Marcelo Rebelo de Sousa tem uma vantagem que os outros presidentes não tiveram, vai presidir sem ter o Marcelo rebelo de Sousa comentando-o nas televisões, todos os domingos à noite, nem mesmo Cavaco de que ele era conselheiro se livrou destes momentos de crítica venenosa. Bem, não é de excluir que mais uma vez Marcelo ignore o protocole e comece a deslocar-se à TVI para comentar a sua actuação na semana que passou. O que diria Marcelo do próprio Marcelo amanhã à noite?
Diria que num país em crise este ambiente de sempre em festa, com uma posse carnavalesca com direito a três corsos e a muitas exibições, houve excesso. Na TVI o professor Marcelo seria mais poupado do que o Marcelo Presidente, diria que foi passada uma mensagem de fartura e de despesismo.
É bem provável que o professor Marcelo afirmaria os seus valores religiosos e diria que num Estado laico as posses não se confirmam em missas ecuménicas, uma coisa é afirmar a liberdade religiosa, outra é celebrar a posse com uma missa, onde não faltou o padre Vítor Milícias, o tuto espiritual do regime.
Criticaria a escolha do presidente Moçambicano em detrimento de muitos outros e é bem provável que criticasse o Presidente Marcelo por ter uma visão familiar do Estado,. Sugerindo que a presença moçambicana seria uma homenagem póstuma ao governador da colónia de Moçambique que foi o seu pai.
O professor Marcelo perguntaria ao Presidente Marcelo se a viagem ao Vaticano era para receber da bênção papal como se fosse um reino por vontade de Deus. O Vaticano é um Estado e tanto quanto se sabe nem o papa usa sapatos portugueses, nem o vinho usado nas missas é português. A visita ao Vaticano significa que a política externa é marcada pelas convicções religiosas do Presidente Marcelo.
* Foto do visitante e amigo T. Selemane (Maputo)