O programa económico lançado por Augusto Pinochet na sequência
de um golpe de estado e apoiado numa das mais brutais polícias políticas do
século XX começa a parecer uma política de esquerda se comparada com a política
que economistas desconhecidos e medianos do BCE têm imposto a Portugal. Aliás,
se Pinochet fosse vivo teria razões para ficar ofendido, ele diria que deu um
golpe de estado e disse ao que vinha, em Portugal ganharam as eleições e nem o
Passos Coelho pdoeria nessa altura imaginar o que estaria agora a fazer.
Há muito que é evidente que o mais toikismo do que a troika
é um cliché cuja autoria não parece ser de Passos Coelho, ele só começou a ser
usado quando Vítor Gaspar apareceu em cena. E Gaspar só apareceu em cena depois
de ganhas as eleições, começa a perceber-se que alguém o impôs e foi evidente o
“saneamento” dos economistas que apareciam ao lado de Passos Coelho, Foi dada
uma pensão choruda a Catroga, Nogueira Leite foi calado atrás das paredes da
CGD e João Duque parece ter-se apagado.
Desde que Gaspar apareceu que parece que Portugal foi vítima
de vários tsunamis de austeridade, sempre explicados por desvios colossais ou
por decisões de terceiros, sempre que Vítor Gaspar tem um pacote para adoptar
inventa ou provoca um desvio colossal. Inventou um desvio colossal que atribuiu
aos últimos meses de gestão de Sócrates e começou a cavalgada de austeridade
para além da prevista no memorando. Depois fez um orçamento intencionalmente
mal feito e provocou um desvio colossal que serviu para justificar a destruição
do Estado social.
Começou por recusar qualquer conversa sobre crescimento para
depois usar precisamente o argumento do crescimento para dar o golpe da TSU.
Como o país a rejeitou disse que em sua substituição adoptaria um aumento
brutal de impostos, isto é, empobrecia-se à força, apenas mudava o destino da
receita. Com esse aumento brutal de IRS contraia-se a actividade económica e
provocava-se mais um desvio colossal.
O OE para 2013 era um OE intencionalmente falhado,
destinava-se a provocar mais um desvio colossal e antes do Tribunal
Constitucional tomar uma decisão já Eduardo Catroga justificava a sua pensão de
mais de 50 euros paga pela EDP para dizer que o corte no estado social teria
ser de 12 mil milhões. O Governo começou a sugerir um aumento de 1,5 mil milhões
e dizia que era para adoptar até 2015. A decisão do TC veio mesmo a calhar para
Gaspar, já ninguém discute o desemprego, a recessão ou a sua actuação, agora
debate-se a forma de compensar po acórdão do TC.
Sempre que o Vítor Gaspar teve de justificar mais uma das
suas vagas de austeridade o comissário dos assuntos monetários veio em seu
apoio, aparece sempre um pitbuill chamado Simon O’Connor a ameaçar Portugal, a
fazer chantagem dizendo que ou o povo aceita ou não vem o dinheiro. Fez isso,
por exemplo, para tentar forçar a adopção do golpe da TSU, a última vez que
apareceu foi na sequência do acórdão do TC. Há uma coordenação clara entre Vítor
Gaspar e o comissário dos assuntos monetários e é evidente que há um programa
oculto que nada tem que ver com o memorando e que só Vítor Gaspar e os seus
colegas da Comissão e do BCE conhecem.
O BCE e a Comissão Europeia, com a anuência do FMI, deram um
golpe de estado em Portugal, governam o país contra a vontade do seu povo e
adoptam medidas que não constam em qualquer memorando assinado. Durão Barroso, Mário
Draghi e Christine Lagarde governam Portugal com a mesma legitimidade com que
Pinochet governou o Chile, adoptam um programa oculto que só eles conhecem e não
dão a cara nem assumem as consequências, têm cá um capataz que certamente já
tem um futuro confortável assegurado numa instituição europeia, longe dos
olhares de ódio dos seus concidadãos. Portugal foi vítima de um golpe de estado
conduzido pelo BCE.