Agora não vão dizer que tinham escrito um artigo há dez anos alertando pela situação.
Agora não vão enviar cartas à troika insinuando que há esqueletos no armário?
Agora o Pingo Doce não publicar livrinhos da fundação do Barreto assustando os velhinhos com o perigo de não haver dinheiro para pensões.
Agora não vão dizer com ar de espanto que há um desvio colossal nem o Gaspar vai explicar melhor as palavras e muito menos dizer que gosta da expressão.
Agora não vão dizer que os responsáveis pelas fraudes financeiras que resultam em dívida soberana deverão ser responsabilizados criminalmente.
Agora não vão dizer que há limites para a austeridade.
Agora não vão aparecer na campanha eleitoral madeirense e muito menos beber ponchas em Chão da Lagoa.
Agora não vão a Belém entregar ao homem da Quinta da Coelha uma petição onde se diz ser necessário um governo de salvação nacional.
Agora vão dizer que a situação portuguesa não tem nada em comum com a grega, algo que se dizia há uns meses.
Agora não vão exigir orçamentos que apostem no crescimento.
Agora o Presidente da República vai fugir da comunicação social como o diabo foge da Cruz?
Agora o Passos Coelho passa a vida em reuniões europeias a tentar dar ares de líder europeu em vez de ir em busca de mercados para as nossas exportações.
Agora que vão haver eleições na colónia do Idi Amin Dada ninguém fala em asfixia democrática.
Agora os magistrados deixaram de dar entrevistas e o sindicalista dos magistrados não defende a criminalização das decisões políticas que conduzam a uma crise financeira.
Agora os professores contratados estão felizes por serem despedidos pelo Passos Coelho, é melhor serem despedidos do que trabalharem e serem avaliados.
Agora corre tudo bem neste país.