segunda-feira, abril 01, 2013

Até parece mentira



Passos Coelho e a sua trupe não acabaram apenas com o Carnaval ou com o Corpo de Deus, conseguiram algo inimaginável como acabar com o dia das mentiras, um dia que nasceu das brincadeiras (plaisanteries) feitas aos que insistiam em festejar o ano novo no dia 1 de Abril, não aceitando o novo calendário gregoriano (introduzido pelo Papa Gregório XIII) que determinava que o primeiro dia do ano era a 1 de Janeiro, pondo fim ao erro de dez dias que resultava do calendário juliano.
  
Experimentem criar neste dia uma primeira página informando que Cavaco teria dito “Ontem eu reparava no sorriso das vacas, estavam satisfeitíssimas olhando para o pasto que começava a ficar verdejante”. A suposta mentira até iria para análises de um alto magistrado do MP para analisar se não estaria em causa uma ofensa à honra do Presidente da República, punível pelo artigo 328.º do Código Penal com pena de prisão até três anos. 
  
Alguém acreditaria que um governo que tentou tirar 7% aos trabalhadores para os dar aos patrões de um dia para o outro substituiu esta medida por um aumento de IRS correspondente ao corte de um salário mensal argumentando que as consequências eram as mesmas? Convenhamos que tal tese era digna de um economista doutorado no rancho folclórico de Tomar, vindo de um crente da Universidade Católica quase dava direito a um T4 no Inferno.
  
Imagine que há uns anos atrás alguém lhe dizia que o país iria ter um Passos Coelho como primeiro-ministro, o que diria? Mentira! Pois, mas a mentira transformou-se em verdade num país onde começa a ser difícil distinguir a realidade da ficção, a verdade da mentira, a inteligência da burrice, a sacanice da bondade.
  
Este ano não há mentira do dia n'O Jumento, neste país foi decretado que entre mentira e verdade a única diferença está no facto de verdade ter mais uma letra.