domingo, março 27, 2016

Umas no cravo e outras na ferradura



 Jumento do dia
    
Luís Montenegro, líder parlamentar da Passarola

Luís Montenegro inovou em política, em vez de esperar pela posição de Marcelo sobre o OE, como é habitual, optou por antecipar o que Marcelo devia dizer, adiantando que o presidente deveria fazer seu o discurso do traste de Massamá.

 O Asa

Talvez porque Obama tem cães de uma raça portuguesa o nosso Marcelo optou por um pastor alemão pelo aqui propomos que lhe chame Wolfgang. Mas nomes à parte, registe-se que Marcelo rejeitou raças portuguesas, podia ter escolhido um rafeiro do Alentejo, um Serra da Estrela, um podengo ou mesmo um rafeiro recolhido em Massamá, mas optou por um cão polícia.



 O único centro de decisão nacional é o Estado

Há apenas duas formas de impedir que a banca ou qualquer outro sector seja dominado por uma potência estrangeira, como já sucede no sector energético nacional, onde o partido Comunista da China manda mais do que Portugal,. Essas formas passam por uma grande atomização do capital por investidores privados, promovendo uma espécie de capitalismo popular, ou pelo Estado, o único e verdadeiro centro de decisão nacional e mesmo neste caso aparecem alguns governantes mais empenhados em obedecer a uma qualquer senhora Merkel do qu em respeitar os seus próprios eleitores.

Pensar que dividir o capital da banca por investidores provenientes de diversos países e, em particular, de Angola resolve o problema é uma ilusão. Então no caso do dinheiro vindo de regimes como o angolano não só são os bancos que ficam na mãos de uma empresária pouco escrupulosa, como o país ainda fica sob a chantagem de um país estrangeiro, bastando ler uma edição do Jornal de Angola para se perceber os riscos que se corre. Além, disso nada impede que quem hoje comprar participações na banca portuguesa não decida vendê-las amanhã a um qualquer banco espanhol.

 Terrorismo

Os objectivos dos terroristas é provocar dor e com isso promover o terror. Para matar recorreram a terroristas suicidas, para promover o terror conta com a comunicação social que usa as imagens mais chocantes para conseguir audiências. O DAESH conta com muitos terrorista inesperados.

      
 Em defesa de Pedro Arroja poder ofender
   
«Há cinco meses, Pedro Arroja, economista e especialista em dizer coisas, estando a falar num canal televisivo, disse umas coisas da boca para fora, uma grosseria. Na verdade, antes de bolçá-la, Arroja começou por dizer para microfone e câmara: "Aqui entre nós que ninguém nos ouve..."

Desde logo, um provável ofendido: o Porto Canal. Sendo uma estação regional, com maior suscetibilidade para se sentir ofendida. Há no "aqui entre nós que ninguém nos ouve" uma sugestão de fracas audiências e, até, uma denúncia de haver no estúdio material deficiente (no caso, o microfone). Mas, ao que parece, o Porto Canal não ligou nenhuma ao seu convidado.

E, no entanto - é essa a notícia - o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) abriu um inquérito ao que foi dito naquela noite. No fim do inquérito, Pedro Arroja poderá ser levado a tribunal. Entretanto, cinco deputadas e uma eurodeputada do Bloco de Esquerda, arroladas como testemunhas, foram autorizadas pelo Parlamento a depor. Não foram as deputadas que apresentaram queixa, mas a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género. As deputadas, porém, aprovam o processo, já que pode servir de exemplo, como disse uma das deputadas, Mariana Mortágua, aos jornais.

E é sobre isso que também eu quero dizer umas coisas. Como, aliás, eu disse outras, quando a, agora célebre, noite em que ninguém ouvia se tornou célebre. Publiquei, então, uma crónica em que desanquei em Arroja, com palavras (como se deve quando se responde a palavras). Tendo ele dito, quando falava de dirigentes bloquistas: "As meninas do Bloco de Esquerda, as esganiçadas...", mostrei que ele errou.

