Depois da euforia de gente desastrada e imprevidente que imaginava ser possível fazer uma revolução social em dois anos e a coberta da crise financeira começam a surgir os primeiros sinais de nervosismo. Todos desejam a renegociação do memorando ante que o país se afunde mas a cobardia leva-os a desejar que a iniciativa parta da Europa, todos estão em pânico com o aumento do desemprego mas armam-se em fortes e dão ares de estarem a controlar a situação, a contracção económica é maior do que o previsto mas agarram-se a previsões hilariantes da Comissão europeia, sabem que a receita fiscal vai ficar muito aquém do esperado mas esperam que a Europa tome a iniciativa de um segundo resgate antes de demitirem o Gaspar por incompetência, falta de rigor e autoritarismo. Até o FMI já percebeu o falhanço e vai substituir o seu centurião local.
O governo já não governa, faz de conta que governa e está mais preocupado em controlar a comunicação social do as contas públicas, acompanha com mais atenção as sondagens do que os indicadores económicos, o próprio Passos Coelho que pôs fim ao Carnaval anda agora vestido de uma espécie de Zorro corajoso, devidamente protegido por meia dúzia de metralhadoras Uzi, para fazer o Presidente da República passar por cobarde.
O governo prepara o terreno para um segundo resgate justificando-o com a crise financeira europeu e ilibando-se de culpas. O mesmo governo que forçou Sócrates a pedir ajuda recusa-se agora a admitir que tem de o fazer, os mesmos que ignoraram a crise internacional usam-na agora para iludir as suas responsabilidades na destruição acelerada da economia portuguesa. Depois de seis meses com a dupla Gaspar e Passos Coelho a dizer mata e com ao troika a dizer esfola, assiste-se a uma estratégia cobarde. O Gaspar desapareceu, o Passos deixou de dar entrevistas, o rapaz do FMI perante o qual todo um país se curvou como se fosse o dono do dinheiro emprestado deu o fora, é o Relas e o Gaspar que dão o corpo às balas.
Mas a verdade é que crise internacional à parte este governo tem sido mau, incompetente e irresponsável. Em vez de estarem preocupados com o emprego encheram páginas do Diário da República com o emprego de boys, em vez de limitarem ao máximo as consequências negativas da austeridade optaram por inventar desvios e outras mentiras para multiplicar as medias de austeridade. Chega-se ao ridículo de vermos uma ministra da Agricultura referir-se apenas duas vezes a uma seca que vai atira muitos milhares de portugueses para a fome, e nas duas vezes que falou sobre o assunto não divulgou nenhuma medida, limitou-se a afirmar a sua crença no Todo Poderoso e tranquilizando os agricultores porque sendo ela uma modesta serva do Senhor crê na compensação divina e acredita que ainda vai chover.
O mesmo governo que conduziu a economia ao beira do abismo e a sociedade à beira de um colapso tem agora como solução um “se Deus quiser”. Se Deus quiser choverá e deixará de haver seca, se o Deus alemão quiser haverá um segundo resgate a tempo de evitar a bancarrota, se o Deus Relvas quiser a RTP será distribuída pela comunicação social deverá continuar a andar na linha, até porque como se viu com o caso do Gaspar jornalista que belisque o governo leva nas trombas.