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Jumento do dia
Alberto João
Numa manobra manhosa em vésperas de eleições o governador da Madeira veio pedir a Passos Coelho um programa de ajustamento regional. Não é difícil de adivinhar que o que o Alberto pretende é o perdão da dívida e mais uns milhões de bónus. Não é difícil de adivinhar que Passos Coelho vai ceder e sacrificar os contribuintes para ajudar o seu amigo madeirense, até porque bem vai precisar de apoios nos próximos tempos.
Uma dúvida
Passos Coelho foi a Berlim na qualidade de primeiro-ministro de um Portugal soberano ou na sua ânsia de dar graxa à chanceler alemã optou por fazer um estágio de tradução simultânea e limitou-se a dizer em português o que a senhora Merkel lhe ia dizendo em alemão?
Passos a Passos
«"Estas medidas põem o país a pão e água. Não se põe um país a pão e água por precaução."
"Estamos disponíveis para soluções positivas, não para penhorar futuro tapando com impostos o que não se corta na despesa."
"Aceitarei reduções nas deduções no dia em que o Governo anunciar que vai reduzir a carga fiscal às famílias."
"Sabemos hoje que o Governo fez de conta. Disse que ia cortar e não cortou."
"Nas despesas correntes do Estado, há 10% a 15% de despesas que podem ser reduzidas."
"O pior que pode acontecer a Portugal neste momento é que todas as situações financeiras não venham para cima da mesa."
"Aqueles que são responsáveis pelo resvalar da despesa têm de ser civil e criminalmente responsáveis pelos seus actos."
"Vamos ter de cortar em gorduras e de poupar. O Estado vai ter de fazer austeridade, basta de aplicá-la só aos cidadãos."
"Ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam. Os que têm mais terão que ajudar os que têm menos."
"Queremos transferir parte dos sacrifícios que se exigem às famílias e às empresas para o Estado."
"Já estamos fartos de um Governo que nunca sabe o que diz e nunca sabe o que assina em nome de Portugal."
"O Governo está-se a refugiar em desculpas para não dizer como é que tenciona concretizar a baixa da TSU com que se comprometeu no memorando."
"Para salvaguardar a coesão social prefiro onerar escalões mais elevados de IRS de modo a desonerar a classe média e baixa."
"Se vier a ser necessário algum ajustamento fiscal, será canalizado para o consumo e não para o rendimento das pessoas."
"Se formos Governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema português."
"A ideia que se foi gerando de que o PSD vai aumentar o IVA não tem fundamento."
"A pior coisa é ter um Governo fraco. Um Governo mais forte imporá menos sacrifícios aos contribuintes e aos cidadãos."
"Não aceitaremos chantagens de estabilidade, não aceitamos o clima emocional de que quem não está caladinho não é patriota"
"O PSD chumbou o PEC 4 porque tem de se dizer basta: a austeridade não pode incidir sempre no aumento de impostos e no corte de rendimento."
"Já ouvi o primeiro-ministro dizer que o PSD quer acabar com o 13.º mês, mas nós nunca falámos disso e é um disparate."
"Como é possível manter um governo em que um primeiro-ministro mente?"
Conta de Twitter de Passos Coelho (@pedropassoscoelho), iniciada a 6 de Março de 2010. O último tuite transcrito é de 5 de Junho de 2011» [DN]
"Estamos disponíveis para soluções positivas, não para penhorar futuro tapando com impostos o que não se corta na despesa."
"Aceitarei reduções nas deduções no dia em que o Governo anunciar que vai reduzir a carga fiscal às famílias."
"Sabemos hoje que o Governo fez de conta. Disse que ia cortar e não cortou."
"Nas despesas correntes do Estado, há 10% a 15% de despesas que podem ser reduzidas."
"O pior que pode acontecer a Portugal neste momento é que todas as situações financeiras não venham para cima da mesa."
"Aqueles que são responsáveis pelo resvalar da despesa têm de ser civil e criminalmente responsáveis pelos seus actos."
"Vamos ter de cortar em gorduras e de poupar. O Estado vai ter de fazer austeridade, basta de aplicá-la só aos cidadãos."
"Ninguém nos verá impor sacrifícios aos que mais precisam. Os que têm mais terão que ajudar os que têm menos."
