sábado, fevereiro 11, 2012

Manif

Ainda não é desta que vou à manif da CGTP, mas confesso que tive alguma vontade de o fazer, sinto-me um pouco como um católico que na falta de uma igreja da sua confissão opta por rezar numa igreja protestante, à falta de oposição por parte da esquerda não conservadora se quiser juntar-me a outros portugueses que protestam contra os excessos e prepotências oportunistas do governo de Passos Coelho resta-me juntar aos manifestantes da CGTP.

Até porque depois da UGT se ter reduzido à defesa dos interesses dos sindicatos dos bancários a CGTP conseguiu aquilo que há muito tentou, ter o exclusivo do sindicalismo. A central do Proença comporta-se como parte do memorando com a troika e até aceita todos os excessos de austeridade e parece estar mais vocacionada para organizar o chá das cincos do que para mobilizar os trabalhadores em defesa dos seus mais elementares direitos.

Só não vou porque se tivesse o azar de ficar ao lado de um Mário Nogueira ainda poderia sujar o manifestante da frente com o meu vómito. O líder sindical dos professores promoveu uma oposição doentia a Sócrates porque a Lurdinhas reduziu o número de sindicalistas que viviam à custa dos professores, mas apoiou uma série de medidas deste governo que resultarão no despedimento de milhares de trabalhadores.

Não tenho dúvidas de que os sentimentos da maioria dos manifestantes que estarão hoje no Terreiro do Paço são genuínos, mas uma boa parte dos líderes sindicais e partidários que estarão no palco deveriam pedir desculpa aos manifestantes e aos trabalhadores portugueses por terem levado ao colo até ao poder o pior governo que Portugal já teve.

Se gente como Mário Nogueira tivesse a dignidade que devem ter os líderes sindicais e partidários abster-se-iam de se armarem em grandes opositores do governo da direita, foram eles os seus principais apoiantes e a presença de Mário nogueira na Madeira a apoiar o Alberto João, já depois de ter ajudado a direita a chegar a São Bento e de apoiar várias medidas do Crato.

Se não estou na manif não é por falta de vontade de estar ao lado da maioria dos que lá estão, mas sim porque a elite da esquerda conservadora me enoja. Mas se o Seguro continuar armado em apêndice do Passos Coelho não hesitarei em juntar-me a uma mnifestação da CGTP, mesmo que isso possa fazer lembrar um católico a entrar numa mesquita para rezar.