quarta-feira, março 16, 2016

Assédio laboral criminoso

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Se me faz alguma confusão que o código penal só se aplique dentro de um campo de futebol numa situação extrema, apesar de algumas agressões que podem levar a ferimentos graves ou mesmo à morte por vezes nem sequer mereçam um cartão amarelo, mais confusão de faz que um contrato de trabalho de um jogador de futebol esteja sujeito as regras legais, éticas e morais que decorrem do que se considera admissível em defesa dos interesses de um clube de futebol.

Opções clubistas à parte, aquilo a que tenho assistido no caso de André Carrilho é um caso extremo de assédio laboral, comportamento que em muitos países desenvolvidos já é considerado crime. Uma empresa tenta destruir um trabalhador física e psicologicamente porque terminado um contrato de trabalho não aceitou a sua renovação segundo as condições ditadas pelo patrão.

Esse trabalhador foi impedido de trabalhar, de manter a sua forma física, foi difamado na comunicação social, foi sujeito a um falso processo disciplinar, as relações laborais estão sendo usadas em tentativas baixas de o apanhar em falha.  Hoje temos um trabalhador que é obrigado a recorrer a acompanhamento psicológico, cuja forma física diminui e está em pior do que quando chegou a Portugal e muito provavelmente isso vai resultar em prejuízo para o próprio e para o seu país, imagine-se se o real Madrid tivesse o mesmo comportamento com Ronaldo e este não pudesse participar no Europeu.
  
Aquilo que está sendo feito a um cidadão peruano devia envergonhar o país, mas acima de tudo devia envergonhar alguém que durante muitos anos foi presidente do Comité Olímpico Português, devia envergonhar um dos grandes amigos do Presidente da República, devia envergonhar um conhecido comentador que já foi bastonário da Ordem dos Advogados. Mas parece que nenhum deles se envergonha, por um par de golos ou um estatuto de VIP num estádio ou num clube está acima de quaisquer considerações morais, éticas e legais.
  
Mas também me envergonha que o sindicato dos jogadores esteja em silêncio e que o inspector-geral do Trabalho ande a brincar com drones e nada faça perante uma situação de abuso praticada em directo por um senhor que se comporta pior do que aqueles a que injustamente se convencionou designar por patos-bravos.

É preocupante que neste país os clubes de futebol estejam à margem da lei, que os dirigentes façam o que está a ser feito a Carrillo, que marginais visitem restaurantes em sinal de ameaça ou que tenham amigos em negócios ilegais. Mas mais grave do que isto é que estes dirigentes acham que podem esc olher ou derrubar autarcas, que podem fazer chantagem sobre a gestão das autarquias. Pior ainda, em tempos Pedro Santana Lopes, o agora provedor reconduzido na Santa Casa e que no mesmo dia abdica de qualquer candidatura autárquica, mobilizou o mundo mafioso da bola para ajudar Durão Barroso a chegar ao poder.