"Queremos transferir parte dos sacrifícios que se exigem às famílias e às empresas para o Estado."
"Já estamos fartos de um Governo que nunca sabe o que diz e nunca sabe o que assina em nome de Portugal."
"O Governo está-se a refugiar em desculpas para não dizer como é que tenciona concretizar a baixa da TSU com que se comprometeu no memorando."
"Para salvaguardar a coesão social prefiro onerar escalões mais elevados de IRS de modo a desonerar a classe média e baixa."
"Se vier a ser necessário algum ajustamento fiscal, será canalizado para o consumo e não para o rendimento das pessoas."
"Se formos Governo, posso garantir que não será necessário despedir pessoas nem cortar mais salários para sanear o sistema português."
"A ideia que se foi gerando de que o PSD vai aumentar o IVA não tem fundamento."
"A pior coisa é ter um Governo fraco. Um Governo mais forte imporá menos sacrifícios aos contribuintes e aos cidadãos."
"Não aceitaremos chantagens de estabilidade, não aceitamos o clima emocional de que quem não está caladinho não é patriota"
"O PSD chumbou o PEC 4 porque tem de se dizer basta: a austeridade não pode incidir sempre no aumento de impostos e no corte de rendimento."
"Já ouvi o primeiro-ministro dizer que o PSD quer acabar com o 13.º mês, mas nós nunca falámos disso e é um disparate."
"Como é possível manter um governo em que um primeiro-ministro mente?"
Conta de Twitter de Passos Coelho (@pedropassoscoelho), iniciada a 6 de Março de 2010. O último tuite transcrito é de 5 de Junho de 2011» [DN]
Autor:
Fernanda Câncio.
Dar o exemplo
«Primeiro foi a superficialidade populista e inócua das gravatas, dos ares condicionados, das viagens em económica. Depois veio a pedagogia do contágio: num remake da febre do "dia de trabalho pela nação" dos idos de 75, todos se puseram a competir com todos para mostrar quem cortava mais em alguma coisa. Essas foram as pontas visíveis de um denso iceberg ideológico que, na novilíngua da direita, se exprime em dois mandamentos supremos: primeiro, cortar no Estado é a maior das virtudes cívicas; segundo, é preciso dar o exemplo, e o Estado cortar em si próprio é o mais elogiável dos exemplos.
Mas o que significa dar o exemplo? Na cândida retórica governamental, trata-se de mostrar que o Estado, ciente dos sacrifícios que impõe na vida de quem trabalha, se sacrifica ele próprio, cortando-se (perdoem a sugestão automutilatória) e despojando-se de mordomias e de desperdícios. Ora só engole a patranha quem quer. Como ficou claro na apresentação da estratégia orçamental do Governo, as despesas que o Estado promete cortar são os salários e as pensões dos funcionários públicos, são os gastos com os serviços de saúde, de justiça ou de educação que garantem uma cidadania decente a quem de outra forma ficará dela privado. O resto são trocos. O Governo corta despesa pondo fim à universalidade de serviços, como o dos transportes ou o SNS, e estabelecendo em sua substituição serviços públicos esmolares e carregados de estigma - e, por isso mesmo, desqualificados - para pobres, ao mesmo tempo que transfere para os orçamentos familiares, num país como o nosso, com uma mediana de rendimento pouco acima dos 700 euros, os custos dos serviços prestados aos clientes (que não aos cidadãos).
O Governo não dá exemplo, dá sinais para quem manda na nossa economia, a partir de cá e a partir de fora. Onde a sua retórica de virtudes ficciona cortes que compensem os sacrifícios das pessoas, o que realmente se produz é a duplicação dos sacrifícios dos cidadãos: penalizados primeiro pela austeridade, os portugueses que vivem do seu salário ou da sua pensão, são adicionalmente penalizados pelos cortes do Governo nos seus gastos, que são afinal gastos com a nossa saúde, com a nossa justiça ou a nossa educação. Ou, mais ainda, com os nossos salários e as nossas pensões.
