Foto Jumento
Elevador da Bica, Lisboa
Jumento do dia
Paulo Macedo
Se vai conseguir reduzir em um terço os lugares de dirigentes no ministério da Saúde por que razão não propôs a eliminação de um único cargo dirigente enquanto esteve à frente da DGCI onde organizava seminários de dirigentes onde lhes garantia sistematicamente a sua continuidade nos cargos?
«O ministro da Saúde revelou, esta quarta-feira, no Parlamento, que vai reduzir os quadros dirigentes do sector em mais de 30 por cento.
«O desenho do ministério está em vias de conclusão, mas posso adiantar que haverá uma redução de quadros dirigentes no ministério que ultrapassará os 30 por cento», disse, na comissão parlamentar de Saúde. » [Portugal Diário]
«O ministro da Saúde revelou, esta quarta-feira, no Parlamento, que vai reduzir os quadros dirigentes do sector em mais de 30 por cento.
«O desenho do ministério está em vias de conclusão, mas posso adiantar que haverá uma redução de quadros dirigentes no ministério que ultrapassará os 30 por cento», disse, na comissão parlamentar de Saúde. » [Portugal Diário]
Obrigadinho ó Passos!
Se o homem na oposição conseguiu que Portugal subisse uma posição no ranking da competitividade imagine-se quantas posições vamos subir agora que ele está no governo!
O zelo do jornalista do JN em documentar a notícia com uma imagem do responsável pelo milagre de Portugal ter subido na competitividade sem alterar a legislação laboral, descer a TSU ou dar cabo do SNS foi tão grande que o jornalista do JN foi buscar uma à Reuters.
Vítor Gaspar: cortes racionais na despesa levam tempoOs aumentos irracionais dos impostos lucram mais e mais depressa.
Terei percebido bem?
O ex-director do SIED e agora assalariado da Ongoing foi ao parlamento dizer que a informação que circulou ou é falsa ou é deturpada. Mas, por outro lado, afirma que ele é que foi a vítima da devassa da correspondência e está em causa a segurança do Estado. Então o senhor tinha informação falsa e deturpada no seu computador e são essas falsidades e deturpações que poem em causa a segurança do país?
Parece que este espião não foi treinado pra interrogatórios, parece um espião amador.
A tolerância segundo Mendes Bota
Mendes Bota queixa-se porque se exige ao PSD que diga onde vai cortar na despesa, isto depois de meses de oposição, de uma campanha eleitoral a prometer baixar a despesa, mais um programa eleitoral e um programa de governo a dizer o mesmo. Mas quando Passos Coelho negociou o orçamento de 2010 exigiu que o governo de Sócrates decidisse cortes na despesa em menos de uma semana zero.
Justiça fiscal precisa-se
«O truque não é novo e o PSD está a esgotá-lo rapidamente: as medidas com impacto negativo na população seriam consequência da situação das contas públicas e, como tal, exigidas pelo Memorando da ‘Troika’.
Há aqui um salto lógico a desmontar. Não há qualquer dúvida que a situação orçamental e a crise das dívidas soberanas obrigaram à negociação de condições para o apoio externo mas convém recordar que o Governo anterior assinou as medidas que se entendiam necessárias e suficientes e que reservou para momento posterior a definição de uma série de medidas concretas.
As posições da ‘Troika' desiludiram profundamente o PSD: afinal, não obrigam a desmantelar o Estado Social (o SNS e a escola pública, em especial, enfrentam desafios que o simplismo da liberalização não resolve!) e o que se percebe é que há muito espaço para a Política.
O Memorando não impede medidas de equidade nem limita a capacidade do Governo em executar políticas de crescimento económico que compensem os sacrifícios inevitáveis e que assegurem a sua justa repartição.Ora todos os portugueses percebem que tem havido um enviesamento dos sacrifícios para o lado dos rendimentos do trabalho e das pensões. O Governo desrespeitou o seu compromisso eleitoral com aumento de impostos, impondo-o exclusivamente àqueles que não têm poder nem condições para pensar em planeamento fiscal. Foi assim nos impostos sobre o rendimento. Foi assim em sede de IVA onde a taxação sobre o gás e electricidade tem um carácter claramente regressivo porque incide sobre um bem de primeira necessidade.
