segunda-feira, fevereiro 20, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Alfama, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


"Liquidação total", Sesimbra [A. Cabral]
    
Jumento do dia


Alberto João

Longe vão os tempos de arrogância e de fartura de Alberto João, quando barafustava contra a terceira República e se queixava do colonialismo, agora limita-se a gozar o Carnaval "teso mas bem disposto". Enfim, um pateta alegre à frente dos destinos de uma região.
 
«"Teso mas bem disposto", afirmou Alberto João Jardim, ontemo, ao ser confrontado pela comunicação social com a participação num Carnaval em tempo de austeridade.

Parco em palavras, o presidente do Governo Regional da Madeira disse também sentir "saudades" de quando participava no cortejo, mas não recusou um passo de dança e uns batuques quando solicitado pela trupe da Caneca Furada.» [DE]

 Começamos a entender Cavaco

Se Cavaco Silva não os teve para enfrentar uma manifestação de pirralhos do ensino secundário que protestavam contra os preços dos passes, como é que iria enfrentar o governo de Passos Coelho e Relvas e mandar o OE para o Tribunal Constitucional?
 
Enfim, Portugal tem um comandante geral das forças armadas que foge de meia dúzia de jovens a manifestar pacificamente contra o governo.
   
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 Manolis Glezos

«Na noite em que Atenas voltou a arder, Manolis Glezos foi barrado pela polícia quando pretendia entrar no parlamento. Ele queria desafiar os deputados gregos a que não se ajustassem a uma qualquer voz de comando, a que não vacilassem perante as notícias de que a Alemanha,a Finlândia e os Países Baixos estavam a "perder a paciência" com a Grécia. Manolis, o octogenário de bigode branco e olhos azuis disse com a dignidade de um velho resistente aquilo que Venizelos, o ministro das Finanças, entredisse mais tarde, na outra margem do desespero : "Há vários países que já não nos querem".



Esta constatação de que a Europa das contas certas se dá ao luxo de descartar uma das suas partes como se apagasse uma parcela errada, esta ideia de que o controlo da dívida justifica o abandono de valores estruturantes, fundadores, da própria ideia de Europa, é já explicitada com o despudor e a desfaçatez dos cobradores de fraque.


Karolos Papoulias, o presidente grego (tal como Manolis Glezos, um velho resistente) não se sentiu diminuido pelo poder meramente simbólico do cargo. Ontem, veio lembrar-nos que os europeus lutaram juntos no passado. E fez a pergunta que dança como um nó na garganta dos europeus de cabeça levantada: "Quem é o senhor Schauble para insultar a Grécia?".


Ora desse passado em que os europeus lutaram juntos há, ainda, mesmo que aparentemente residuais, contas por saldar. Foi o que Manolis Glezos gritou á porta do parlamento na noite em que Atenas voltou a arder. Ele lembrou que Hitler obrigara o Tesouro grego a emprestar dinheiro ao III Reich. 100 milhões de euros, às contas de hoje. Berlim pagou dívidas semelhantes a outros países, depois da guerra. Mas nunca saldou a dívida que tem perante a Grécia, agora "descartável". Quem é o senhor Schauble para insultar a Grécia, pergunta, fazendo contas, lembrando créditos antigos, o velho resistente Manolis Glezos. Quem é este homem? É aquele que num certo 30 de Maio de 1941, retirou a bandeira nazi da Acrópole.


De Gaulle chamou-lhe "o primeiro partisan da Europa".


Há tempos, juntamente com Mikis Teodorakis, fundou um movimento contra o memorandum. Escorados na memória e nos valores que fundaram a Europa, Manolis Glezos e Mikis Teodorakis, ambos antigos resistentes e antigos deputados, estiveram à porta do parlamento, na noite em que Atenas voltou a arder. Diante da força policial que os barrou, eles repetiram Zorba, o Grego, a cena em que Zorba abre os braços e grita para o companheiro: "Alguma vez viste um desastre mais esplêndido?"


Zorba, o que dança na praia de Stravos, levado pela música de Teodorakis. Chamavam-lhe "Epidemia". Porque espalhava o caos.» [TSF]
    
 O estigma da função pública

«Há um patrão um patrão que não gosta dos seus empregados ou, se gosta, desconfia que tratá-los mal é a melhor forma de garantir o aumento da produtividade. Contra estes funcionários há muitos anos que existe uma campanha para que eles sejam vistos como malandros que vivem dos nossos impostos e nos tratam com desprezo. Quando eles não nos complicam a vida, já conseguimos uma vitória. São cada vez mais e fazem parte de uma clientela partidária. É esta imagem que fomos construindo.

