Se com a birra de Passos Coelho causada pelo acórdão do
Tribunal Constitucional Cavaco Silva recebeu o governo do seu partido
assumindo-o como sendo um governo de iniciativa presidencial, com o discurso do
25 de Abril Cavaco Silva inverteu a situação e agora temos um presidente de
iniciativa governamental. Se não fosse um pequeno inconveniente chamado Paulo
Portas o país ter aquilo que a direita disfarçada de social-democracia sempre
desejou, uma maioria, um governo e um presidente. O problema é que quando este
velho projecto se concretiza o PPD tem um primeiro-ministro incapaz, um
presidente fraquinho e quem manda mesmo é o controleiro luso do ministro das
Finanças da senhora Merkel.
Antigamente quando se ia meter uma carta no correio fazia-se
os possíveis para se antecipar à hora prevista para a recolha do correio. Agora
parece que os correios perderam o monopólio da entrega da correspondência e as
cartas são remetidas a tempo de serem publicadas no Expresso. Marques Mendes já
fazia as vezes de telefonista do PSD, agora paece que é Pinto Balsemão a fazer
de carteiro. Parece que Passos Coelho arranjou uma excelente foram de entreter
os seus antecessores, só não conta com Manuela Ferreira Leite, a velha senhora
prefere o estatuto de alcoviteira de Belém, um barrete que enfia com especial
prazer.
Coincidência ou não desde que Sócrates reapareceu a política
portuguesa deu uma volta de 180 graus, Seguro quer eleições, Passos Coelho quer
consenso e Cavaco Silva passou-se. Já ninguém liga às novidades do Marques Mendes,
o Marcelo passou ao estatuto de Quim Barreiros do comentário político, Manuela
Ferreira Leite comenta barretes presidenciais e a actualidade politica é
marcada pelos comentários de José Sócrates. Não admiraria nada se viesse a ser
notícia de que o jantar da família Silva passou a ser flocos de aveia, assim não
correm o risco de ficar com alguma espinha atravessada na garganta com os
ataques de nervos provocados pelos comentários de Sócrates.
Caavco tem toda a razão para estar preocupado com a falta de
consenso, o problema é que tenta forçar Seguro a alinhar no consenso que não
consegue impor ao próprio governo. Há tanto consenso entre Passos Coelho e
Seguro como o há entre Passos e Portas, entre este e o Álvaro, ou entre o Álvaro
e o Passos Coelho. Razão tinha o Maduro, um académico que pela forma como manda
as cartas parece que pediu a equivalência a ministro na Universidade Lusófono,
fala tantas vezes em consenso. O problema e que se Cavaco quer consenso o
melhor é chamar a si a presidência das reuniões do conselho de ministros e o
Maduro poderia fazer de sacristão repetindo tantas vezes a palavra consenso
como nas missas se repete “palavra do Senhor”.