quarta-feira, fevereiro 22, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Aldrabas, bairro do Castelo, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Todo o peso de uma vida [A. Cabral]
  
A mentira do dia d'O Jumento


Parece que nem todos trabalharam nesta Terça-feira Gorda...

Jumento do dia


Vítor Gaspar

Começa a ser evidente que o fato de democrata não assenta bem no corpo de Vítor Gaspar, os tiques autoritários são mal escondidos por detrás do falso ar de humildade e por mais de uma vez o ministro das Finanças não tem conseguido esconder as suas ambições e tiques ditatoriais. Ultimamente tem cometido erros sucessivos porque o seu gabinete esquece a lei com alguma frequência.

Desta vez foi mais longe e para além de revelar pouco respeito pela comunicação social evidenciou uma estupidez pouco própria de quem desempenha o cargo de ministro das Finanças. Defender a exclusão de uma televisão portuguesa das reuniões em Bruxelas não fica muito bem a um ministro, ainda por cima quando tal regra não foi aplicada em situações idênticas a outras televisões, sendo inédito um governo de um país defender o silenciamento de uma televisão porque divulgou imagens incómodas para um dos seus ministros. Coisas deste tipo são frequentes na China, mas convenhamos que o convívio de Gaspar com os chineses da EDP não terá sido o suficiente para que lhes sejam imputáveis responsabilidades nos tiques autoritários do ministro.

Ao tentar calar a RTP numa reunião de bastidores o ministro revelou igualmente estupidez pois pensava que conseguia fazê-lo sem que a sua manobra não viesse a público.

«Portugal queria banir a TVI para sempre das chamadas tour de table, em Bruxelas, na sequência da conversa gravada e difundida entre os ministros das Finanças de Portugal e da Alemanha. Maria Rui Fonseca, porta-voz da Representação Permanente de Portugal junto da União Europeia (REPER), disse ao Expresso online ter agido “em articulação e segundo instruções do Ministério das Finanças”, explicando que estas decisões ficam aquém do defendido por Portugal: “A recolha de imagens pelas televisões devia acabar e passar a ser feita pelos serviços do Conselho, que posteriormente as distribuiriam”. E em relação à suspensão do jornalista da TVI, que ficará proibido de aceder à sala das reuniões ministeriais, a postura é semelhante. Maria Rui diz que se trata de uma decisão “infantil”, uma vez que a estação portuguesa tem “antecedentes” na matéria e “nada garante que não voltem a fazer a mesma coisa”. “A TVI devia ser banida para sempre do tour de table”, opina.


Os serviços de imprensa do Conselho de Ministros da União Europeia decidiram na semana passada implementar regras mais restritivas para a recolha de imagens nos instantes que antecedem o início das reuniões ministeriais e suspender, durante um mês, o repórter de imagem da TVI responsável pela recolha das imagens da polémica.
  
A decisão foi tomada depois das pressões de Portugal, com o apoio da Alemanha e de Espanha. A REPER acusa a TVI de ter tido uma atitude semelhante em 2008, ao divulgar uma conversa de Rui Pereira, ministro da Administração Interna no governo de José Sócrates, Num vídeo já famoso, Rui Pereira aparece a fazer rasgados elogios à beleza de Carla Bruni, mulher de Nicolas Sarkozy, e a gracejar com o facto de o presidente francês ter de cuidar muito bem do seu aspecto para estar à altura da beleza da mulher. Qual adivinho, Rui Pereira terminou a conversa dizendo ao seu interlocutor que agora era perigoso falar dessas e de outras matérias por causa dos microfones direccionais.» [i]

Apanhado em flagrante


O momento mais divertido é quando Pentti Arajarvi, marido da presidente finlandesa, se sente apanhado pela princesa Mary da Dinamarca e olhou para o ar como se nada tivesse feito!

