terça-feira, fevereiro 21, 2012

Mascarada carnavalesca

Depois de tudo o que já fizeram aos funcionários públicos os liberais do nosso governo não podiam deixar de perder a oportunidade de os humilharem, gozando com eles no Carnaval, transformaram-nos em figuras vivas deste presépio de Carnaval em que o Estado foi transformado nesta Terça-feira Gorda. Com o sector público a ir a banhos, as escolas encerradas e os hospitais a meio gás o país foi animado pelos figurantes de serviço. O Governo deu assim uma prova de coerência, depois de tramar os funcionários cortando um terço do seu rendimento ainda os exibe como símbolo da produtividade obrigando-os a um dia de trabalho nacional.


O que nos vale é que se os funcionários públicos foram forçados a andar mascarados um dia, o governo português faz Carnaval o ano inteiro, a governação do país está transformada num misto de palhaçada e de baile de máscaras, em que cada ministro disputa o prémio da melhor representação carnavalesca.O campeão das máscaras tem sido o próprio primeiro-ministro, não só pela qualidade das máscaras, como pelo seu desempenho. A máscara de liberal assenta-lhe que nem uma luva, o problema é que temos um liberal cujos amigos gostam do Estado como macacos de bananas e o assalto ao dinheiro dos contribuintes tem sido tal que o Diário da República mais parece o que o suplemento d e emprego do Povo Livre. Aliás, enquanto líder do PSD já usou as mais diversas máscaras, desde a do político incomodado que pede desculpa pelas medidas de austeridade que deixa passar ao político duro que inventa desvios colossais para duplicar a austeridade imposta pela troika.


Paulo Portas ganha o prémio da originalidade na escolha das máscaras, quando esteve no governo do Cherne usou a máscara do almirante que perseguia a traineira dos abortos com uma poderosa frota nacional, até mandou comprar dois submarinos para proteger as nossas parideiras de futuras incursões do perigoso barco. Desta vez decidiu provar ao Álvaro que tinha mais jeito para se disfarçar de ministro da Economia do que o Batanete da Rua da Horta Seca. Agora é o ministro da diplomacia económica e já pode mostrar obra, aproveitando-se da venda da EDP ao CC do PC chinês designou a Celeste Cardona para embaixadora na EDP e ainda recentemente apareceu a inaugurar um centro tecnológico de uma empresa chinesa, só não se percebeu se estava lá em nome do governo ou em representação de José Sócrates ausente em Paris, já que o centro era obra do governo anterior.


Se Portas é o mais original, Álvaro responde conquistando o prémio do mais original, com aquela cara, uns olhos que parecem sair das órbitas e um discurso digno de um merceeiro até parece que o Batanete da Rua da Horta Seca anda mesmo armado em ministro. É um pouco o que acontece com aquela rapariga com ar de governanta que deve ter sido escolhida para a pasta da agricultura porque quando se veste um pouco melhor até parece uma agricultora em dia de ir à feira.


O título mais disputado é precisamente aquele a que se candidata o Batanete, o disfarce mais frequente dos nossos ministros é precisamente o de ministro. Os ministros da Defesa, da Administração Interna, da Caridade ou a ministra da Justiça são bons exemplos da expressão “com a verdade me enganas”, o melhor disfarce de Carnaval que encontraram foi o de ministros e a verdade é que anda mesmo muita gente convencida de que são mesmo ministros.


Enfezadinho e com um ar de sem abrigo o ministro Gasparoika é dado a máscaras do género Pirata das Caraíbas e a verdade é que desde que chegou a ministro das Finanças que os portugueses estão a ser pilhados dia sim, dia não. A máscara cai-lhe que nem uma luva, nem é preciso investir muito em caracterização para lhe dar um ar de feio e o prazer com que inventa medidas para torturar os funcionário públicos é digno do maior facínora das Caraíbas. Mas esta coragem e gosto pela aventura não passa de uma máscara, o corajoso Gaspar fez rodear de várias barreiras de segurança e chegar à porta do seu gabinete deverá ser mais difícil do que entrar no gabinete de Cavaco Silva, está protegido por mais homens armados do que algum governante português já esteve. Só falta mesmo deixar de confiar nos soldados da GNR, por também estarem a ficar sem o escalpe, e pedir ajuda à Mossad. A verdade é que as suas instalações parecem o aeroporto de Lisboa em dia de voo da El AL Airlines.