A direita tenta a todo o custo manter a aposta na destruição
dos direitos sociais e do estado social a coberto de um ajustamento que é mais
digno do Chile de Pinochet do que de um país democrático da Europa. Vítor
Gaspar foi a escolha ideal para este processo, extremista, com um total
desprezo pelos custos sociais, ambicioso e ávida de fama e currículo, está
disposto a tudo, a sacrificar os portugueses para provar as suas teses.
É óbvio que tudo falhou, é óbvio que o primeiro desvio
colossal era falso, que os quatro mil milhões de despesa a mais não é mais do
que os quatro mil milhões de receitas fiscais que se perderam devido à incompetência
do ministro da Finanças. Mas depois de terem destruído a economia portuguesa
tentam auto alimentar a austeridade como condição para a vingança contra
democracia portuguesa.
A tentativa cínica de prender o PS a um acordo revela pouca
consideração intelectual por Seguro, o que vindo de Passos Coelho quase dá
vontade de rir. Nunca passou pela cabeça de Gaspa negociar seja com quem for,
aquele que nem com os colegas do governo aceita qualquer diálogo e que parece não
hesitar em gozar com o ministro da Economia defende agora o diálogo com a
oposição? Acredita quem quiser.
Os bardamerdas que a troika tem mandado ao país ainda há um
mês atraso elogiavam os supostos progressos do ajustamento português, todos os
indicadores eram uma maravilha. Agora que já não conseguem esconder a realidade
querem modernizar o estado, isto é, querem encobrir os prejuízos que provocaram
ao país, não querem confrontar a EU, o BCE e o FMI com os prejuízos que
resultaram para Portugal da incompetência e imbecilidade dos seus técnicos.
Os bardamerdas que durante um ano e meio esqueceram quem
assinou o acordo e desprezaram uma das partes, repararam de repente na importância
do consenso político. Enquanto pensaram que estavam tendo sucesso vinha a
Portugal só para beber uns copos com o Gaspar, agora que estão perdidos e
correm sérios riscos de verem as suas carreiras profissionais associadas a um
desastre económico de grandes dimensões transformaram-se em mansos, deixaram de
fazer chantagem e são modelos de diálogo.
Aceitar este diálogo é aceitar que a situação da economia portuguesa
nada tem que ver com o experimentalismo de economistas de meia tigela apoiados
por um primeiro-ministro que mete dó. Aceitar o diálogo é partilhar as culpas e
salvar a pele da troika e do Vítor Gaspar.