O ministro da Economia tem sido apresentado como o idiota deste governo, imagem para a qual o próprio muito tem contribuído, chegando a dar a impressão que não quer regressar o Canadá deixando tal obra incompleta. Seria injusto acusar a oposição de tal maldade, há no governo quem também queira ajudar na árdua tarefa de dar do Álvaro a imagem do idiota nacional, isso explica que um dos seus colegas tenha passado para a comunicação social o incidente ocorrido entre o ministro da Economia e o ministro das Finanças. O tal ministro anónimo contou a um jornalista amigo que numa reunião do conselho de ministro o Álvaro decidiu apresentar várias propostas para promover o crescimento económico, foi abruptamente interrompido pelo Gaspar que, secamente, lhe disse “não há dinheiro!”; perante a insistência do Álvaro em prosseguir com a sua apresentação o Gaspar pôs fim à prelecção do Álvaro perguntando-lhe secamente “qual das três palavras não percebeu?”. Num governo com um primeiro-ministro e onze ministros, um fez de parvo, outro de sacana, o primeiro-ministro de banana e um quarto personagem adoptou o papel de “garganta funda”, tudo para desprestigiar o ministro da Economia.
Mas parece que o destino está a favorecer o Álvaro e os que tentavam dar desta pobre alma a imagem do idiota, promovendo o Gaspar a um novo Salazar do rigor nas contas públicas dos tempos modernos, estão agora invertendo os papeis.
O tal Gaspar que tinha sentido de humor é agora o antipático que ninguém vê e se rodeou de um batalhão de homens, armados e de detectores de metais para se proteger dos seus concidadãos, só lhe falta encher o Terreiro do Paço de barreiras de arame farpado. O homem rigoroso deu lugar a um ministro que ainda antes de aprovado um orçamento já admitia a necessidade de um futuro orçamento rectificativo. O economista infalível fez um orçamento com base numa previsão de contracção económica inspirada nos conhecimentos de econometria da Santinha da Ladeira.
Agora que a economia borregou, que o simpático Gaspar deu lugar ao perseguidor de jornalistas indiscretos e que as previsões do ministério das Finanças têm dignidade suficiente para serem publicadas como anexo do Borda d’Água, eis que emerge no meio da incompetência governamental um Álvaro renovado. Parece que agora já há dinheiro e não faltará muito para que o garganta funda venha contar ao amigo jornalista alguma piada dirigida pelo Álvaro ao Gaspar, porque como diz o povo "cá se fazem, cá se paga".
Quando o Gaspar falha nas previsões, enterra-se na imagem de Salazar de pacotilha, fica com bicos de papagaio de tanto se curvar perante o paralítico alemão, o Álvaro torna-se na vedeta do governo. A verdade é que agora é o Álvaro que está na moda enquanto o Gaspar se afunda na fossa, o ministro das Finanças bem que pode tentar recuperar escrevendo artigos na revista Visão, agora é o Álvaro, o tal que foi achincalhado em plena reunião do conselho de ministros, que dá nas vistas, depois da concertação social aparece agora com as medidas para o emprego.
Um dia destes ainda será o Álvaro a perguntar ao Gaspar qual das três palavras não percebeu, competência, rigor ou democracia?