Portugal ainda não poupou um tostão para pagar aos credores a ajuda que recebeu não passa de uma falsa ajuda paga a juros elevados e só para garantir o financiamento da economia no meio de uma crise do sistema financeiro tem sido forçado a adoptar políticas de austeridade, a transformar o seu povo em cobaia de economistas extremistas, o país em laboratório de soluções de universidades estrangeiras.
A solução adoptada para Portugal é uma experiência inédita não só em países desenvolvidos como à escala mundial, reequilibrar as contas públicas e promover a austeridade sem recorrer a desvalorizações monetárias e conseguindo efeitos parcialmente equivalentes através do empobrecimento forçado de alguns grupos profissionais e classes sociais. Procura alterar profundamente o modelo económico impondo ao país um modelo económico típico dos países subdesenvolvidos, isto é, não se pretende apenas o empobrecimento dos portugueses, pretende-se que o país regrida no plano do desenvolvimento económico.
É evidente a estratégia da destruição da intelectualidade nacional, os melhores professores universitários estão a partir, os professores do ensino secundário são convidados a abandonar o país, os investigadores subsidiados pelo Estado ganham menos do que empregadas domésticas. Neste modelo não é só a intelectualidade que é dispensável (um ódio de gente frustrada), os trabalhadores qualificados e que exigem melhores salários também não fazem falta, daí a destruição de tudo o que tenha sido feito no domínio da formação profissional.
O país não está a poupar, está a destruir riqueza, não está a criar condições para o crescimento, está a destruir emprego indispensável para manter equilíbrios sociais. Os empregados das dezenas de milhares de pequenas empesas que estão a fechar nos centros urbanos não terão emprego, a classe média será transformada num exército de remediados, as empresas tecnológicas não encontrarão quadros no mercado de trabalho, os quadros e os trabalhadores mais qualificados procurarão na Europa o que lhes foi recusado em Portugal.
Portugal ainda não pagou um tostão aos credores, mas já destruir muitos milhares de milhões de euros em riqueza nacional, já deitou para o lixo muitos milhões investidos na formação de professores universitários e do ensino secundário, de milhares de engenheiros, arquitectos e outros quadros que estão a emigrar, muitos milhões que pequenos investidores apostaram em micro empresas que estão a falir nesta enxurrada de empobrecimento e de eliminação do mercado interno.