A isso chama a direita, sarcasticamente, as gorduras do Estado. As que são realmente gorduras - as avenças obscenas para pareceres que enriquecem escritórios de advogados, as rendas garantidas para as parcerias público-privado - essas manter-se--ão incólumes, pois claro. E dos suplementos vitamínicos que a anemia recessiva exige - tributação dos rendimentos do capital e dos grandes patrimónios -, desses a direita nem quer ouvir falar. Não são as gorduras que a direita quer cortar. É o músculo. As privatizações darão aos grupos privados a carne limpa e a obsessão ideológica encarregar-se-á do que ainda sobrar.
Neste clima de substituição da política pelo nutricionismo como código de leitura do Estado, a direita quer acima de tudo fazer vingar a ideia de que o melhor Estado é o Estado esquelético e faz, para isso, passar a ideia de que cura de emagrecimento e privação de alimentação são uma e a mesma coisa. Embrulhada nos seus mitos ideológicos, a direita recita o mantra de que o bom governo é o governo mais pequeno. E nessa recitação confluem a direita que desdenha o país concreto e a direita que quer prosperar com negócios fáceis. A estes mitos e obsessões da direita, haja quem contraponha um princípio de decência: o bom governo não é o maior nem o mais pequeno, é o que garante uma democracia que inclua todas as pessoas como iguais na cidadania efectiva.» [DN]
Mas o que significa dar o exemplo? Na cândida retórica governamental, trata-se de mostrar que o Estado, ciente dos sacrifícios que impõe na vida de quem trabalha, se sacrifica ele próprio, cortando-se (perdoem a sugestão automutilatória) e despojando-se de mordomias e de desperdícios. Ora só engole a patranha quem quer. Como ficou claro na apresentação da estratégia orçamental do Governo, as despesas que o Estado promete cortar são os salários e as pensões dos funcionários públicos, são os gastos com os serviços de saúde, de justiça ou de educação que garantem uma cidadania decente a quem de outra forma ficará dela privado. O resto são trocos. O Governo corta despesa pondo fim à universalidade de serviços, como o dos transportes ou o SNS, e estabelecendo em sua substituição serviços públicos esmolares e carregados de estigma - e, por isso mesmo, desqualificados - para pobres, ao mesmo tempo que transfere para os orçamentos familiares, num país como o nosso, com uma mediana de rendimento pouco acima dos 700 euros, os custos dos serviços prestados aos clientes (que não aos cidadãos).
O Governo não dá exemplo, dá sinais para quem manda na nossa economia, a partir de cá e a partir de fora. Onde a sua retórica de virtudes ficciona cortes que compensem os sacrifícios das pessoas, o que realmente se produz é a duplicação dos sacrifícios dos cidadãos: penalizados primeiro pela austeridade, os portugueses que vivem do seu salário ou da sua pensão, são adicionalmente penalizados pelos cortes do Governo nos seus gastos, que são afinal gastos com a nossa saúde, com a nossa justiça ou a nossa educação. Ou, mais ainda, com os nossos salários e as nossas pensões.
A isso chama a direita, sarcasticamente, as gorduras do Estado. As que são realmente gorduras - as avenças obscenas para pareceres que enriquecem escritórios de advogados, as rendas garantidas para as parcerias público-privado - essas manter-se--ão incólumes, pois claro. E dos suplementos vitamínicos que a anemia recessiva exige - tributação dos rendimentos do capital e dos grandes patrimónios -, desses a direita nem quer ouvir falar. Não são as gorduras que a direita quer cortar. É o músculo. As privatizações darão aos grupos privados a carne limpa e a obsessão ideológica encarregar-se-á do que ainda sobrar.
Neste clima de substituição da política pelo nutricionismo como código de leitura do Estado, a direita quer acima de tudo fazer vingar a ideia de que o melhor Estado é o Estado esquelético e faz, para isso, passar a ideia de que cura de emagrecimento e privação de alimentação são uma e a mesma coisa. Embrulhada nos seus mitos ideológicos, a direita recita o mantra de que o bom governo é o governo mais pequeno. E nessa recitação confluem a direita que desdenha o país concreto e a direita que quer prosperar com negócios fáceis. A estes mitos e obsessões da direita, haja quem contraponha um princípio de decência: o bom governo não é o maior nem o mais pequeno, é o que garante uma democracia que inclua todas as pessoas como iguais na cidadania efectiva.» [DN]
Autor:
José Manuel Pureza.