Como se não chegasse, com o actual Governo, também pusemos no currículo destes funcionários um vencimento acima da média e excesso de regalias. Por causa disto, o Executivo decidiu confiscar- -lhes os subsídios de férias e de Natal e, agora, quer retirar-lhes as regalias que justificaram o confisco.

É verdade que há na função pública quem não mereça o emprego que tem, mas também há no sector privado. Em nenhum dos sectores a generalização é boa política. Já estou a ficar cansado de ver serem tratados com os pés os portugueses de quem eu preciso para que ao País funcione. Funcionários públicos são os professores que ensinam os nossos filhos, são os médicos e os enfermeiros que cuidam da nossa saúde, são os magistrados, os polícias e os juízes que garantem a justiça... Ora, convinha que parássemos um bocadinho para pensar no que andamos a fazer. Queremos uma função pública desmotivada? Queremos funcionários públicos que vivem com o estigma de serem trabalhadores de segunda?

Não tardará o dia em que só quererá ser funcionário público quem não tiver competência para trabalhar no privado. Haverá problema na Saúde e na Educação públicas, mas esses são sectores em que há uma aposta clara na privatização. Na Segurança e na Justiça não estou sequer a ver como resolvem o problema.

Na mira de cortar a despesa pública, os funcionários públicos foram apontados como principal problema. A eles cabe-lhes pagar por todos os pecados do País. De tal forma que a boa decisão do Governo de não considerar feriado o dia de Carnaval aplica-se quase em exclusivo aos funcionários públicos. Para os outros há contratos colectivos a dar folia, como que a provar que afinal as tais regalias não são em excesso comparadas com o privado. Afinal, a grande diferença está no patrão que cada um tem. O patrão dos funcionários públicos tem a faca e o queijo na mão, pode mudar a lei a seu bel-prazer. Lá chegará o dia em que haverá despedimentos na função pública.» [DN]

Autor:

Paulo Baldaia.
  
 O poder e a rua

«ela eleição, o Presidente da República faz-se símbolo vivo da unidade do Estado. E nessa qualidade são-lhe devidas as honras e as deferências de quem constitui a República feita pessoa. Mas pela eleição, qual contrato de mandato, é instituído, também, Presidente de todos os Portugueses – dos que votam e dos que se abstêm, dos que são eleitores e dos demais.

As guardas de honra rendem homenagem ao Presidente-símbolo; as seguranças protegem-no. Mas entre o Presidente mandatário e os Portugueses não pode haver nem cerimónia, nem barreiras. Sobretudo quando os representados querem pedir contas do mandato, protestar pelo seu mau exercício ou pedir mediação junto dos outros Poderes. Quando isso acontece, é o contrato entre o Presidente e os Portugueses que se quebra. Foi o que aconteceu quando, a centenas de metros da escola que ia visitar, e onde era esperado por uma manifestação de jovens contestatários, Cavaco voltou para Belém. Por impedimento da função. Julga o Palácio que alguém acredita?
 
Quando o Poder teme a rua, a rua toma o Poder.» [CM]

Autor:

Magalhães e Silva.
    

 Incompetência

«Ontem, quando questionado directamente pelo PÚBLICO sobre se as taxas de retenção eram para ser aplicadas retroactivamente, o gabinente de assessoria de imprensa do Ministério das Finanças respondeu, por email, que "sim, as tabelas aplicam-se à totalidade do ano de 2012", não tendo sido esclarecido de que forma é que as empresas o deveriam fazer. Hoje, depois de publicada a notícia na edição impressa do PÚBLICO, o mesmo gabinete enviou uma nota afirmando que "as tabelas de IRS aplicam-se a todo o ano de 2012, a partir da entrada em vigor do diploma".