Jogo sujo


Sem notícias sobre Sócrates, com o processo Face Oculta a arrastar-se de forma desinteressante nos tribunais e com o Cavaco a não dizer baboseiras as atenções voltam-se para os disparates de Passos Coelho ou para os tiques autoritários do Gaspar. A solução está em desviar a atenção e nada melhor do que o plafond dos cartões de crédito, informação dada aos jornais depois de Relvas se ter assegurado que o actual governo não tinha cartões, recebe contra a apresentação de facturas.
  
O problema é que indicar o plafond de um cartão não passa de uma insinuação pois não significa que seja atingido ou que o seja com despesas que não devam ser pagas pelo Estado. Estamos no domínio do jogo sujo e se sabemos quem divulga a notícia ficamos sem saber quem a mandou tornar pública. Mas não é difícil de adivinhar, esta é uma daquelas notícias que dispensam autor, até poderia ser publicada no blogue de um dos adjuntos.

Asfixia democrática?

Na longa noite negra de José Sócrates o país vivia em asfixia democrática, as liberdades eram restringidas ao mínimo, a oposição tinha dificuldades em respirar. Agora respira-se liberdade, o Relvas tem liberdade para calar o Rosa Mendes, o Gaspar tem liberdade para calar a TVI, enfim, nunca Portugal viveu tempos de tanta liberdade.
 
 

"Atirem-se a eles como Tarzões!"

«O Real Madrid não ganhava uma Taça espanhola de basquetebol há 19 anos. E o assunto interessa-nos, mesmo para os que não gostam de basquetebol. Parece que o resultado foi 91-74 contra o Barcelona e Sergio Llull marcou 23 pontos, mas isso é irrelevante. Para começo de conversa saiba-se que havia aquele jejum de vitórias, e que nas duas últimas épocas o Real Madrid perdeu as finais para o sempiterno adversário Barcelona, o mesmo que, no domingo, ali estava para prolongar a seca. Acontece, ainda, que o basquetebol é um desporto muito técnico e muito táctico, cheio de pormenores e truques que precisam de ser preparados antes do jogo. Vamos, então, ao que nos interessa. No balneário, Pablo Laso, o treinador do Madrid, dirigiu-se aos jogadores e não lhes falou de... basquetebol. Nada de táticas, só de emoções. Passou-lhe o filme da anterior e antiga vitória da Copa, ainda no milénio anterior, e intercalou essas imagens com as dos jogadores atuais em momentos de alegria. Enfim, Laso fez o que, um dia, em campanha feliz, também o nosso selecionador de futebol Fernando Cabrita soube dizer aos jogadores: "Atirem-se a eles como Tarzões!" Hoje, os portugueses estão atirados para a fossa de Mindanau porque nessa disciplina tão técnica e tática que é a Economia desconhecem o rumo. Esse rumo é preciso, mas nunca será encontrado se os líderes não souberem ter sábias palavras emotivas.» [DN]

Autor:

Ferreira Fernandes.
   

Haverá uma sopa dos pobres em cada esquina

«O ministro da Solidariedade e da Segurança Social, Pedro Mota Soares, disse nesta terça-feira que "haverá uma cantina social em todos os distritos e concelhos", numa parceria com as instituições de solidariedade, prevendo "alocar 50 milhões de euros".» [CM]

Parecer:

è o regresso e institucionalização da sopa dos pobres.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Este ministro Lambretas é um rapazinho muito generoso.»
  
Rosa Mendes foi calado por falar demais

«O ex-diretor-adjunto da RDP, Ricardo Alexandre, reafirmou esta tarde, na Assembleia da República, que a rúbrica 'Este Termpo' chegou ao fim devido a crítica de Pedro Rosa Mendes a Angola
  
O ex-diretor adjunto de informação da RDP, Ricardo Alexandre, afirmou hoje que o ex-diretor de informação da estação pública lhe disse que o programa "Este Tempo" era suspenso por causa da crónica de Pedro Rosa Mendes sobre Angola.

