quarta-feira, fevereiro 22, 2012

Firmes e hirtos a caminho do precipício


Os mesmos que tudo fizeram para forçar o governo anterior a pedir ajuda extrema fogem agora de um segundo resgate inevitável como o diabo foge da cruz. Dantes como agora o problema situa-se no euro e nos mercados financeiros, Sócrates adiou um pedido de ajuda externa que seria concedido contra a troca da soberania na esperança de a Europa encontrar uma solução. A mesma direita que preferiu prejudicar o país apostando na sua bancarrota faz agora o que impediu José Sócrates e adia o inevitável na esperança de que os mercados se esqueçam das fragilidades do euro.
  
Passos Coelho e Vítor Gaspar continuam firmes e hirtos assegurando que não será necessário qualquer reajustamento, esta pose de firmeza só foi estragada por um jornalista da TVI que decidiu mostrar um ministro das Finanças curvando-se e agradecendo humildemente a oferta alemã para um segundo resgate. A subserviência perante a estratégia alemã é tal que o país europeu que mis carece de crescimento económico não assinou a carta de vários dirigentes europeus pedindo ao Conselho Europeu uma aposta no crescimento.
Até aqui tem corrido muito bem, as medidas de austeridade foram adoptadas, a EDP foi vendida aos chineses, a administração fiscal foi desorganizada e desestabilizada em nome de uma falsa fusão da qual não resultou qualquer poupança. Os senhores da troika estão aí para dizer que está tudo conforme o combinado, o governo português foi tão bom aluno que até sacrificou o seu povo muito para além do exigido e sem qualquer contrapartida.
  
O problema é que os senhores da troika não fazem previsões e a que  o Vítor Gaspar fez aquando da elaboração do OE foi uma falsidade, a contracção económica será muito superior aos 2,8% com base nos quais foi elaborado o OE. Ainda as medidas de austeridade mal se fazem sentir e já as receitas fiscais estão em queda livre, os impostos directos caem a pique e o aumento das receitas do IVA estão aquém do esperado. Imagine-se quando todas as medidas se fizerem sentir, incluindo as consequências da actualização do valor dos imóveis e a lei do arrendamento.
  
Se a dimensão e consequências reais dos excessos de austeridade começam a ser evidentes, o risco de falência generalizada das PME que têm dificuldades em aceder ao crédito ou que são vítimas da política de empobrecimento forçado e, em consequência, da contracção do mercado interno, está por prever. Quando seria de esperar que o governo estivesse preocupado com este problema continuamos a ver um Paulo Portas a falar da diplomacia económica como se estivesse numa discoteca e um Álvaro preocupado com o cluster do pastel de nata.
  
O país está a caminhar para o precipício e o governo está firme e hirto na defesa de metas em quem já ninguém acredita, gerindo um OE assente em falsos pressupostos e apoiando-se numa troika de idiotas cujos sorrisos amarelos já ninguém consegue suportar.