Recorrendo às três bloquistas que conheço, de ouvido (que é a forma de captar o ganido), afirmei que nenhuma esganiça. A Catarina Martins, por sinal, a voz mais clara e harmónica da política portuguesa, ouve-se cada palavra que diz. Marisa Matias tem até voz de baixa frequência, nos antípodas do esganiçar, com aquela disfonia a que chamamos rouquidão, perigosamente (mas é lá com ela) perto do falar das tias de Cascais. E, sobre Mariana Mortágua, adverti que só a ouvira em televisão, o que é mau para quem a quer ouvir, pois ela é daquelas pessoas que roubam as câmaras e prendem-nos o olhar. Mas, fazendo esforço, já a ouvi, e tem um falar baixo, ciciado.

Esganiçadas as do BE? Pedro Arroja tinha o direito de as achar esganiçadas e dizê-lo. Embora, concluí, ele devesse ser prudente para não se enganar tanto em público. Mais grave foi a frase que ele disse logo a seguir à já referida introdução "aqui entre nós que ninguém nos ouve..." Arroja pigarreou, pôs o seu ar ainda mais de dizer coisas. E disse: "Eu não queria nenhuma daquelas mulheres, já tenho pensado, eu não queria nenhuma daquelas mulheres, nem dada. Nem dada!"

Foi isso que me levou a escrever que as frases eram de carroceiro, o ar com que as disse, de azeiteiro, e o conjunto daquilo tudo uma ordinarice. Porque respeitei e respeito como iguais as mulheres da minha vida, aquele "eu não queria nenhuma daquelas mulheres, nem dada" faria Pedro Arroja ouvir de mim, estivesse eu naquele estúdio e com a cabeça fria, as mesmas palavras que depois escrevi. E sem antes pigarrear, ajeitar os botões de punho e mostrar as unhas pintadas.

Dito isto, ele talvez vá agora a tribunal por ter dito o que disse. E é esta recente evolução que me faz voltar ao assunto. E, desta vez, em defesa inequívoca de Pedro Arroja. As palavras, mesmo as erradas, precisam duma liberdade que não podemos dar aos factos errados. As palavras são ambíguas e voláteis (vejam como eu, em linhas lá em cima, dei o Porto Canal como ofendido)... E é por essa condição que a democracia, desde os atenienses ao Bill of Rights inglês e à Declaração dos Direitos do Homem, deu especial atenção ao direito de falar. Este é a mãe da liberdade.

A liberdade de falar, claro, não é total. Há abusos sobre mais fracos, cuja prática, em factos, pode ser incentivada pela palavra. Mas essas são exceções, a serem consideradas sempre na defesa da liberdade de expressão. Pedro Arroja tem, tem mesmo, direito de ofender as deputadas. E estas têm o direito de se sentir ofendidas. E mesmo que elas considerem que as palavras dele precisam de ser castigadas para servir de exemplo, não devem recorrer aos tribunais para o calar.

Se Pedro Arroja tem a má importância que precisa de servir de exemplo, Mariana Mortágua devia propor-lhe um debate depois das tolices dele. A derrota do engomadinho por uma mulher seria a melhor das lições.» [DN]
   
Autor:

Ferreira Fernandes.

      
 Já há cão presidencial
   
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O Wolfgang

«Parece que tudo nasceu com os elogios do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ao desfile das equipas cinotécnicas da Força Aérea na parada militar de Mafra, na segunda-feira. Alguém se lembrou de oferecer um cão militar ao Presidente: tem três meses e chama-se Asa.

Havia um cachorro pastor-alemão disponível em Ovar e anteontem os militares daquele ramo foram a Belém com o secretário de Estado da Defesa, Marcos Perestrello fazer a oferta.» [DN]
   
Parecer:

É de raça alemã, a senhora Merkel deverá ficar contente.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a Marcelo que me vez de lhe chamar Asa chame-lhe Wolfgang em sinal de gratidão pelo dinheiro dos contribuintes alemães que gastámos e de que o Wolfgang tanto se queixa..»