Os mesmos que tudo fizeram para forçar o governo anterior a
pedir ajuda extrema fogem agora de um segundo resgate inevitável como o diabo
foge da cruz. Dantes como agora o problema situa-se no euro e nos mercados
financeiros, Sócrates adiou um pedido de ajuda externa que seria concedido
contra a troca da soberania na esperança de a Europa encontrar uma solução. A
mesma direita que preferiu prejudicar o país apostando na sua bancarrota faz
agora o que impediu José Sócrates e adia o inevitável na esperança de que os
mercados se esqueçam das fragilidades do euro.
Passos Coelho e Vítor Gaspar continuam firmes e hirtos
assegurando que não será necessário qualquer reajustamento, esta pose de
firmeza só foi estragada por um jornalista da TVI que decidiu mostrar um
ministro das Finanças curvando-se e agradecendo humildemente a oferta alemã
para um segundo resgate. A subserviência perante a estratégia alemã é tal que o
país europeu que mis carece de crescimento económico não assinou a carta de
vários dirigentes europeus pedindo ao Conselho Europeu uma aposta no crescimento.
Até aqui tem corrido muito bem, as medidas de austeridade
foram adoptadas, a EDP foi vendida aos chineses, a administração fiscal foi
desorganizada e desestabilizada em nome de uma falsa fusão da qual não resultou
qualquer poupança. Os senhores da troika estão aí para dizer que está tudo
conforme o combinado, o governo português foi tão bom aluno que até sacrificou
o seu povo muito para além do exigido e sem qualquer contrapartida.
O problema é que os senhores da troika não fazem previsões e
a que o Vítor Gaspar fez aquando da
elaboração do OE foi uma falsidade, a contracção económica será muito superior aos
2,8% com base nos quais foi elaborado o OE. Ainda as medidas de austeridade mal
se fazem sentir e já as receitas fiscais estão em queda livre, os impostos
directos caem a pique e o aumento das receitas do IVA estão aquém do esperado.
Imagine-se quando todas as medidas se fizerem sentir, incluindo as
consequências da actualização do valor dos imóveis e a lei do arrendamento.
Se a dimensão e consequências reais dos excessos de
austeridade começam a ser evidentes, o risco de falência generalizada das PME
que têm dificuldades em aceder ao crédito ou que são vítimas da política de
empobrecimento forçado e, em consequência, da contracção do mercado interno,
está por prever. Quando seria de esperar que o governo estivesse preocupado com
este problema continuamos a ver um Paulo Portas a falar da diplomacia económica
como se estivesse numa discoteca e um Álvaro preocupado com o cluster do pastel
de nata.
O país está a caminhar para o precipício e o governo está firme e hirto
na defesa de metas em quem já ninguém acredita, gerindo um OE assente em falsos
pressupostos e apoiando-se numa troika de idiotas cujos sorrisos amarelos já
ninguém consegue suportar.