"O ex-diretor de informação, João Barreiros, disse-me que tinha sido por causa da crónica do Pedro Rosa Mendes sobre Angola", disse hoje Ricardo Alexandre, na Comissão para a Ética, a Cidadania e a Comunicação, na Assembleia da República, sobre a suspensão do programa "Este Tempo", emitido na Antena 1.» [DN]

Parecer:

Nada que não se soubesse.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Solicitem-se explicações a Miguel Relvas.»
  
Palerma

«"Em algumas empresas existem contratos coletivos de trabalho que estão a ser salvaguardados", afirmou Álvaro Santos Pereira, quando questionado sobre o facto de parte do país estar parado, apesar de o Governo (PSD/CDS) ter decidido não dar tolerância de ponto aos funcionários públicos da administração central no carnaval.
   
À margem da assinatura de aditamentos aos contratos de concessão entre o Estado e a REN, o ministro da Economia e do Emprego escusou-se a comentar a decisão de, pelo menos, 116 das 308 autarquias do país de dar o dia ou meio dia de carnaval aos funcionários.» [Diário Digital]

Parecer:

Diz baboseiras sobre as empresas privadas mas recusa-se a falar do que deve, do Estado.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
    
Der Spiegel também defende novo resgate

«O alemão Der Spiegel escreve hoje na sua edição online que Portugal vai necessitar de mais dinheiro para dar a volta a crise e destaca que o país, apesar de se ter tornado num exemplo para a ‘troika', continua preso a uma recessão profunda.
  
"Com as suas medidas de austeridade em massa, Portugal tornou-se o exemplo da troika. Mas o país ainda está preso a uma recessão profunda e não é claro como vai voltar a crescer. E pode ter de confiar em empréstimos europeus para os próximos anos", refere a publicação alemã.» [DE]

Parecer:

Por este andar Passos e Gaspar vão ficar a falar sozinhos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»
  
Receitas fiscais em queda

«Apesar de o défice do sector público ter caído em janeiro  para 436 milhões, 41,2% abaixo do registado um ano antes, nem tudo é boa notícia na execução orçamental. A receita fiscal caiu 7,9%, ou 222,3 milhões de euros, face a período homólogo de 2011  devido a uma queda de 18,8% na receita com impostos diretos, em especial à quebra nas receitas com IRC. 
   

A receita do IVA, imposto cujas taxas foram agravadas em vários produtos e serviços no início do ano, subiu de 974 milhões de euros em janeiro de 2011 para 1029,1 milhões de euros em janeiro passado, um crescimento de 5,7%.  
A receita do Estado com IRC arrecadou apenas 87,4 milhões de euros (226 milhões há um ano). as receitas com IRC terão caído 61,3% (138,6 milhões de euros) em janeiro deste ano quando comparado com igual mês de 2011, influenciado especialmente pela elevada receita com este imposto no primeiro mês do ano passado devido à antecipação de distribuição de dividendos.» [DE]

Parecer:

Os impostos directos estão em queda e a tendência será para uma queda ainda maior, por outro lado é evidente que o IVA está aquém do esperado.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Solicite-se ao Gaspar uma previsão para o défice de 2012.»
  
O lado negro da Apple

«A Apple está a ter o seu momento Nike. Ou o seu momento Starbucks. O nome é diferente, o conceito é o mesmo: grandes marcas que são apanhadas num escândalo que envolve trabalho escravo (ou perto disso) nalguma fábrica longínqua. O nome é Foxconn, a principal parceira asiática da Apple, a quem encomenda a montagem dos iPads e iPhones.

A Foxconn reflecte tudo aquilo que no Ocidente se considera inaceitável. Condições de trabalho deploráveis, com disciplina militar, empregados que passam seis a sete dias por semana a trabalhar em turnos de 14 horas. Sacrifícios que permitem iPads a 499 euros e que caem mal quando a Apple apresenta vendas e lucros recorde.

Há aqui alguma injustiça quando se fala apenas da Apple, já que a Foxconn também monta as consolas Xbox 360 da Microsoft e os computadores da Dell e da HP. Nenhuma destas empresas se pronunciou sobre os seus contratos com a empresa chinesa.» [Dinheiro Vivo]

Parecer:

A China exporta trabalho escravo fazendo concorrência desleal e os líderes ocidentais ficam calados porque os mais ricos do Ocidente estão a beneficiar com a situação.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Proteste-se.»
  
