faz dele um digno herdeiro dos valores do PSD, Cavaco não se limita a apoiar o governo do seu partido homologando tudo de olhos fechados, não exigindo uma única vez uma maioria parlamentar que inclua a concordância dos soldados da GNR que fazem guarda de honra à entrada, Cavaco vai mais longe, dá o exemplo na sua disponibilidade para se sujeitar ás goladas sucessivas de austeridade, apesar de já estar à rasca para aguentar as despesas ainda apoia a austeridade e as reformas laborais, exibindo-as pela Europa como um exemplo de capacidade de sacrifício dos tugas.

Cavaco vai ao ponto de se sacrificar a si próprio em favor do jovem que em tempos detestava e que só aceitou apoiar porque, tal como sucedia com Manuel Ferreira Leite, o ódio a Sócrates é superior a qualquer aversão a pratos de coelho. Cada vez que Passos está em apuros Cavaco vem em seu socorro, imagina que Sócrates está de volta e sacrifica-se para salvar o primeiro-ministro. Quando o governo estava a ficar desgraçado com as sondagens e Passos em dificuldades para justificar o ordenado do catedrático sem cátedra o que sucedeu? Cavaco imolou-se dizendo que os seus míseros dez mil euros de pensões já não davam para as despesas. Agora que Passos volta a estar em dificuldades perante a evidência do falhanço da sua política económica Cavaco veio em seu socorro, o mesmo presidente que apelava à juventude para vir para a rua numa época em que os enrascados queriam enrascar o Sócrates, fugiu agora de uma pequena manifestação de pirralhos de liceu.

A coisa foi tão bem feita que até a esquerda mordeu a isca, depois do líder da UGT ter decidido assumir o estatuto de caniche da troika a Presidência da República é a única instituição nacional que ainda não deve obediência à troika, A esquerda em vez de proteger Cavaco que nem sequer concorda com os excessos de Vítor Gaspar, alinhou no jogo, esqueceu-se do governo que trama os seus valores e atirou-se a um Cavaco que decidiu fazer de lebre. A orgia tem sido tão grande que até o PSD mandou o que resta da JSD depois do esforço do governo para combater o desemprego, jovem coelhinho lá apareceu a latir contra o Presidente