terça-feira, abril 09, 2013

O que preocupa a troika


Basta a primeira reacção de Bruxelas ter vindo do Simon O’Connor para se perceber que o comunicado da Comissão Europeia não passou de uma manobra concertada entre o BCE e o seu capataz loca. Depois da chantagem feita sobe o país e da falta de respeito demonstrada pela sua lei básica a troika combinou uma encenação e vem a Lisboa de urgência.
 
Quem assiste a esta palhaçada pouco digna para instituições como a EU, o BCE e o FMI pode ser levado a pensar que o governo tinha preparado um OE tecnicamente brilhante, equilibrado na distribuição do sacrifícios exigidos pela experiência mengeliana imposta ao povo português e que passados três meses de execução orçamental dava mostras de ser a solução ideal para assegurar o equilíbrio financeiro do Estado, ao mesmo tempo que permitia a retoma do crescimento e a criação de emprego no último trimestre do ano.
 
Se a troika não veio de urgência a Portugal por causa de uma queda de mais de 4 mil milhões de euros das receitas fiscais em 2012 e muito menos porque a recessão é mais do dobro do prometido pelo seu programa ou porque o desemprego é quase 20% porque razão vem por causa de 0,8% do PIB, muito menos que os desvios gasparianos? O que está em causa não é qualquer desvio colossal, o que a troika vem exigir é que a troco do dinheiro emprestado a juros elevados o país não suspenda a experiência fascista destinada a testar os papers de economistas quase desconhecidos como o ministro das Finanças ou os três palermas que a troika tem mandado a Portugal.
 
A verdade é que o impacto nas receitas fiscais da diferença entre a taxa de recessão inventada e a real é bem maior do que as consequências financeiras do acórdão do Tribunal Constitucional. A verdade é que o desvio entre as receitas fiscais inscritas no OE e as que resultam das execuções orçamentais não preocupam nem nunca preocuparam a troika.
  
A troika não está preocupada com o défice, com a falsificação das previsões, com o falhanço fiscal ou com um OE digno de um aluno do 10.º ano e não do melhor aluno da turma da Católica. O que a troika quer assegurar-se não é de que Portugal volte ao mercados ou que cumpra um memorando que não foi respeitado pela própria troika ao desprezar uma das partes em sucessivas alterações. O que a troika exige é que a experiência a que Portugal está sendo sujeito seja levada até ao fim.
 
Falhada a experiência a troika tenta a todo o custo lutar contra o tempo para que Portugal regresse aos mercados antes destes se aperceberem da situação real do país, antes que o desastre condene Portugal a sair do euro e dos mercados. A troika quer a todo o custo desembaraçar-se de Portugal sem assumir as responsabilidades pelo desastre que provocou.
  
A troika não quer assumir as responsabilidades pelas consequências políticas e financeiras da brincadeira que fez em Portugal com a ajuda de um governo incompetente e de um ministro que mais parece um assessor do governo de Bona do que o ministro de um Estado soberano.