A questão colocou-se porque, ao contrário do que aconteceu em anos anteriores, o despacho do ministro das Finanças que anunciou as tabelas de retenção para 2012 deixou de incluir a indicação habitual de que não há aplicação retroactiva a Janeiro das novas taxas. Por exemplo, em 2011, era explicitamente afirmado que o diploma apenas "produz efeitos no dia seguinte ao da sua publicação", aplicando-se "a rendimentos que venham a ser pagos ou colocados à disposição dos respectivos titulares a partir de 15 de Fevereiro".» [Público]

Parecer:

Neste ministério das Finanças grassa a incompetência disfarçada por arrogância.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»
  
 Portas demarca-se do PSD no Porto

«Na sexta-feira, Paulo Portas garantia que "está de alma e coração com a câmara do Porto e o seu presidente", Rui Rio, mas o seu partido em 2013 tem "toda a liberdade estratégica para definir" a melhor opção nas autárquicas. O PSD não gostou da "forma pouco dialogante" do parceiro de coligação e dá hoje resposta ao líder do CDS-PP.

"Lamentamos que o dr. Paulo Portas, com altas responsabilidades governativas, não esteja preocupado com a defesa da coesão nacional e perca tempo a alimentar polémicas estéreis", diz Ricardo Almeida, presidente da comissão política do PSD da Cidade do Porto.» [DN]

Parecer:

Digamos que não está disposto a fazer o jeito ao Menezes.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»
  
 Portugal terá de renegociar a dívida

«Mesmo crescendo 2% ou 4% ao ano, não dá. Portugal está numa “situação crítica” e vai ter de renegociar com os credores um desconto de "33% a 50%" da sua dívida pública, diz um estudo do Instituto Kiel para a Economia Mundial, um conceituado centro de investigação da Alemanha.

A dívida da República portuguesa está hoje perto dos 200 mil milhões de euros, o que significa que, na pior das hipóteses, o Governo teria de renegociar cerca de 100 mil milhões, perto de 58% do produto interno bruto (PIB).

De acordo com os economistas David Bencek e Henning Klodt, “será inevitável um haircut radical” em Portugal, Itália e Irlanda. Por esta ordem. Na Grécia também, mas o caso é tão grave (está a caminho da bancarrota total) que é tratado à parte.

O “haircut” não é mais que um desconto substancial concedido pelos credores após negociação dos termos dos empréstimos contraídos pela República Portuguesa de modo a viabilizar o cumprimento – redução das taxas de juro, pagamento em prestações mais suaves, obter um prazo de amortização mais alargado, por exemplo.» [Dinheiro Vivo]

Parecer:

É uma questão de tempo e este depende do crescimento e das taxas de juro.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»
  
 A classe média que se cuide, tem mais um desvio colossal para pagar

«"As necessidades de financiamento das empresas públicas continuam um desafio significativo", alertava a Comissão Europeia no relatório da última revisão ao programa português, no final do ano passado.

Segundo o documento, "entre Junho e Dezembro de 2011 o valor total do dinheiro do Governo para as empresas públicas está previsto atingir cerca de 3 mil milhões de euros a mais do que o previsto no programa".

Este sector será alvo de atenção redobrada pela 'troika' na terceira revisão do programa que decorre desde quarta-feira, que examinará com especial atenção a situação da reestruturação das empresas públicas e onde serão avaliados os progressos efectuados na reforma do sector, disse à Lusa fonte ligada ao processo.» [DE]

Parecer:

Um excelente argumento para os extremismos do Gasparoika.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao Gasparoika se vai tirar o ordenado de Dezembro aos funcionários públicos.»
  
 CDS tenta limpar a face na questão dos feriados

«Diversos dirigentes centristas defenderam que faria mais sentido o dia da Restauração da Independência, em vez do 10 de junho, data sem raízes históricas. » [Expresso]

Parecer:

Se eram contra porque motivo ficaram calados?
  
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Paulo Portas.»
  
 Asfixia democrática?

«A reunião do Eurogrupo que se realiza em Bruxelas na próxima segunda-feira, Vítor Gaspar e o seu homólogo alemão, Wolfgang Schäuble, vão poder falar à vontade, sem receio de que a sua conversa venha a ser difundida.

Os serviços de imprensa do Conselho de Ministros da União Europeia decidiram esta semana aplicar regras mais restritas para a recolha de imagens nos instantes que antecedem o início das reuniões ministeriais, os chamados tour de table e suspender durante um mês o acesso à sala do repórter de imagem responsável pela recolha das imagens da polémica.» [Expresso]

Parecer:

Há verdades que não são para ser notícia.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao Conselho que acabe com a presença de jornalistas em todas as suas actividades.»