Safara
Costa Vicentina [J. Ferreira]
Acuso a troika de ter ignorado por sua própria conveniência uma das partes que assinou o memorando durante pelo menos seis avaliações, com esta postura a troika tornou mais fácil a imposição de medidas de política económica de competência questionável, como se veio a comprovar pelos seus resultados.
Acuso a troika de ignorar que Portugal é membro de pleno direito das organizações que a integram e que pelo menos em relação ao BCE e à Comissão Europeia os seus representantes da troika não deveriam ignorar que a primeira condição para se pertencer à União é viver em democracia. A troika tem ignorado sistematicamente os valores constitucionais do país, actuando se estivesse num território ocupado e sem direitos de soberania.
Acuso a troika de se ter aproveitado de um governo de gente fraca para, com o recurso sistemático à chantagem feita através do porta-voz do comissário
Acuso a troika de falta de autoridade moral para impor a política que tem imposto em Portugal, a senhora Merkel foi a grande defensora das políticas expansionistas como resposta à crise financeira internacional e foi com base nos seus pedidos que a União Europeia permitiu aos Estados-membros o desrespeito dos limites ao défice, Durão Barros, presidente da Comissão, foi um dos governantes portugueses que não respeitou os princípios que agora defende.
Acuso a troika de incompetência, os seus mais altos responsáveis só dizem banalidades, os seus assessores revelam uma profunda falta de preparação e competência, algo mais do que evidente no estudo do FMI sobre o corte da despesa.
A troika na imaginação de Maria Cavaco Silva
Cavaco deixou de ser um presidente silencioso e em reclusão, agora todos os dias há aparições e quando não é a dona Maria a revelar os segredos da Virgem é o Marques Mendes a armar-se em pastorinho da Quinta da Coelha a anunciar os segredos do Cavaco.
Afinal, Vítor Gsspar só andou na Católica para namorar com a filha do sacristão da capela académica, a sua licenciatura foi tirada na Universidade Lusófona.
Isto está bonito, Pires de Lima lançou a nova tese do CDS, que a suspensão da TSU sobre as pensões era uma vitória do governo contra a troika e o deputado Nuno Melo confirma. Depois vem o PSD dizer que o CDS deve encontrar medidas alternativas à vitória do governo?
Era a este consenso que o Poiares se referia quando repetia a palavra dezenas de vezes? Se calhar era e é por esse motivo que o Poiares desaparece,
Só duas pessoas poderão querer humilhar Paulo Portas, Vítor Gaspar e Passos Coelho, ambos parece detestarem Paulo Portas e receiam que o líder do CDS passe a imagem de ser o bonzinho, contra a imagem dos mauzinhos.
Vítor Gaspar há muito que quer passar a mensagem de que é ele que manda e quem se mete com ele leva, já sucedeu com Álvaro Santos Pereira e está sucedendo com Portas, o truque é sempre o mesmo, uma fuga de informação vinda directamente de uma reunião do Conselho de Ministros.
Passos receia que seja o que resta do seu PSD a ficar com o odioso da política e não só tenta humilhar Portas para prazer de Gaspar, como fez quando disse que Portas era o número três, como vai mais longe tentando forçar Portas à humilhação pública.
Fica-se com a impressão de que estando sob uma qualquer chantagem o líder do CDS está nas mãos de Passos Coelho e disposto a aceitar todas as humilhações.
Um bom motivo para Luís Amado andar desaparecido durante uns tempos poupando-nos às suas basófias políticas.
«1- Acreditar nas palavras do primeiro-ministro é, já o aprendemos, um exercício arriscado. Poucos meses bastaram para percebermos que sempre que Passos Coelho apresenta uma medida há uma enorme possibilidade de esta nunca chegar a ser aplicada ou ser pura e simplesmente esquecida, como se o primeiro-ministro pensasse em voz alta perante todos os portugueses. Os exemplos da TSU e agora o da taxa sobre os pensionistas são os mais gritantes - não faltariam, infelizmente, muitos outros -, não só pela pompa e circunstância com que foram anunciadas as medidas mas sobretudo pela importância determinante para a vida das pessoas.
A descontração com que se anunciam disposições para depois se voltar atrás, ignorando olimpicamente as expectativas das pessoas, semeando o pânico e a insegurança na população, faz com que os cidadãos percam qualquer tipo de confiança em quem os governa. Neste Governo não são só algumas das normas acordadas com a troika que são facultativas, é tudo facultativo. Tudo pode acontecer, nada é previsível, tudo pode ser alterado dois minutos depois de ser anunciado. Nada parece ser minimamente estudado, tudo parece ser decidido na base dum qualquer achar ou baseado num compêndio mal estudado.
