sexta-feira, março 04, 2016

Um nojo de gente

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Pode-se dizer muita coisa sobre o facto de a Dra. Maria Luís ir ganhar uns cobres à conta de uma financeira abutre inglesa, enfim, a pobre senhor ficou a amargar no parlamento e tem de pagar um crédito à habitação que, como diria Vítor Bento, está muito acima das suas possibilidades. Há por aí muitas entidades para avaliar a legalidade e transparência do primeiro emprego criado por esta senhora, por mim limito-me a sentir vergonha porque uma ministra de um governo do meu país aceitar um cargo de tão baixo nível.

Esta era a senhora que Passos Coelho só deixava ir para a Comissão Europeu se lhe fosse entregue um dossier digno da sua elevada craveira intelectual. Afinal, a senhora aceitou agora o triste dossier de um cargo não executivo que lhe pagará serviços que não se sabe muito bem quais são.

Explica a senhora que vai ser uma espécie de consultora no domínio da macroeconomia. É uma boa desculpa, uma licenciada em economia e ex-ministra é bem capaz de saber alguma coisa sobre o tema. O problema é que nas escolas sérias de economia o seu currículo académico seria considerado como estando entre o analfabetismo e a iliteracia. Uma modesta licenciatura mais um curso sobre mercados monetários, onde terá aprendido o negócio dos swaps, é pouco mais do que nada.

Sejamos honestos qualquer recém formado em economia numa boa universidade inglesa dá lições de macroeconomia à Maria Luís. A financeira inglesa só se ode ter interessado pro Maria Luís por causa dos seus belos olhos, pelos favores que possa ter feito ou pelos que possa vir a fazer. Quanto aos conhecimentos de política económica de Maria Luís, o argumento usado pela senhora, são treta e quanto ao conhecimento dos riscos vimos o que sucedeu com os swaps que a ex-ministra comprou.

A fragilidade dos conhecimento de Maria Luís ficaram evidentes na forma como ela explicou as suas funções, dando a entender que uma administradora executiva só lá está para receber gorjetas. Uma coisa é não ter uma pasta e exercer a tempo inteiro, outra é ser administradora e nada ter que ver com os negócios da empresa. Então para que servem as reuniões da administração em que ela estará presente? Esta é uma mentira que tem servido para desvalorizar a passagem de políticos pela banca, como foi o caso de Gilherme d'Oliveira Martins poelo Banco Efisa (BPN) ou de Manuela Ferreira Leite pelo Santander. Estar numa administração implica participar nas decisões e assumir as responsabilidades previstas na lei, que vão muito além de receber gorjetas.
  
Enquanto o povo foi empobrecido à força esta senhora anda a receber gorjetas de gente que faz negócios com a nossa miséria colectiva. É como se o ministro do Trabalho desse em proxeneta, é humilhante e um sinal de miséria vinda de gente que governou um país, é vergonhoso. Esta senhora, quando oferecia um lance natalício aos dirigentes do ministério das Finanças gostava muito de mostrar um ar pesaroso pelo que estava fazendo aos funcionários, dizia com sofrimento que ela própria é funcionária pública. É, mas parece querer fugir das consequências do que fez e viver de gorjetas.