Quando o país mais precisaria de ter alguém capaz de unir os portugueses temos um presidente que faz profundas reflexões sobre o sorriso das vacas e a sua relação com a cor dos prados. O que pensará um desempregado que olha para este presidente na expectativa de uma palavra de esperança e ouve-o a comentar o sorriso das vacas da Graciosa?
Quando o país mais carece de exemplos de rigor temos um presidente que vai para os Açores com uma comitiva digna da comitiva de D. Manuel I ao papa Leão X, trinta pessoas onde não faltava um mordomo, só faltou ter levado um rinocerote. O que pensará alguém que chega ao dia 20 sem dinheiro ao ver que o seu presidente gasta numa viagem, onde se limita a dizer patetices e banalidades, mais dinheiro do que uma família média portuguesa paga em impostos durante vários anos?
Quando o país se surpreende com um palhaço que põe em causa a sua unidade nacional o presidente não vem em defesa da unidade nacional, não se opõe a que o país fique sob a chantagem de independências regionalistas, não reage a que os portugueses sejam designados por cubanos ou colonialistas. O que pensará o cidadão comum que há poucos dias viu o seu nacionalismo estimulado contra as agências de rating e agora que um político que gastou dois mil milhões às escondidas e ainda goza connosco se depara com um silêncio quase cobarde?
Quando o país espera que actuações ilegais de responsáveis políticos que poem em causa a segurança económica de todos os portugueses e a credibilidade externa do país sejam condenadas de forma clara o presidente opta pelo silêncio, em vez de condenar actuações ilegais vai para os Açores dizer que por ali também há dificuldades de financiamento. O que pensarão todos os autarcas e governos regionais que cumprem as regras?
Quando o país mais precisava de ter um Presidente da República à altura dos desafios tem um presidente que se ofende muito quando sente a sua honra beliscada, que defende com ardor a sua honestidade, que faz discursos violentos contra governante que não são do seu partido, mas quando é a dignidade dos portugueses que é em posta em causa, quando é a credibilidade e imagem do país que é ofendida, quando são os seus que fazem asneira, fica em silêncio.