sexta-feira, maio 31, 2013

Arbeit macht frei

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Nunca um governo sugeriu aos jovens que abandonassem o país mostrando a expulsão como um benefício porque poderiam encontrar aquilo a que se designou por “zonas de conforto”.
Não há memória de um governante que diz com ar arrogante e em pleno parlamento que “não fui eleito para coisíssima nenhuma” reagir à negação da sua político por todo um povo na rua reagir com cinismo designando esse povo como o melhor povo do mundo.
É a primeira vez que todo um país e todo um povo europeu é sujeito contra a sua vontade, depois de ter sido enganado nas eleições e sob a chantagem de amigos estrangeiros a sujeitar-se a uma experiência económica destinada a testar e validar um estudo económico que é muito questionável e ainda por cima assenta em dados falsos e cálculos errados.
Até agora nenhum governo tinha dividido os portugueses em função de uma utilidades social aferida com base em pressupostos ideológicos ou financeiros. Os empresários que exportam são bons, os que investem no consumo interno são dispensáveis. Os banqueiros devem ser financiados pelos contribuintes, a construção civil deve ser encerrada. Os trabalhadores pouco qualificados do sector privado são o modelo de virtude, os funcionários públicos devem ser exterminados porque são despesa.
Esta política não tem qualquer fundamentação económica nem deve ser analisada com base nos manuais de economia, as medidas são meras determinações ideológicas, partindo-se do princípio de que há uma total identidade entre determinados valores ideológicos e os princípios do funcionamento do sistema económico, como uma política económica em que tudo é decidido por preconceitos políticos conduzisse ao óptimo de Pareto.
Não admira que muitas das medidas em vez de serem apresentadas como medidas económicas sejam disfarçadas por valores ideológicos. Os portugueses são piegas, emigrar é procurar conforto, o desemprego deve ser entendido como uma oportunidade para o desempregado. Agora foi-se mais longe e até parece que os ideólogos do governo se inspiraram nos portões de Auschwitz para designar o pré-despedimento de muitos milhares de funcionários públicos como “requalificação”.
  
Parecido com dizer aos funcionários públicos que serão despedidos que estejam descansados porque são mandados para a mobilidade para serem requalificados só faz lembrar os nazis em Auschwitz quando diziam aos judeus para se despirem porque iam tomar banho. Se a história voltasse atrás é muito provável que na noite dos cristais se ouvisse os nazis dizerem aos judeus que estavam destruindo as suas lojas para terem a oportunidade de abrirem outras, os soldados que mandavam os judeus para os comboios de gado gritando-lhes para não serem piegas e garantindo-lhes que estavam viajando para outras zonas de conforto.
  
A agora designada requalificação até podia ter por lema "O trabalho liberta", em alemão "Arbeit macht frei", a inscrição que estava nos portões de "Auschwitz-Birkenau", num tempo em que se sacrificam os portugueses para se satisfazer os alemães talvez fosse uma boa ideia, um gesto de graxa que certamente seria muito apreciado pelo ministro das Finanças de Bona.