segunda-feira, setembro 05, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Baixa de Lisboa
Jumento do dia


Pedro Passos Coelho

O primeiro-ministro está tão confiante nas explicações que tem dado para os seus excesso de medidas robustas, brutais e extraordinárias que já está preocupado com a ocorrência de tumultos. Ainda não houve uma única manifestação e já faz ameaças. Isto promete.

«O primeiro-ministro falava esta manhã de domingo em Campo Maior, durante a sessão de encerramento das Festas do Povo, de onde ainda vai seguir para o encerramento da Universidade de Verão do PSD. Na sua intervenção, Passos Coelho realçou que o actual Governo não é do PSD, nem do CDS-PP, mas sim de Portugal e frisou que o importante é superar as dificuldades que o país atravessa.



"O que estamos a fazer é a dar conta ao país que vamos respeitar o que foi acordado por um governo antes de nós, quando pediu dinheiro emprestado, e que vamos respeitar o compromisso com os eleitores, fazendo as reformas" necessárias para que, "no fim deste processo", o país consiga "superar estas dificuldades", afirmou.


Segundo o primeiro-ministro, "as pessoas têm que ter confiança também que os portugueses estão vacinados com o que vêem na televisão". Acrescentou: "Pode haver quem se entusiasme com as redes sociais e com aquilo que vê lá fora, esperando trazer o tumulto para as ruas de Portugal", mas, acentuou Passos Coelho, "nunca iremos por aí".


"Aqueles que pensam que podem agitar as coisas de modo a transformar o período que estamos a viver numa guerra com o Governo", quando o que existe é "uma guerra contra o atraso, a dívida e o desperdício", esses "saberão que nós sabemos dialogar, mas que também sabemos decidir", avisou.» [CM]

 Cobardia

A palavra mais adequada para caracterizar o comportamento dos nossos políticos governantes é cobardia, a regra do seu comportamento tem sido a total cobardia, adoptam as medias ou as apoiam e desaparecem, não dão a cara, limitam-se a sacrificar um Vítor Gaspar esperando que o ar de sem abrigo do ministro das Finanças ajude o povo a condoer-se e ignorar a pilhagem fiscal de que está a ser alvo.


Veja-se o exemplo do Paulo Portas que apelava ao voto dizendo seria ele a compensar os excessos do PSD, desapareceu, é menos visto em público do que o cônsul português no Lichtenstein, de vez em quando sabe-se por onde anda ou para onde vai e se não fossem as eleições na Madeira até se poderia dizer que estaria de baixa.

Outro bom exemplo que nos é dado por aqueles que nos dirigem é o de Cavaco Silva, o tal professor que supostamente ainda é presidente da Repúlica, já terá deixado o seu modesto casebre na Quinta da Coelha e tanto quanto se sabe não está a mostrar os Açores aos netos. O homem desapareceu, enquanto esteve em férias ainda escrevia uns bitaites no Facebook, mas desde a última vaga de austeridade o homem parece ter ido experimentar um dos novos submarinos, um dia destes ainda aparece numa fotografia com a farda do Arpão, digamos que enquanto os portugueses estão a ser autenticamente arpoados pelo Gaspar o presidente da república (com letra pequena porque o homem não merece mais) anda entretido a podar as roseiras do Palácio de Belém. Como é costume nele cala-se e aparecem personalidades amigas a falar, desta vez foi a Manuela Ferreira Leite, o pequeno Marques Mendes e o assalariado do Pingo Doce.

Até o Miguel Relvas, um a personagem que parece o Marco Paulo da política, parece ter-se demitido de fazer o trabalho de apoio político ao primeiro-ministro e despareceu. Por sua vez, Passos Coelho é um caixeiro-viajante do governo, não dá a cara por nenhuma das suas medidas e se não fossem os correspondente no estrangeiro da comunicação social nem saberíamos o que pensa ou está fazendo.
 
