quinta-feira, fevereiro 23, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Amolador motorizado (e benfiquista) em Alfama, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Aldeia de Monsanto [A. Cabral]
   
Jumento do dia


Assunção Cristas

Já se sabia que a ministra que saiu em sortes aos desgraçados dos agricultores portugueses é cristã, mais exactamente católica, apostólica, romana, como manda o figurino para os lados do CDS. Mas o que nos preocupa não é o facto de ser uma militante católica, convenhamos que para as boas famílias portuguesas isto é uma qualidade, pecadora seria a senhora se pertencesse a alguma agremiação secreta, a senhora deve usar avental mas graças a Deus que é para lavar a louça e não para rituais pecaminosos. Nem sequer o facto de ter chegado a ministra de coisas com a agricultura e o ambiente pelo seu desempenho na luta contra o aborto. O que preocupa nesta ministra é o facto de confundir confunde o ministério com uma capela, entregando os destinos dos agricultores portugueses à intervenção divina,  reduzindo a política agrícola portuguesa a um "se Deus quiser".

Esta ministra tem-se notabilizado pela defesa de um aumento da produção nacional, não explicando nem como, nem do quê, deixando a ideia de que tal como o Álvaro sugere o cluster do pastel de nata ela defende o cluster da couve galega. Mas pela forma como intervém no sector, é a segunda vez que confia na ajuda divina para combater a seca, fica-se com  a impressão de que com esta ministra resta aos agricultores portugueses dedicarem-se aos cogumelos e aos espargos selvagens, sempre arranjam alguma coisa para comerem.

«"Devo dizer que sou uma pessoa de fé, esperarei sempre que chova e esperarei sempre que a chuva nos minimize alguns destes danos. Como é evidente, quanto mais depressa vier, mais minimiza, quanto mais tarde, menos minimiza. Se não vier de todo, não perderei a minha fé mas teremos obviamente de atuar em conformidade", acrescentou a ministra do Ambiente, do Mar, da Agricultura e do Ordenamento do Território.
  
Assunção Cristas repetiu várias vezes que o Governo já criou há várias semanas uma "task force", que integra diversos organismos oficiais, que estão por sua vez em contacto com as associações do setor, para "monitorizar", "sinalizar" e "fazer a previsibilidade dos prejuízos" relacionados com os efeitos da seca na Agricultura, recusando a ideia de que não considerar este problema grave, como afirmaram os deputados socialistas.» [DN]

O nosso primeiro bem podia cantar um tema das Doce ou mesmo uma morna

   
 

O teste à terapia da austeridade

«A União Europeia e o euro foram construídos para garantir o entendimento e a compreensão entre povos europeus que quase se destruíram durante a primeira metade do século XX. Os actuais políticos de vistas curtas e banqueiros gananciosos prometem destruir mais de meio século de conquistas.
   
É já um lugar comum alertar para as virtudes da construção europeia e os vícios dos que hoje estão a determinar o seu trágico destino. O problema dos lugares comuns é que deixam de ser ouvidos. E como já ninguém os ouve, as ameaças de morte ao lugar comum são tragicamente ignoradas.
  
Estamos todos tão cansados desta crise. Tão fartos das reuniões de horas em Bruxelas que terminam invariavelmente com anúncios de medidas de austeridade para parte da população europeia, um ou outro insulto aos hábitos culturais de um povo e declarações desastradas de burocratas europeus protegidos dos cortes salariais e do desemprego. (A propósito, eurodeputados e funcionários europeus, não seria altura de aplicarem também algumas medidas de austeridade nas instituições europeias?)
  
De segunda para terça-feira assistimos a mais uma dessas maratonas europeias. Treze horas de reunião entre os ministros das Finanças dos países do euro para se chegar a uma solução para a Grécia imediatamente colocada em dúvida pelos analistas e pelos relatórios oficiais secretos que chegam à praça pública. Ainda o encontro não tinha terminado e já o Financial Times revelava uma análise da troika onde se demonstra que este empréstimo de 130 mil milhões de euros à Grécia - que se soma aos 110 mil milhões de euros de 2010 - pode não ser suficiente.
  
A fase do "pode não ser suficiente" para a Grécia, ainda antes dos ministros das Finanças assinarem o acordo, é seguida por: "quem é o próximo?" E adivinhem quem começa de novo a aparecer no radar? Claro, Portugal. Os números não provam (ainda?) que Portugal poderá seguir o destino da Grécia. Mas isso pouco importa. Aquilo em que ninguém acredita é na terapia que está a ser seguida por Bruxelas e Washington.
  
A austeridade deveria gerar a confiança, que atraia o capital financeiro, que baixaria os juros, que aumentava o investimento empresarial, que recuperava o crescimento. Este é o circulo virtuoso subjacente à terapia aplicada na Grécia, Irlanda, Portugal, a que se seguiram a Espanha e Itália. Mas a terapia virtuosa transformou-se num circuito infernal, num buraco negro que engole milhares de milhões de euros.
  