Parafraseando Warren Buffett, como é que se pode justificar que alguém que recebe dividendos pague 21,5% de IRS antes e depois deste "estado de necessidade", enquanto um menos alguém do que o outro pague no extremo 46,5% pelos rendimentos do seu trabalho e ainda fique agora sem metade do subsídio de Natal?
Ninguém encontra justificação para o PSD ter chumbado a proposta do PS para que a sobretaxa extraordinária abranja os rendimentos de juros, dividendos e mais valias nos mesmos termos em que incide sobre os rendimentos do trabalho e pensões.
Outra área de estimulante discussão é a do englobamento obrigatório de todos os rendimentos de capitais em sede de IRS. Reconhece-se que esta medida tem que ser analisada à luz da fiscalidade comparada e de forma a afastar o fantasma da fuga de capitais. Sabendo-se a dificuldade técnica de tributar a totalidade do rendimento (ou do património), o englobamento pode representar um passo importante para que alguns não passem por remediados quando sua situação é bem diferente. Esta situação é tão mais importante quanto ultrapassa o objectivo da justiça fiscal e tende a prevenir algumas situações de alarme social: quando há a tendência de associar prestações a rendimentos declarados é socialmente escandaloso que alguns possam usufruir invocando o seu estatuto de mero trabalhador.
Tempos especiais exigem medidas excepcionais. Terão o Governo e o PSD a capacidade de reconhecer este desafio para além do seu dogmatismo ideológico?» [DE]
Autor:Há aqui um salto lógico a desmontar. Não há qualquer dúvida que a situação orçamental e a crise das dívidas soberanas obrigaram à negociação de condições para o apoio externo mas convém recordar que o Governo anterior assinou as medidas que se entendiam necessárias e suficientes e que reservou para momento posterior a definição de uma série de medidas concretas.
As posições da ‘Troika' desiludiram profundamente o PSD: afinal, não obrigam a desmantelar o Estado Social (o SNS e a escola pública, em especial, enfrentam desafios que o simplismo da liberalização não resolve!) e o que se percebe é que há muito espaço para a Política.
O Memorando não impede medidas de equidade nem limita a capacidade do Governo em executar políticas de crescimento económico que compensem os sacrifícios inevitáveis e que assegurem a sua justa repartição.Ora todos os portugueses percebem que tem havido um enviesamento dos sacrifícios para o lado dos rendimentos do trabalho e das pensões. O Governo desrespeitou o seu compromisso eleitoral com aumento de impostos, impondo-o exclusivamente àqueles que não têm poder nem condições para pensar em planeamento fiscal. Foi assim nos impostos sobre o rendimento. Foi assim em sede de IVA onde a taxação sobre o gás e electricidade tem um carácter claramente regressivo porque incide sobre um bem de primeira necessidade.
Parafraseando Warren Buffett, como é que se pode justificar que alguém que recebe dividendos pague 21,5% de IRS antes e depois deste "estado de necessidade", enquanto um menos alguém do que o outro pague no extremo 46,5% pelos rendimentos do seu trabalho e ainda fique agora sem metade do subsídio de Natal?
Ninguém encontra justificação para o PSD ter chumbado a proposta do PS para que a sobretaxa extraordinária abranja os rendimentos de juros, dividendos e mais valias nos mesmos termos em que incide sobre os rendimentos do trabalho e pensões.
Outra área de estimulante discussão é a do englobamento obrigatório de todos os rendimentos de capitais em sede de IRS. Reconhece-se que esta medida tem que ser analisada à luz da fiscalidade comparada e de forma a afastar o fantasma da fuga de capitais. Sabendo-se a dificuldade técnica de tributar a totalidade do rendimento (ou do património), o englobamento pode representar um passo importante para que alguns não passem por remediados quando sua situação é bem diferente. Esta situação é tão mais importante quanto ultrapassa o objectivo da justiça fiscal e tende a prevenir algumas situações de alarme social: quando há a tendência de associar prestações a rendimentos declarados é socialmente escandaloso que alguns possam usufruir invocando o seu estatuto de mero trabalhador.
Tempos especiais exigem medidas excepcionais. Terão o Governo e o PSD a capacidade de reconhecer este desafio para além do seu dogmatismo ideológico?» [DE]
Óscar Gaspar.
