quarta-feira, abril 17, 2013

Por muito menos atiraram o Vasconcelos pela janela

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Não sei quantos andares tinha o palacete do Miguel de Vasconcelos nem mesmo se o pé direito do edifício ser alto como nos palácios antigos ou baixinho como nos apartamentos do Algarve, o certo é que o pobre diabo caiu, ou melhor, foi. Pouco importa saber quantos pisos voou o pobre diabo, o certo é que morreu.
 
Pois o nosso amigo Miguel de Vasconcelos era nem mais, nem menos do que o escrivão da Fazenda, o que traduzido para a linguagem actual significa uma espécie de ministro das Finanças, ainda que na versão Álvaro de Vancouver, isto, é com parte das competências distribuídas. O escrivão da Fazenda era um dos oficiais da Casa Real, estava entre o tesoureiro-mor e o esmoler-mor. Como se sabe hoje acumula as três funções, cobra, faz as contas e recebe humildemente as esmolas dadas pelo boche coxo. 
  
Enfim, as coisas não evoluem assim tanto e a verdade é que o nosso escrivão da fazenda tem mesmo cara de esmoler-mor. Até certo ponto podemos dizer que o escrivão-mor não faz a ponta de um corno desde que o desvio colossal das receitas fiscais transformou o OE numa rifa que ninguém compra, o que temos agora é mesmo um esmoler-mor que noutros tempos era reservado a eclesiásticos, hoje como a ciência é outra seria um cargo a entregar a um economista formado nos bons valores da Universidade Católica.
 
O nosso Miguel de Vasconcelos e Brito além de escrivão da Fazenda foi primeiro-ministro da Duquesa de Mântua vice-Rainha de Portugal, em nome do Rei Filipe IV de Espanha (Filipe II de Portugal), nada que desagradasse ao nosso esmoler-mor. É caso para berra “porra, tanta coincidência”, a diferença é que agora a vice-Rainha deixou de ser uma cabra espanhola para ser a senhora Merkel, aquela louraça alemã com ar de bruxa boa da Gata Borralheira. E já faltou mais paro nosso esmoleiro ser designado primeiro-ministro, só ainda não é econhecido como tal por causa do emplastro de Massamá, um dia destes o Cavaco empresta o palácio para a investidura como primeiro-ministro por designação herr Wolfgang Schäuble, com a devida bênção do reverendíssimo Mário Dragui
   
Como os portugueses de estrangeiros só gostam das gajas que nos visitam para ensinar inglês aos nossos Zézés Camarinhas, o pobre do Miguel não lhes caiu no goto, uma coisa é comer as bifas, outra é andar metido debaixo das saias do colonizador. Mas os ocupantes gostavam tanto dele que a Corte Espanhola até lhe deu plenos poderes para aplicar pesados impostos em Portugal, o que ele fez com muito gosto, de forma diligente, foi tão aplicado que para ficar bem na fotografia até cobrou a dobrar e cada vez que algum tuga levantasse o bedelho vingava-se e aumentava a dose. Acabou por levar à revolta do melhor povo do mundo com as consequência que conhecemos.
 
E um descendente de D. Sancho I, Henrique II de Inglaterra, Roberto II de França e de outros acabou atirado pela janela, direitinho para o barro do chão do Terreiro do Paço, de nada lhe serviu o medo de sermos vítimas de mais um desgaste dos amigos de Espanha em Lisboa. O pobre do Vasconcelos foi abandonado no Terreiro do Paço onde foi lambido pelos cães.
 
A história tem destas coisas, às vezes não sabemos a quantas andamos e como quem está lendo o jornal e devido à miopia pula de linha, também na política a miopia de alguns leva o povo a pensar que mudou de século.