A versão tuga de "Dante no exílio", pintura de autor desconhecido
Como de costume em Portugal não á oposição, se nem mesmo perante os excessos e mentiras de Passos Coelho o líder do PS de então optou por transformar o papel de líder da oposição de uma senhora que de quando em vez ia beber um chazinho a São Bento, intercalado por umas partidas de crapô com Cavaco Silva ou com Carlos Costa, não era agora que o país vive um momento de descontracção que o tempo favorece a oposição.
Aliás, o habitual é ser o próprio partido que está no governo a fazer oposição a si próprio e se com Passos a oposição foi liderada por personalidades como Pacheco Pereira ou Manuela Ferreira Leite, com António Costa a solução encontrada é mais sofisticada, o BE faz oposição de manhã, o PCP faz da parte da tarde. O partido dos cães e gato ladra cá fora e ronrona no parlamento. O PS ainda não se manifesta do outro lado, mas é só uma questão de tempo, as personalidades irrequietas que no tempo de Sócrates apareceram a defender maternidades medievais para que não se parissem espanhóis feitos por tugas e outras personagens que irrequietas que ficaram de fora do governo mais tarde ou mais cedo aparecer.
Quanto ao traste politico de Massamá continua a desempenhar o seu papel de primeiro-ministro no exílio e lá anda por esse país, de bandeirinha na lapela e como o seu peão de brega Zeca Mendonça abrindo caminho entre uma turba de jornalistas ansiosos por o ouvirem. A encenação é tão perfeita que o homem já nem faz oposição, nem apresenta alternativas, quem ganhou eleições e foi vítimas de um golpe de Estado limita-se a dizer que está preparado para ser primeiro-ministro.
Passos não defende o que fez, apenas diz que falta fazer mais metade, só não explica de que metade se trata, dando a entender que faria o que a esquerda está fazendo mas mais devagarinho, a diferença entre a revolução liberal e a esquerda conservadora e retrógrada não está nas medidas, está na caixa de velocidades.
Passos não tem programa, não sente necessidade de dizer quais são as alternativas e nem lhe passa pela cabeça voltar a pedir desculpa aos portugueses por apoiar medidas de austeridade. A postura de Passos é bem diferente daquela que assumiu no tempo em que era oposição, como qualquer vítima de um gole de Estado espera que a Merkel convença o Obama a deixar de se preocupar com o Assad para bombardear os pavões de São Bento, devolvendo-lhe a residência oficial a que tem direito.
E enquanto os americanos não mandem os aviões, talvez tenha de esperar pelo Trump lá vamos ouvindo a Trampa do costume, agora vai sugerindo aos portugueses que quando tiverem saudades de uns cortes nas pensões, de menos alguns feriados e uns dias de férias, quando quiserem transformar as urgências médicas em desportos radicais, quando acharem que consomem em excesso e sentem falta de uma dieta nos vencimentos e no IRS que avisem, porque ele está pronto para voltar.