Um dique contra a estupidez
«Há quem ache boa ideia inscrever na Constituição uma interdição genérica dos défices orçamentais tendo em vista impedir desvarios governativos. E que tal aprovar uma lei que obrigue os automobilistas a conduzirem algemados para prevenir manobras perigosas? Muito estúpido, certo?
Taxar algo ou alguém de estúpido é tido como desagradável, um non sequitur que bloqueia o debate e desencadeia uma escalada de insultos. As boas maneiras instituem assim um pudor de nomear a estupidez de que ela se aproveita para andar por aí à solta.[Jornal de Negócios]
A leitura do debate que, a propósito da utilidade de se construírem estradas, opõe n' "A Morgadinha dos Canaviais" o Sr. Joãozinho, o Brasileiro e o Pertunhas sugere-nos que é muito mais difícil desmontar um argumento estúpido do que enfrentar um inteligente; logo, a estupidez tenderá a crescer mais rapidamente do que a nossa capacidade para contê-la. Da primeira vez que me apercebi disso entrei em pânico. Depois, consolei-me pensando que não é preciso perder demasiado tempo a discutir argumentos estúpidos porque as pessoas são intuitivamente capazes de recusá-los. Mas serão mesmo?
O tema da estupidez tem sido insuficientemente estudado nas suas causas e consequências. Platão discorreu sabiamente sobre a Verdade, o Belo, o Bem ou a Razão, mas omitiu a investigação do Estúpido (os diálogos com Alcibíades, em que o tema é aflorado, são considerado apócrifos), falha que desde então a filosofia ainda não corrigiu.
Embora tenhamos uma variedade de palavras para designar o estúpido - tolo, palerma, idiota, imbecil, parvo, pateta, simplório, medíocre, básico - damos pouca atenção às nuances de significado que implicam. Por exemplo, palermice é estupidez alardeada como coisa esplendorosa, com consistência e orgulho; mediocridade é estupidez grave, majestosa, quase respeitável; já a idiotice implica uma obsessão, uma intenção estratégica, e, frequentemente, um método.
Como Sophia de Mello Breyner observou, a própria inteligência pode ser colocada ao serviço da estupidez. Pode-se, por isso, fazer dela um modo de vida. Errou pois Carlo Cipolla na formulação da sua Terceira Lei da Estupidez: a florescente indústria da estupidez comprova que um estúpido não é forçosamente alguém que prejudica os outros sem ganhar nada com isso.
É útil a distinção que Musil introduziu entre a estupidez honrada ou genuína e a desonesta ou superior. A estupidez honrada resulta da limitada capacidade intelectual de quem a produz, e não tem remédio. Pelo contrário, a estupidez superior comporta uma cegueira interessada e interesseira. Alardeia saber tudo sobre todas as coisas importantes da vida, quando de facto as ignora. Não há domínio em que não se infiltre, nem ideal, por muito nobre, de que não consiga aproveitar-se. Pode ocasionalmente envergar as vestes da verdade. É uma doença espiritual que opera com total desrespeito pelos demais, uma pretensão de superioridade destituída de qualquer fundamento no conhecimento efectivo daquilo de que se fala. É filha da soberba, um pecado capital hoje muito tolerado.
As grandes tragédias humanas não resultam da ignorância, da cobiça ou da malvadez, mas da pura e simples estupidez. Não porque a maioria das pessoas seja estúpida, mas porque em situações de complexidade extrema nos tornamos vulneráveis à estupidez. Há poucas coisas mais poderosas que a estupidez que está na moda. A difusão da estupidez encontra-se aliás tão facilitada pelos meios de comunicação contemporâneos que ela dá a volta ao mundo enquanto a lucidez acaba de calçar as botas.
Flaubert, um persistente estudioso da estupidez humana, concluíu ao cabo de anos de aturada investigação: "Estupidez, egoísmo e boa saúde são as três condições da felicidade; se bem que, faltando a estupidez, tudo estará perdido." Agrada-lhe esse projeto de vida?
Seria estúpido buscar uma solução simples, rápida e eficaz para a estupidez, mas todos podemos exercitar a nossa capacidade de resistir ao seu contágio.