 Actualização do Mentirómetro

Na sequência da lista de declarações que a jornalista Fernanda Câncio recolheu no Twitter do Pedro Passos Coelho procedeu-se a uma robusta, brutal, colossal e extraordinária do seu mentirómero, o primeiro-ministro começa a ser um sério candidato ao Guiness como o primeiro-ministro mais mentiroso, em pouco mais de dois meses já foram contabilizadas trinta mentiras. Nada mal para quem se diz ser um homem de palavra, o que não seria se não o fosse.
 Mentirómetro: Mentira n.º 31

 
Ultrapassada a árdua tarefa de contabilizar as mentiras recolhidas por Fernanda Câncio é tempo de contabilizar mais uma. Na Festa do Pontal Passos Coelho prometeu que até 31 de Agosto apresentaria um plano detalhado de corte na despesa pública e que até Outubro seria implementado. Como começa já a ser um hábito entranhado Pedro Passos Coelho mentiu, só na passada semana divulgou aquilo a que o Álvaro designou por um corte extraordinário na despesa e afinal nem sequer está detalhado, só se sabe que o corte na Saúde, no Ensino e na Segurança Social vai ser brutal, nada garantindo que a famosa celulite vai ser eliminada, começa a haver a impressão que em matéria de gorduras este governo está a fazer uma operação meramente estética, tira-as do pneu da cintura e mete-as no rabo para ajeitar a bundinha.
  
 Pedro Santana Lopes

Pela forma como foi noticiada a sua escolha para provedor da Santa Casa, que aceitou o convite, até parece que o vereador da CML vai ter a chatice de ser provedor, um verdadeiro frete.

 O desvio colossal já não era um desvio colossal

Passos Coelho disse em Castelo de Vide que era uma expectativa de um desvio significativo nas contas públicas, isto é, nem existia pois era uma mera expectativa, nem era colossal pois limitava-se a ser significativo. Soube-se que Passos Coelho estava a esconder os desvarios despesistas do PSD na Madeira e muda o discurso, o problema é que o Natal já lá foi.
     
 

 Por favor

«Tenho um pedido a fazer aos membros deste Governo: não anunciem mais planos de redução da despesa.

Prometo esquecer-me da famosa proclamação do primeiro-ministro, aquela em que Passos Coelho dizia existirem dois caminhos para a solução do problema do défice: reduzir a despesa ou aumentar impostos, sendo a dos socialistas a segunda e a dele a primeira. Vou varrer da minha memória as afirmações grandiloquentes de actuais responsáveis governamentais, que juravam a pés juntos haver um plano detalhado para o corte nos gastos supérfluos do Estado.

Assobiarei para o lado quando me recordarem as palavras do primeiro-ministro no Pontal, quando assegurava que até dia 31 de Agosto o grande plano ia ser apresentado e até Outubro estaria executado. Fingirei que não percebo nada de aritmética quando me falarem de um terço para isto e dois terços para aquilo. Estou disposto a jurar que quando Passos Coelho disse que seria intransigente na questão das deduções dos gastos em educação, habitação e saúde em sede de IRS e jamais as aprovaria, foi mal interpretado e não era isso exactamente que queria dizer. Quando Paulo Portas aparecer na televisão, vou só concentrar-me nas suas tarefas de ministro de Negócios Estrangeiros e não matutarei no esbulho fiscal que estava em marcha há uns meses. Vou deitar fora o livrinho do Álvaro, o ministro, para não ler o que ele escrevia sobre aumentos de impostos e a facilidade com que se ia cortar na despesa. "Cortes históricos" e "maior redução da despesa dos últimos cinquenta anos" são frases que não utilizarei. Sempre que ouvir falar em gordura, direi que desta vez vou mesmo emagrecer.

Não voltarei a perguntar onde é que afinal está o desvio colossal (o tal que existe mas ninguém diz onde) e desprezarei essa inutilidade chamada boletim de execução orçamental, que teima em malevolamente mostrar que até Junho a despesa desceu e a partir dessa data desatou a subir.

Estou disposto a isto tudo mas, por favor, não anunciem que neste ou naquele dia vão apresentar medidas de corte na despesa. É que é certo e sabido que vem aí um anúncio de mais impostos, o fim de deduções fiscais ou uma subida de preços.