Nós damos 500 mil euros a sindicatos e patrões
«Este governo tem uma relação platónica com o corte da despesa. Ai, sim, gostamos muito, mas depois não concretizam. Se o governo está sem ideias para os cortes, aqui o sujeito está disposto a ajudar. E não me faltam ideias. Por exemplo, parece-me inconcebível que exista um subsídio para a concertação social. Sim, é isso mesmo: a concertação social é subsidiada. Quem diria?
Autor:
Henrique Raposo.
Burocracia policial idiota
«O agente principal Mário Almeida foi intimado a pagar 3,34 euros de portagem Via Verde, por onde tinha passado em Novembro de 2010 quando acompanhava uma comitiva estrangeira participante na Cimeira da NATO, que se realizou em Lisboa nessa altura. » [DN]
O automóvel que conduzia, uma viatura caracterizada com os símbolos da PSP, pertencia a equipa de segurança pessoal da comitiva da Eslovénia.
Relativamente a este caso, só os ofícios - a que o DN teve acesso - são vários: da Direcção Nacional para o Comando Metropolitano do Porto, deste para a Divisão de Gaia, daqui para a esquadra de Oliveira do Douro, onde se encontra actualmente o agente, e respectivas respostas. A justificação do agente foi feita dia 23 deste mês mas ainda não tem resposta da hierarquia.
Relativamente a este caso, só os ofícios - a que o DN teve acesso - são vários: da Direcção Nacional para o Comando Metropolitano do Porto, deste para a Divisão de Gaia, daqui para a esquadra de Oliveira do Douro, onde se encontra actualmente o agente, e respectivas respostas. A justificação do agente foi feita dia 23 deste mês mas ainda não tem resposta da hierarquia.
Parecer:
Se os chefes da PSP fizerem as contas percebem que em tempo e expediente já gastaram muito mais do que os 3,34€ que estupidamente querem cobrar.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se às chefias da PSP se não mais nada para fazer, por exemplo coçar os ditos cujos que sempe é mais barato para os contribuintes.»
Moniz vai adiantar o serviço na RTP?
«A estação pública quer ter José Eduardo Moniz de volta ao ecrã. E estará prestes a consegui-lo: "Ele vai ter um programa só dele", garante fonte da estação pública ao DN. » [DN]
Parecer:
Esta promiscuidade da RTP com a Ongoig que para além de estar interessada em ficar com a RTP ainda é uma grande accionista da Impresa cheia mal que tresanda. Um programa de opinião do Moniz, por aquilo se pode ir lendo nos seus artigos publicados no DE, não passará de um programa de apoio ao Miguel Relvas.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aperte-se o nariz com uma mola da roupa.»
Finalmente
«O Ministério das Finanças anunciou hoje em comunicado que "foi criado, na dependência dos Serviços Centrais da DGCI com competência nesta matéria, um Núcleo de Representantes da Fazenda Pública com a missão específica de intervir, acompanhar e monitorizar os processos judiciais de natureza tributária de valor superior a 1 milhão de euros, independentemente da localização territorial do processo".» [DN]
Parecer:
Seria também interessante se a lei fiscal fosse revista de forma a evitar expedientes que permitem a utilização do recurso judicial como forma de adiamento do pagamento de dívidas.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «»
Quando é o Vasco Graça Moura que o diz
«Sobre os anúncios de uma nova subida de impostos, Vasco Graça Moura disse que ainda é cedo para considerar que Pedro Passos Coelho esteja a falhar com as promessas eleitorais, mas exigiu que as medidas sejam melhor explicadas.
"Caso contrário os que votaram para colocar o PSD no poder, entre os quais me incluo, podem sentir-se defraudados", disse antes de deixar um último aviso: "Se não cumprir o prometido, poderá ser comparado com antecessores e isso não é bom".» [DE]
"Caso contrário os que votaram para colocar o PSD no poder, entre os quais me incluo, podem sentir-se defraudados", disse antes de deixar um último aviso: "Se não cumprir o prometido, poderá ser comparado com antecessores e isso não é bom".» [DE]
Parecer:
Parece que a coisa vai complicar-.se mais cedo do que se pensava.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»