Evite dar ouvidos a monomaníacos, gente de uma só causa e uma só ideia. Mas não desconfie menos daqueles que estão sempre prontos a discorrer a todo o momento sobre qualquer assunto, sobretudo se forem vivos de espírito. Duvide de afirmações taxativas, unilaterais, lapidares. Procure conhecer as opiniões contrárias, principalmente aquelas de que à partida discorda. Lembre-se de que, se toda gente concorda com algo, provavelmente tratar-se-á de um erro.
Faça de conta que o mundo existe fora das suas opiniões. Pratique a ironia em relação às suas certezas pessoais. Ensaie pensamentos desconfortáveis. Duvide. Esqueça. Aprenda.
O cepticismo, outrora luxo de filósofos, é agora necessidade que todo o cidadão precisa de cultivar, sob pena de a estupidez tomar conta do mundo. » [Jornal de Negócios]
Taxar algo ou alguém de estúpido é tido como desagradável, um non sequitur que bloqueia o debate e desencadeia uma escalada de insultos. As boas maneiras instituem assim um pudor de nomear a estupidez de que ela se aproveita para andar por aí à solta.[Jornal de Negócios]
A leitura do debate que, a propósito da utilidade de se construírem estradas, opõe n' "A Morgadinha dos Canaviais" o Sr. Joãozinho, o Brasileiro e o Pertunhas sugere-nos que é muito mais difícil desmontar um argumento estúpido do que enfrentar um inteligente; logo, a estupidez tenderá a crescer mais rapidamente do que a nossa capacidade para contê-la. Da primeira vez que me apercebi disso entrei em pânico. Depois, consolei-me pensando que não é preciso perder demasiado tempo a discutir argumentos estúpidos porque as pessoas são intuitivamente capazes de recusá-los. Mas serão mesmo?
O tema da estupidez tem sido insuficientemente estudado nas suas causas e consequências. Platão discorreu sabiamente sobre a Verdade, o Belo, o Bem ou a Razão, mas omitiu a investigação do Estúpido (os diálogos com Alcibíades, em que o tema é aflorado, são considerado apócrifos), falha que desde então a filosofia ainda não corrigiu.
Embora tenhamos uma variedade de palavras para designar o estúpido - tolo, palerma, idiota, imbecil, parvo, pateta, simplório, medíocre, básico - damos pouca atenção às nuances de significado que implicam. Por exemplo, palermice é estupidez alardeada como coisa esplendorosa, com consistência e orgulho; mediocridade é estupidez grave, majestosa, quase respeitável; já a idiotice implica uma obsessão, uma intenção estratégica, e, frequentemente, um método.
Como Sophia de Mello Breyner observou, a própria inteligência pode ser colocada ao serviço da estupidez. Pode-se, por isso, fazer dela um modo de vida. Errou pois Carlo Cipolla na formulação da sua Terceira Lei da Estupidez: a florescente indústria da estupidez comprova que um estúpido não é forçosamente alguém que prejudica os outros sem ganhar nada com isso.
É útil a distinção que Musil introduziu entre a estupidez honrada ou genuína e a desonesta ou superior. A estupidez honrada resulta da limitada capacidade intelectual de quem a produz, e não tem remédio. Pelo contrário, a estupidez superior comporta uma cegueira interessada e interesseira. Alardeia saber tudo sobre todas as coisas importantes da vida, quando de facto as ignora. Não há domínio em que não se infiltre, nem ideal, por muito nobre, de que não consiga aproveitar-se. Pode ocasionalmente envergar as vestes da verdade. É uma doença espiritual que opera com total desrespeito pelos demais, uma pretensão de superioridade destituída de qualquer fundamento no conhecimento efectivo daquilo de que se fala. É filha da soberba, um pecado capital hoje muito tolerado.
As grandes tragédias humanas não resultam da ignorância, da cobiça ou da malvadez, mas da pura e simples estupidez. Não porque a maioria das pessoas seja estúpida, mas porque em situações de complexidade extrema nos tornamos vulneráveis à estupidez. Há poucas coisas mais poderosas que a estupidez que está na moda. A difusão da estupidez encontra-se aliás tão facilitada pelos meios de comunicação contemporâneos que ela dá a volta ao mundo enquanto a lucidez acaba de calçar as botas.