A confiança consegue ganhar-se antes de se destruir a economia. Esta é a hipótese básica para o funcionamento do círculo virtuoso da terapia da austeridade. E foi isso que não aconteceu na Grécia e pode não acontecer nem em Portugal, nem na Irlanda. A austeridade foi destruindo a economia, as empresas doentes mas também as saudáveis. E a confiança, com o seu capital, nunca chegou. Hoje a Grécia tem quase 20% da população activa desempregada e Portugal tem 14% tal como a Irlanda.
  
A Grécia entrou numa espiral recessiva, no círculo vicioso de destruição de valor. Há praticamente um ano, em Março de 2011, a troika fazia a sua terceira avaliação à execução do programa da Grécia e dizia o FMI que estavam a ser concretizados "progressos" no sentido do "crescimento sustentável baseado no reforço da competitividade". Poucos meses passados, os gregos vivem um pesadelo inimaginável.

O dedo da culpa (ainda) está a ser apontado aos gregos. Mas pode virar-se para a troika. A Irlanda e Portugal estão agora a entrar na fase do programa em que a Grécia começou a falhar. A terapia da austeridade enfrenta o seu teste final e com ela a troika, a União Europeia e o euro.» [Jornal de Negócios]

Autor:

Helena Garrido.
    

O provedor do ouvinte vai ser corrido em breve

«O provedor do ouvinte da Antena 1, Mário Figueiredo, admitiu hoje que a decisão de acabar com a rubrica em que participava o cronista Pedro Rosa Mendes resultou de um ato "ilícito, prepotente e arrogante".
  
"Considero, principalmente depois da audição de ontem [terça-feira], que tudo indica que houve um ato prepotente, arrogante, por parte de quem tinha decisão de acabar com o programa. Se isto configura um ato ilícito, estou convencido que sim", afirmou Mário Figueiredo na comissão parlamentar para a Ética, Cidadania e Comunicação, no Parlamento.» [DN]

Parecer:

A tirar conclusões destas o provedor está a convidar Miguel relvas a correr com ele.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aposte-se que o provedor não vai aguentar muito tempo no cargo.»
  
A anedota do dia

«Vítor Gaspar disse que as duas operações revelam que a economia portuguesa "oferece boas oportunidades de negócios a investidores de todas as partes do mundo", na cerimónia de assinatura dos contratos de promessa de compra e venda de uma participação pública de 40 % na gestora das redes energéticas.» [DN]

Parecer:

Este Gaspar tem um excelente sentido de humor.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao embaixador da China se riu muito com a última piada do ministro português das Finanças.»
  
Gente que ganha acima das possibilidades

«Em Portugal, 44% das famílias com uma pessoa com mais de 65 anos têm dificuldades financeiras em manter a casa adequadamente aquecida. Os resultados são de um estudo da OMS sobre o impacto das desigualdades sociais e económicas nos fatores de risco para a saúde.» [DN]

Parecer:

É por abusarem tanto do consumo de electricidade e gás que o Gaspar aumentou o IVA sobre a energia e sobre os bens alimentares.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Que comam menos e usem mais cobertores!»
  
As agências de notação já são umas marotas

«O presidente do CDS-PP, Paulo Portas, escreve no prefácio do livro "O Poder das Agências", de Diogo Feio e Beatriz Soares Carneiro, que as agências de notação saem "misteriosamente incólumes" da crise financeira e defende novos "métodos de funcionamento".
  
No prefácio do livro, que vai ser apresentado na quinta-feira em Lisboa, Paulo Portas refere-se a um recente relatório sobre as agências de notação financeira para afirmar que se tratam de organismos que desempenham um papel principal desde o início da crise mas que, ao contrário de outras instituições, ainda não foram responsabilizadas.» [DE]

Parecer:

Portas no seu melhor cinismo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»
  
Juros aplicados a POrtugal e Irlanda não deverão baixar

«Os países do Eurogrupo decidiram baixar, na segunda-feira, os juros dos empréstimos bilaterais à Grécia, de 3,5% para cerca de 2%, depois de já ter havido uma redução anterior dos juros exigidos a Atenas no quadro do primeiro resgate de 110 mil milhões de euros, concedido em abril de 2010.
   
"Não tenho conhecimento de nenhumas reflexões desse género referentes a Portugal e à Irlanda", disse Seibert, lembrando que a aplicação dos programas de ajustamento financeiro negociados por Lisboa e Dublin com a chamada 'troika' "tem tido uma avaliação positiva, especialmente no que toca à Irlanda".» [DE]

Parecer:

Note-se a diferença de avaliação feita quando se compara a Irlanda com Portugal.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento ao Gasparoika.»