Quando já se vaticinava um futuro político prometedor para Vítor Gaspar, o director do “i” até ‘excrevia’ (com x porque a escrita do senhor era um verdadeiro excremento) artigos exaltados exigindo o ressurgimento do Estado Novo e do Salazar na figura do actual ministro da Finanças, assistimos à decadência acelerada do grande defensor do empobrecimento dos pobres e de uma política pode ser designada por pinochetada económica.
A carta assinada por Vítor Gaspar e Miguel Relvas, que era dirigida aos autarcas mas por questões de poupança em vez de serem usados os serviços dos CTT optou-se pela agência Lusa, revela o fim da política económica assente nos manuais de Chicago, agora a política económica é desenhada pelos goebelzinhos do Relvas, é propaganda.
Aliás, desde que o Vítor Gaspar previu para 2012 uma contracção económica na ordem dos 2012 que se percebe que as orientações do ministério das Finanças já não assentam em conclusões testadas em modelos econométricos, agora o rigor das previsões económicas assenta na intervenção da Santinha da Ladeira.
Se os americanos se arriscam a ser liderados por um mórmon por cá o governo parece estar cada vez mais inspirado na Santinha da Ladeira, desde a ladainha colectiva a pedir que o crescimento regresse em 2013, algo que a suceder seria um milagre tão grande que teria sido o quarto segredo de Fátima, até às preces da ministra que entregou a agricultura aos cuidados do criador, temos um governo que está a deixar de ser mais troikista do que a troika para ser mais crente do que o cardeal.
O governo é cada vez menos marcado pelo rigor e suposta competência do Gaspar para viver da propaganda e da crendice, o próprio ministro das Finanças parece ter esquecido o que aprendeu nas aulas de religião e moral da Universidade Católica, uma cadeira que até contou para a usa média de curso (algo que não sucede no secundário), e aposta agora em palpites e crendices, uma mistura entre os métodos propagandísticos do Relvas e dos seus goebelzinhos com a crença na Santinha da Ladeira.
Os que criticavam o governo anterior de excesso de optimismo apostam agora nesse mesmo optimismo numa tentativa de desastrada de evitar o naufrágio da economia portuguesa. O governo faz lembrar a orquestra do Titanic que não parou de tocar enquanto o navio se afundava. Este governo que durante meses quase proibiu a alegria como os talibans fizeram no Afeganistão, agora que perceberam que o país se afunda respiram alegria por todos os poros, numa tentativa desastrada de melhorar as expectativas dos consumidores e evitar o inevitável.
Primeiro promoveram o empobrecimento forçado, asfixiam o mercado interno e inventam desvios para justificar novas vagas de austeridade. Agora que percebem as consequências do que fizeram não querem admitir o fracasso, mantêm-se firmes e hirtos na defesa da sua política enquanto tentem vender expectativas positivas na esperança de que os consumidores e investidores consigam corrigir as consequências das suas políticas.
Só que este discurso em que se mistura crendice e propaganda não tem o mínimo de seriedade para convencer os agentes económicos, depois de tanta asneira só mesmo a Santinha da Ladeira nos pode valer, porque já se viu que a Santinha de Berlim nem “santinhos” nos dá.