Flaubert, um persistente estudioso da estupidez humana, concluíu ao cabo de anos de aturada investigação: "Estupidez, egoísmo e boa saúde são as três condições da felicidade; se bem que, faltando a estupidez, tudo estará perdido." Agrada-lhe esse projeto de vida?
Seria estúpido buscar uma solução simples, rápida e eficaz para a estupidez, mas todos podemos exercitar a nossa capacidade de resistir ao seu contágio.
Evite dar ouvidos a monomaníacos, gente de uma só causa e uma só ideia. Mas não desconfie menos daqueles que estão sempre prontos a discorrer a todo o momento sobre qualquer assunto, sobretudo se forem vivos de espírito. Duvide de afirmações taxativas, unilaterais, lapidares. Procure conhecer as opiniões contrárias, principalmente aquelas de que à partida discorda. Lembre-se de que, se toda gente concorda com algo, provavelmente tratar-se-á de um erro.
Faça de conta que o mundo existe fora das suas opiniões. Pratique a ironia em relação às suas certezas pessoais. Ensaie pensamentos desconfortáveis. Duvide. Esqueça. Aprenda.
O cepticismo, outrora luxo de filósofos, é agora necessidade que todo o cidadão precisa de cultivar, sob pena de a estupidez tomar conta do mundo. » [Jornal de Negócios]
Autor:
João Pinto e Castro.
Entrevista SIC: o princípio do fim de Vítor Gaspar
«1)Formalmente, a entrevista foi muito bem conduzida por José Ferreira Gomes, formulando perguntas concretas e claras. Com grande acutilância. Sem rodeios. Já o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, é um desastre comunicacional: lento a falar, apresenta dificuldades na formulação das frases, monótono. Não consegue passar a mensagem, mostrando pouca convicção. Parece que Vítor Gaspar é a primeira pessoa que não acredita nas suas políticas. Não foi capaz de dar uma resposta convincente: sempre muito vago, muito hesitante, muita conversa. Nota muito negativa para o ministro das Finanças neste particular.
2) No conteúdo, Vítor Gaspar foi para o debate com três ideias na cabeça: afirmar que as suas medidas decorrem directamente do memorando de entendimento com a troika, não havendo alternativa; os portugueses já sabiam, pelo que o aumento de impostos não constituiu nenhuma surpresa; as medidas de austeridade só vigorarão até 2012. A partir dessa data, o governo trabalhará para recuperar a economia, na criação de emprego, aumentar a competitividade. Em primeiro lugar, Gaspar desmentiu Passos Coelho: o primeiro-ministro, no discurso de encerramento da Universidade de Verão, disse, preto no branco, que as medidas de austeridade são o programa ideológico do governo, que seriam tomadas mesmo que não existisse o memorando! Agora, o ministro das Finanças utiliza o memorando como uma muleta permanente...Meus senhores, entendam-se! Em segundo lugar, os portugueses votaram no projecto político proposto pelo PSD e pelo CDS - centrado na diminuição progressiva dos impostos e na redução da despesa inútil do Estado. O que têm? Exactamente o contrário: aumento de impostos e uma postura muito suavezinha para com a despesa do Estado. Quando se trata de ir ao bolso dos portugueses, é tudo muito concreto, tudo muito quantificado (adjectivo preferido do ministro das Finanças); para cortar a despesa do Estado, é tudo muito abstracto, muito vago. O que é curioso: o ministro das Finanças quando escrevia em jornais e artigos científicos fartava-se de elencar medidas para reduzir a despesa do Estado...agora, estrangula a economia e os portugueses! Falta coragem política: prefere-se manter os boys, a gordura do Estado e ir ao bolso dos portugueses, que pagam e calam-se! É simples, não é?