BIC nega contratação de magistrado do MP

«O banco BIC negou hoje ter contratado Orlando Figueira, procurador do Ministério Público que investigou o caso 'BES Angola' relacionado com burla ao Estado angolano, manifestando "perplexidade face às notícias em circulação".
  
"O banco BIC português e o banco BIC SA (Angola) não conhecem nem contrataram o senhor magistrado referenciado nas notícias, nem qualquer outro magistrado português, para o seu quadro de colaboradores", lê-se num comunicado hoje enviado para as redações.» [Expresso]

Parecer:

Pois, mas o facto é que o próprio magistrado admitiu implicitamente ter sido contratado:
 
«Sem esconder estar agastado com as notícias publicadas na imprensa, que dão conta de que o procurador que investigou o "caso BES de Angola" vai trabalhar para o banco BIC, de capitais angolanos, Orlando Figueira reitera que não há qualquer incompatibilidade legal ou impedimento de ordem ética ou moral, observando que nem Isabel dos Santos, filha do presidente angolano e acionista do banco, nem o BIC, foram alguma vez arguidos em processos por si investigados.
  
Orlando Figueira observou que é magistrado há 24 anos e que foram "razões pessoais e financeiras" que o levaram a optar por trabalhar no setor privado, numa altura em que os magistrados estão a sofrer cortes nos seus rendimentos.» [RTP]
  
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso e procure-se saber quem tramou o Orlando denunciando a contratação junto da comunicação social.»
  

O post "Haverá alguém no Governo que peça explicações a Bruxelas pela desigualdade de tratamento?": 

«A equipa de reportagem da TVI que no passado dia 10 filmou, gravou e divulgou a conversa do ministro das Finanças alemão com Vítor Gaspar foi impedida pelos serviços de imprensa do Conselho Europeu de captar imagens na sala onde decorreu hoje a reunião do Eurogrupo.


Acontece, porém que:
O repórter de imagem espanhol que, no mesmo dia 10 e na mesma sala, captou,gravou e divulgou outra conversa, esta entre o ministro espanhol da Economia e o comissário Olli Rehn, não sofreu qualquer represália.
Repórteres austríacos que na mesma reunião gravaram e divulgaram um comentário do ministro austríaco das Finanças não foram objecto de nenhum procedimento.
Ora, a equipa de reportagem da TVI (tal com a espanhola e a austríaca) não violaram qualquer lei porque os serviços de imprensa do Conselho Europeu ainda não ditam leis. 
A equipa da TVI (como as outras duas) teve acesso a uma conversa  porque os seus protagonistas não a evitaram quando tinham à sua frente uma câmara de televisão ligada. Se fosse uma conversa banal, pessoal ou íntima teria permanecido desconhecida como tantas que por lá acontecem.
Sendo uma conversa política de interesse relevante para Portugal, a TVI fez bem em não a ignorar.
Não foi a primeira vez que o interesse público de uma notícia se sobrepôs a regulamentos e mesmo a preceitos legais (que  para este caso não existem).
Um jornalista sabe que ao optar pelo que, em consciência, considera ser o interesse público de uma notícia, mesmo contrariando outros valores ou preceitos, assume as consequências e por isso não é um drama que a equipa da TVI tenha sofrido uma represália imposta por quem manda e dita as regras na sala do Conselho Europeu.
O que choca não é, pois, o “castigo” à equipa portuguesa. O que choca é a decisão discriminatória dos serviços de imprensa que fez recair a sua “fúria” apenas nos repórteres portugueses, poupando os  espanhóis e os austríacos.
Haverá alguém no Governo que peça explicações a Bruxelas e aos seus “serviços de imprensa” pela desigualdade de tratamento?
Ou ainda vamos pedir desculpa?»