sábado, abril 20, 2013

A encenação oportunista


A direita tenta a todo o custo manter a aposta na destruição dos direitos sociais e do estado social a coberto de um ajustamento que é mais digno do Chile de Pinochet do que de um país democrático da Europa. Vítor Gaspar foi a escolha ideal para este processo, extremista, com um total desprezo pelos custos sociais, ambicioso e ávida de fama e currículo, está disposto a tudo, a sacrificar os portugueses para provar as suas teses.
 
É óbvio que tudo falhou, é óbvio que o primeiro desvio colossal era falso, que os quatro mil milhões de despesa a mais não é mais do que os quatro mil milhões de receitas fiscais que se perderam devido à incompetência do ministro da Finanças. Mas depois de terem destruído a economia portuguesa tentam auto alimentar a austeridade como condição para a vingança contra democracia portuguesa.
 
A tentativa cínica de prender o PS a um acordo revela pouca consideração intelectual por Seguro, o que vindo de Passos Coelho quase dá vontade de rir. Nunca passou pela cabeça de Gaspa negociar seja com quem for, aquele que nem com os colegas do governo aceita qualquer diálogo e que parece não hesitar em gozar com o ministro da Economia defende agora o diálogo com a oposição? Acredita quem quiser.
 
Os bardamerdas que a troika tem mandado ao país ainda há um mês atraso elogiavam os supostos progressos do ajustamento português, todos os indicadores eram uma maravilha. Agora que já não conseguem esconder a realidade querem modernizar o estado, isto é, querem encobrir os prejuízos que provocaram ao país, não querem confrontar a EU, o BCE e o FMI com os prejuízos que resultaram para Portugal da incompetência e imbecilidade dos seus técnicos.
 
Os bardamerdas que durante um ano e meio esqueceram quem assinou o acordo e desprezaram uma das partes, repararam de repente na importância do consenso político. Enquanto pensaram que estavam tendo sucesso vinha a Portugal só para beber uns copos com o Gaspar, agora que estão perdidos e correm sérios riscos de verem as suas carreiras profissionais associadas a um desastre económico de grandes dimensões transformaram-se em mansos, deixaram de fazer chantagem e são modelos de diálogo.
 
Aceitar este diálogo é aceitar que a situação da economia portuguesa nada tem que ver com o experimentalismo de economistas de meia tigela apoiados por um primeiro-ministro que mete dó. Aceitar o diálogo é partilhar as culpas e salvar a pele da troika e do Vítor Gaspar.