3) Vítor Gaspar fez várias referências ao documento de estratégia orçamental. Ora, fui ler este documento esta madrugada. O que encontrei? Mais do que um documento político, trata-se de um documento teórico-analítico. Na primeira parte, faz considerações gerais sobre a evolução das finanças públicas nos últimos anos - só que ao governo não compete estar sistematicamente a analisar o passado; tem de preparar o futuro - sendo muito crítico em relação ao governo José Sócrates. Posteriormente, passa a tecer considerações sobre o processo orçamental português, nomeadamente sobre as alterações à Lei de Enquadramento Orçamental. Portanto, uma matéria que para os portugueses interessa zero! Nada, rien! Prossegue com as medidas de consolidação orçamental. Surpresa das surpresas: até aqui, o governo insiste mais nas medidas de aumento de receitas - leia-se, aumentar impostos - do que nas medidas de redução da despesa. Com efeito, o documento da estratégia orçamental foi nitidamente feito às três pancadas. Foi feito para português ver - e a conversa sobre a redução da despesa foi lá metida para esconder a verdadeira intenção do executivo: aumentar impostos. Não há uma única medida quantificada, concreta, de redução da despesa. Nem uma! E nem nos deixemos levar pelos números astronómicos de redução da despesa anunciados pelo ministro Gaspar: é que fala-se de uns quantos milhões sem se anunciar as medidas para o conseguir! Como é? Fará cortes às cegas? Sem uma lógica? O ministro das Finanças parece um merceeiro! Um ventríloquo do FMI, sem pensamento nem espaço de acção próprios!
4) Já se percebeu: Vítor Gaspar vai intensificar as medidas de austeridade - isto com este governo significa aumentar impostos - no próximo ano para ter margem para desanuviar em 2013. Assim, cumprirá a sua promessa de 2013 ser o primeiro ano do pós-crise. O que será um logro: jamais o governo conseguirá níveis de execução orçamental que lhe permitam desapertar o cinto já daqui a dois anos. Até do ponto de vista comunicacional poderá ser uma estratégia errada: é que se o governo pretende mostrar trabalho ao FMI para em 2012 conseguir empréstimos mais baratos do que obteria no mercado, então se começa a proclamar o fim da crise talvez o FMI não vá na cantiga...
5) Por último, o Ministro das Finanças começou ontem a escrever o princípio do seu fim. Vítor Gaspar será um berbicacho para Passos Coelho. Faz lembrar Campos e Cunha no primeiro governo Sócrates. O país precisa de um ministro das Finanças politicamente forte. Um Teixeira dos Santos tecnicamente mais rigoroso. Com Vítor Gaspar, duvido que cheguemos lá...
Nota final de Vítor Gaspar na entrevista: 8 valores» [Expresso]
2) No conteúdo, Vítor Gaspar foi para o debate com três ideias na cabeça: afirmar que as suas medidas decorrem directamente do memorando de entendimento com a troika, não havendo alternativa; os portugueses já sabiam, pelo que o aumento de impostos não constituiu nenhuma surpresa; as medidas de austeridade só vigorarão até 2012. A partir dessa data, o governo trabalhará para recuperar a economia, na criação de emprego, aumentar a competitividade. Em primeiro lugar, Gaspar desmentiu Passos Coelho: o primeiro-ministro, no discurso de encerramento da Universidade de Verão, disse, preto no branco, que as medidas de austeridade são o programa ideológico do governo, que seriam tomadas mesmo que não existisse o memorando! Agora, o ministro das Finanças utiliza o memorando como uma muleta permanente...Meus senhores, entendam-se! Em segundo lugar, os portugueses votaram no projecto político proposto pelo PSD e pelo CDS - centrado na diminuição progressiva dos impostos e na redução da despesa inútil do Estado. O que têm? Exactamente o contrário: aumento de impostos e uma postura muito suavezinha para com a despesa do Estado. Quando se trata de ir ao bolso dos portugueses, é tudo muito concreto, tudo muito quantificado (adjectivo preferido do ministro das Finanças); para cortar a despesa do Estado, é tudo muito abstracto, muito vago. O que é curioso: o ministro das Finanças quando escrevia em jornais e artigos científicos fartava-se de elencar medidas para reduzir a despesa do Estado...agora, estrangula a economia e os portugueses! Falta coragem política: prefere-se manter os boys, a gordura do Estado e ir ao bolso dos portugueses, que pagam e calam-se! É simples, não é?