Se esta minha amnésia auto-infligida não for suficiente, posso mesmo controlar-me e não rir às gargalhadas quando o ministro das Finanças voltar a dizer que um aumento de impostos é um exercício de solidariedade, achar normal que o documento de estratégia orçamental não dedique uma palavrinha que seja sobre incentivos ao investimento das empresas - a não ser que se considere o aumento de impostos uma medida potenciadora de mais investimento - ou como diabo se vai pôr a economia a crescer.

Sou capaz de respirar fundo quando pela milionésima vez se ceder às chantagens e desmandos de Alberto João Jardim, achar que os onze grupos de trabalho criados em dez semanas de governação são mesmo necessários - sobretudo os três dedicados ao futebol - ou engolir em seco ao ouvir o ministro para tudo e mais alguma coisa, Miguel Relvas dizer que vai antecipar o pagamento das dívidas da RTP para a poder entregar de boa saúde, sem ónus ou encargos, às dezenas de empresas que, com certeza, acorrerão ao concurso de privatização.

Receio, porém, que estas minhas promessas todas não sejam suficientes. Dia 15 de Outubro vai ser apresentado o Orçamento do Estado para 2012, e nessa altura vamos saber dos cortes, ou seja, é muito provável que surjam mais impostos. Talvez um imposto sobre os gordos, pois de forma evidente não estão a praticar a austeridade. Outro sobre os que tomam banho todos os dias, essa gente que desperdiça água. Até tenho medo de dar ideias, mas estou convencido de que não faltará imaginação ao Governo. Ou então pode ser que nos digam que interpretamos mal as palavras gordura e consumos intermédios. Gordura era assim como dizer salários, consumos intermédios era outra maneira de se falar em pensões, e será aí que irão ser feitos os cortes. É que só faltava mesmo essa.

Sou capaz até de ir a Fátima a pé, mas por favor não marquem mais datas para anunciar cortes na despesa.» [DN]

Autor:

Pedro Marques Lopes.
  
 O fim do jardim do Jardim

«Perante notícias que davam conta do provável fim da zona franca da Madeira, de benefício desconhecido para o país, Alberto João Jardim ameaçou com a independência do arquipélago. O separatismo é assim o último argumento do velho senhor da Madeira, em vésperas de eleições e a braços com a bancarrota da região, cujos contornos vêm sendo conhecidos desde que a troika começou a pedir contas mais detalhadas. Em rigor, a referência à independência é um passo doble de Jardim, que tenta chantagear o Governo da República e, também, congregar apoio dos eleitores, numa região em que tudo parece depender do seu governo, e das suas boas vontades.

É claro que na região há muita gente que, de forma discreta, ou mesmo secretamente, detesta o autoritarismo instalado, odeia a nomenclatura que controla os negócios e o despesismo sem tino e se envergonha com o tom e o teor dos discursos de Jardim. Há muitos outros que viveram anos e anos à custa da economia artificial, que têm emprego garantido no gigantesco sector público da região, e que sabem ou pressentem que, doravante, nada será igual. O problema é que como a região está falida, nem uns nem outros vêem que haja uma alternativa, e muitos ainda acreditam que Jardim conseguirá, com o seu discurso ingrato, atemorizar o Governo dos cubanos e manter em silêncio o Sr. Silva, que sobre a Madeira não tem opinião. Por essa razão, Alberto João é visto como o vencedor antecipado das eleições regionais, ainda que se admita que possa perder votos. Mas essa vitória anunciada pouco ou nada resolverá. Os súbditos continentais de Jardim, porque é isso que somos neste sistema colonial invertido construído após o 25 de Abril, em que os insulares foram poupados a pagar a sua parcela nos custos de soberania, não podem continuar a sustentar esta situação e a saldar as dívidas que se continuam a acumular em ambas as regiões autónomas. Por isso, espero que o Governo não se atemorize nem ceda a pressões. Espero que se limite a cumprir as obrigações constitucionais que são mais do que suficientes em termos de solidariedade territorial e que não hesite em reduzir o custo das empresas públicas.

