O que une estalinistas, nazis, fascistas das diversas matizes e o clero mais conservador? Poucos motivos conseguem unir tantos defensores da liberdade como o ódio à maçonaria, todos eles se dedicaram ao longo da história a eliminar maçons, Hitler obrigou-os a andar identificados com um triângulo vermelho, mandou-os para os campos da morte e eliminou-os, a Santa Inquisição perseguiu-os e condenou-os à fogueira, Estaline eliminou-os de forma rápida e sumária, sem se dar ao trabalho de os identificar ou mandar para campos da morte.
Portugal foi um dos países campeões da perseguição à Maçonaria, começou cedo com a Santa Inquisição e acabou tarde, graças ao 25 de Abril. Com tanta perseguição, com tanta campanha por parte da Igreja Católica ou por parte do antigo regime não admira que na sociedade portuguesa haja uma cultura anti-maçonaria, agravada recentemente com algumas crendices promovidas pelos teóricos da conspiração.
Quando em Portugal se deveria discutir o contributo de muitos maçons para o progresso do país nas suas mais diversas áreas, desde a democracia e liberdade às ciências, promove-se mais uma campanha cega contra a maçonaria. Inventam-se poderes ocultos, conspirações, rituais maléficos e tenta-se estigmatizar tudo o que cheire a maçon. Até há políticos que defendem a solução nazi da identificação pública de gente tão perigosa.
Ao que parece os maçons pertencem a organizações secretas que visam a manipulação do poder e o enriquecimento pessoal dos seus membros. A prova disso é o rapaz das secretas e o seu patrão da Ongoing. Mas será que a maçonaria é mais secretas que muitas das nossas boas famílias mais poderosas, sejam os Espírito Santo ou os Ulrich, far-se-ão e uilizar-se-ão mais cunhas numa loja maçónica do que na família dos Teixeira Pinto que nos últimos tempos empregou mais gente da família do que qualquer centro de emprego de Lisboa?
Será a Maçonaria mais opaca do que a Opus Deis, tanto quanto se sabe dos maçons exige-se o respeito de um código de valores e servir a sociedade, enquanto os membros da Opus Dei estão obrigados a muitas rezas, algumas auto-flagelações e promover a evangelização nos seus locais de trabalho. Basta uma busca no Google para se perceber que é mais fácil saber o que se passa na Maçonaria do que na Opus Dei, há mais maçons conhecidos do que membros da Opus Dei. Se querem obrigar os maçons a identificar-se porque não obrigam os ministros que pertencem à Opus Deis a declararem publicamente tal vínculo? Que se saiba o facto de pertencer à Opus Dei condiciona mais a acção de um ministro, veja-se o exemplo da pasta da Saúde, onde as convicções religiosas extremistas podem colidir com muitos dos valores da sociedade de hoje.
Todos sabemos que quem se mete com alguns lóbis, famílias ou organizações secretas leva, não percebo, portanto, o porquê de tanta animosidade contra a maçonaria, a não ser porque há muitos ódios antigos, muitas vinganças por concretizar, muitos problemas por resolver.
PS: Não pertenço à maçonaria, não conheço ninguém que pertença à maçonaria e estou me nas tintas para saber quem pertence ou não pertence. Não tenho a mais pequena intenção de usar avental da mesma forma que não uso gravata nem outras peças de vestuário idiotas e sem sentido. Aliás, os aventais ainda dão jeito, seja para cozinhar ou para ferrar muitos cavalos, burros e outro tipo de bestas que por aia andam.