3) Vítor Gaspar fez várias referências ao documento de estratégia orçamental. Ora, fui ler este documento esta madrugada. O que encontrei? Mais do que um documento político, trata-se de um documento teórico-analítico. Na primeira parte, faz considerações gerais sobre a evolução das finanças públicas nos últimos anos - só que ao governo não compete estar sistematicamente a analisar o passado; tem de preparar o futuro - sendo muito crítico em relação ao governo José Sócrates. Posteriormente, passa a tecer considerações sobre o processo orçamental português, nomeadamente sobre as alterações à Lei de Enquadramento Orçamental. Portanto, uma matéria que para os portugueses interessa zero! Nada, rien! Prossegue com as medidas de consolidação orçamental. Surpresa das surpresas: até aqui, o governo insiste mais nas medidas de aumento de receitas - leia-se, aumentar impostos - do que nas medidas de redução da despesa. Com efeito, o documento da estratégia orçamental foi nitidamente feito às três pancadas. Foi feito para português ver - e a conversa sobre a redução da despesa foi lá metida para esconder a verdadeira intenção do executivo: aumentar impostos. Não há uma única medida quantificada, concreta, de redução da despesa. Nem uma! E nem nos deixemos levar pelos números astronómicos de redução da despesa anunciados pelo ministro Gaspar: é que fala-se de uns quantos milhões sem se anunciar as medidas para o conseguir! Como é? Fará cortes às cegas? Sem uma lógica? O ministro das Finanças parece um merceeiro! Um ventríloquo do FMI, sem pensamento nem espaço de acção próprios!
4) Já se percebeu: Vítor Gaspar vai intensificar as medidas de austeridade - isto com este governo significa aumentar impostos - no próximo ano para ter margem para desanuviar em 2013. Assim, cumprirá a sua promessa de 2013 ser o primeiro ano do pós-crise. O que será um logro: jamais o governo conseguirá níveis de execução orçamental que lhe permitam desapertar o cinto já daqui a dois anos. Até do ponto de vista comunicacional poderá ser uma estratégia errada: é que se o governo pretende mostrar trabalho ao FMI para em 2012 conseguir empréstimos mais baratos do que obteria no mercado, então se começa a proclamar o fim da crise talvez o FMI não vá na cantiga...
5) Por último, o Ministro das Finanças começou ontem a escrever o princípio do seu fim. Vítor Gaspar será um berbicacho para Passos Coelho. Faz lembrar Campos e Cunha no primeiro governo Sócrates. O país precisa de um ministro das Finanças politicamente forte. Um Teixeira dos Santos tecnicamente mais rigoroso. Com Vítor Gaspar, duvido que cheguemos lá...
Nota final de Vítor Gaspar na entrevista: 8 valores» [Expresso]
Autor:
João lemos Esteves.
A anedota do dia
«Jorge Silva Carvalho, ex-director do SIED (Serviços de Informações Estratégicas de Defesa) e actual quadro da Ongoing, negou na comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais todas as acusações de quem tem sido alvo nas últimas semanas.» [DN]
Parecer:
Pois, é tudo mentira.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
Pobre PSD!
«O PSD lamentou, esta quarta-feira, no Parlamento, que esteja instalado um «clima de tolerância zero» ao Governo, lembrando que «o momento adequado» para revelar os cortes na despesa é na apresentação do Orçamento de Estado para 2012.
«Parece instalado um clima de tolerância zero à necessidade de estudar, reflectir e ponderar as decisões, espalhando a confusão e fugindo do debate essencial», disse o deputado Mendes Bota.» [Portugal Diário]
«Parece instalado um clima de tolerância zero à necessidade de estudar, reflectir e ponderar as decisões, espalhando a confusão e fugindo do debate essencial», disse o deputado Mendes Bota.» [Portugal Diário]
Parecer:
Este Bota é mesmo uma anedota.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
12 euros para a prenda de Natal
«Os trabalhadores vão poder deduzir cerca de 12 euros por cada filho ao imposto extraordinário sobre o subsídio de Natal aplicável aos rendimentos de 2011, segundo a legislação publicada esta quarta-feira em Diário da República. » [Portugal Diário]
Parecer:
Este Gasparoika é mesmo muito generoso.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»
E o grande caloteiro é...
«O Governo dos Açores esclareceu hoje ao SOL que 98,5% da dívida administrativa das regiões autónomas é da responsabilidade da Madeira. Segundo a Direcção Geral do Orçamento, as regiões ilhas surgem no terceiro lugar da tabela de devedores, com pagamentos em atraso no montante de 634 milhões de euros.» [Sol]
Parecer:
O Alberto João.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «O pobre bem se esforça por passar a ideia de que os Açores devem tanto como a Madeira.»