Se Carlos César não quer fazer ajustamentos nos salários da Função Pública e quer ter empresas regionais inviáveis e inúteis, deve pagar a factura à custa dos seus eleitores.

Se Alberto João não tem dinheiro para pagar aos fornecedores do seu sector público, que aumente o IVA na Madeira, pelo menos para níveis idênticos aos que vigoram no continente. E se quiser propor um referendo na Madeira sobre a independência da região, estarei entre aqueles que aplaudirão a sua iniciativa.

Creio que os madeirenses não partilham desse sentimento separatista que Jardim sempre teve dificuldade em ocultar, e que apenas volta a revelar agora, por desespero. Mas, se o referendo for nacional, temo bem que o voto favorável à independência, que não é a minha escolha, venha a ser maior no continente do que na Região Autónoma da Madeira, porque os continentais, que Jardim apouca, estão fartos de carnavais. Gosto muito da Madeira, acho piada a Jardim, não me aflijo com as suas bravatas, reconheço o que fez no passado para contrariar o centralismo de Lisboa, mas tenho dúvidas sobre muitas das suas obras, que retiraram à Madeira algumas das características únicas e levaram à estagnação do turismo, e tenho a certeza que o monstro que criou, com sector público exagerado à custa de uma subsidiodependência cada vez maior, é um espectáculo caro e um luxo insustentável para um país como o nosso.

A sua eternização no poder resulta das contradições do estatuto autonómico, na medida em que os grandes contribuintes para as suas políticas não votam, sendo natural que os beneficiários locais o apoiem enquanto acreditarem que a sua fórmula é eficiente. Lamento, também, que Jardim tenha contribuído, assim, com o seu estilo e com os seus exageros, para dar argumentos aos centralistas, criando um monstro cuja incontinência ajudou a enterrar a regionalização.» [JN]

Autor:

Rui Moreira.
    

 Pobre Gasparoika

«Ferreira Leite arrasa a política fiscal. Marques Mendes questiona os insuportáveis sacrifícios. Pacheco Pereira critica a política do martelo. Soares avisa que Portugal está no limite. Barreto admite convulsão social. João Duque fala em pouca inteligência. O incómodo alastra no PSD e no CDS. » [DN]

Parecer:

Até tu João Duque?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»
  
 Até tu António!

«O sociólogo António Barreto defendeu hoje o alargamento do prazo do acordo com a troika, considerando que os resultados a prazo seriam os mesmos, mas com menos esforço e violência para os portugueses.

"Estou convencido, sem ser especialista em economia, nem em finanças, que o que está a ser exigido a Portugal, aos portugueses, em três anos, deveria ser feito em cinco anos ou seis, porque daria os mesmos resultados e com um pouco menos de violência, de esforço", afirmou António Barreto, em declarações aos jornalistas no final de um almoço na Universidade de Verão do PSD, que decorre em Castelo de Vide até domingo.» [Expresso]

Parecer:

António Barreto parece ignorar que muitas das medidas adoptadas por Passos Coelho vão para além do acordado e em vez de criticar Passos Coelho de forma directa prefere insinuar que os excessos do governo são culpa da troika. Estará António Barreto preocupado com o país ou as medidas anunciadas vão provocar mossa nas receitas do Pingo Doce?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a António Barreto que seja menos manhoso.»
  
 A secreta bateu no fundo!

«O Serviço de Informações Estratégicas de Defesa (SIED) terá investigado um empresário por razões pessoais a pedido do ex-director Jorge Silva Carvalho, noticia o «Expresso».

Humberto Jardim, produtor de vinhos da Madeira, foi casado com a actual esposa de um administrador da Ongoing, empresa onde o ex-director do SIED agora trabalha.

Paulo Santos terá pedido uma investigação sobre o cadastro e o património do empresário ao colega Silva Carvalho, que por sua vez enviou novo pedido para João Luís, director de operações do SIED entretanto exonerado.» [Portugal Diário]

Parecer:

Uma vergonha.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mande-se esta gente para a cadeia.»