A falta de sentido de Estado e sobretudo o desrespeito pelos cidadãos, que cada vez mais se sentem governados por aprendizes de feiticeiro que tratam as pessoas como se fossem cobaias, não se restringem, muito longe disso, ao primeiro-ministro. Temos o ministro Portas, que traça linhas vermelhas para depois, pendurado pelas orelhas por Passos Coelho e Cavaco Silva, ser obrigado a traçá-las noutro lado qualquer, qual rapazinho da escola primária de antigamente; temos o secretário de Estado Rosalino, que num dia despede os funcionários públicos sem direito a subsídio de desemprego e no outro vem dizer que afinal o que tinha dito não era bem aquilo...; temos Miguel Maduro, que em Florença, como professor, imagino, defende uma política para a Europa, e aqui em Lisboa é o ministro que coordena politicamente um Governo que defende o oposto do que proclamou em Itália.
Nunca um Governo fez tanto pelo desprestígio da política e dos políticos. O cidadão pode não concordar com uma decisão, pode até discordar de toda uma linha política. Outra coisa é não ter a mínima confiança em quem lidera o País, não poder acreditar naquilo que o Governo anuncia, porque o mais certo será ser desdito no dia seguinte. O que faz o cidadão perder a confiança nos políticos é ver um ministro, que fez grande parte da sua carreira a denunciar as falhas dos políticos, a fazer uma declaração ao País num dia dizendo que não aceita uma norma, vinte e quatro horas depois dá o dito pelo não dito e passados três dias volta à primeira opinião . O que destrói o prestígio da política e dos políticos é assistirmos a um primeiro-ministro a dizer que os cortes, a semana passada designados como poupanças, não atingem a generalidade dos cidadãos, só os pensionistas, reformados e funcionários públicos, como se estes fossem cidadãos de segunda ou tivessem alguma culpa especial pelo actual estado de coisas ou como se estes cortes não tivessem um profundo impacto económico e social na comunidade. O que mina a relação entre representantes e representados é um primeiro-ministro dizer que tem uma folga de 800 milhões no plano de cortes (como se já não fosse lamentável deixar uma folga deste valor num qualquer plano) e depois ser corrigido pela Unidade Técnica de Apoio Orçamental que demonstra claramente que essa margem não existe.
Um Governo em que não se pode confiar, um Governo completamente descredibilizado e que descredibiliza a política e os políticos , um Governo que luta mais internamente do que com a troika ou a crise, um Governo manifestamente incompetente. Este Governo é em si mesmo uma crise política. Mantê-lo é agravar essa crise.
Valha-nos nossa senhora de Fátima, já que o seu devoto Cavaco Silva prefere ver o País a afundar-se a ter de assumir as suas responsabilidades.
2 Os deputados que na passada sexta-feira aprovaram a lei da co-adopção por casais do mesmo sexo contribuíram para que a nossa comunidade se tornasse um bocadinho mais decente. Finalmente, uma boa notícia.» [DN]
Pedro Marques Lopes.
«António Pires de Lima diz que tem sido mal interpretado nas críticas que faz ao Governo, sobretudo no que diz respeito à economia: lamenta que o trabalho do ministro Álvaro Santos Pereira não seja valorizado no seio do Executivo e admite que é um cargo "extraordinariamente difícil" de assumir, neste Governo, e com um ministro das Finanças como Vítor Gaspar.» [DN]
Parecer:
O mesmo Portas que dia sim, dia não anuncia uma crise e que discorda em público de tudo o que aprovou em privado, parece ter desistido da pasta da Economia e mandou o Pires de Limar anunciar essa desistência. Aliás, com tanta viagem e ausência prolongada não se entende como é que vai fazer o guião da detruição do Estado, quanto mais acumular as pastas do espumante e dos pasteis de nata.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
«O presidente-executivo do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, e o administrador e chief financial officer (CFO) do BES, Amílcar Morais Pires, terão reforçado a sua segurança pessoal. Fontes contactadas pelo i adiantaram mesmo que o novo dispositivo conta inclusivamente com elementos que colaboraram com os serviços secretos israelitas (Mossad).
A medida terá sido tomada depois de a Esegur, empresa do Grupo Espírito Santo para a área da segurança, ter concluído que seria melhor reforçar a segurança pessoal do CEO do BES e do seu braço-direito. Ainda assim, confrontada ontem pelo i com estas informações, a empresa não confirmou: “O tema que suscita é muito delicado, posto que envolve questões relacionadas com a segurança do banco e das pessoas que nele têm responsabilidades.” No mesmo email, o gabinete de comunicação e marketing adianta ainda que as informações recolhidas “são especulativas e não são exactas”.» [i]
Parecer:
Um sinal de que os banqueiros começam a recear o pior par o país.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»