terça-feira, setembro 13, 2011

Uma espécie de concursos

Um governo do PS introduziu os concursos para os lugares de dirigentes da Administração Pública (directores de serviços e chefes de divisão) pretendendo com isso passar a ideia da despolitização das escolhas, supostamente os júris são independentes e dos concursos resultaria a escola dos mais competentes. Agora é um governo do PSD que pretende escolher os directores-gerais, os subdirectores-gerais e outros dirigentes de topo pelo mesmo procedimento.

Sejamos honestos, todos estes concursos são uma fraude, não passam de farsas montadas com o dinheiro dos contribuintes, deles não resultou qualquer melhoria na qualidade dos dirigentes do Estado e muito menos a despolitização das escolhas. São escolhidos os mesmos que dantes eram escolhidos, mas agora gasta-se uma fortuna em concursos e em formação. Sempre que há um concurso para dirigentes toda a gente sabe quem é o escolhido, em regra até é colocado no cargo durante uns tempos em regime de substituição, tempo durante o qual faz currículo e é mandado para o INA onde tira um curso de dirigente pago pelo Estado para se ter a certeza de que fica com um lugar.

Em todos estes anos só fui surpreendido uma vez e não foi porque o júri não tentasse dar-me razão, só que o “candidato oficial” era-o contra a sua própria vontade e tudo fez para não ser escolhido e regressar à direcção de serviços de origem. Alguém se lembrou de o tirar de uma direcção de serviços para outra onde supostamente era útil, ocupou o lugar em regime de substituição o mesmo sucedendo com o cargo que deixou vago, mas na hora da entrevista tudo fez para impedir a nomeação, o júri falava-lhe em alhos e ele respondia propositadamente em bugalhos, acabou por ficar com o cargo que preferia.

Noutro caso pretendia-se colocar uma filhada num determinado serviço mas como o cargo estava ocupado montou-se uma verdadeira rotação nos lugares de chefia. Designemos os serviços por A, B e C, o A localizava-se em Setúbal e era o pretendido pela afilhada por residir naquela cidade, o B e o C localizavam-se em Lisboa. Como a vaga surgiu no serviço C era necessário passar o chefe do B para o C, o do A para o B para então a afilhada ficar com o C. Isto é, para colocar a afilhada no C desestabilizaram-se três serviços durante meses e gastou-se dinheiro em três concursos de fachada porque eram públicas as intenções quanto às escolhas.

Alguém acredita que o ministro das Finanças vai escolher para director-geral do Orçamento alguém do PS ou do PCP por mais mestrados, doutoramentos e conhecimentos de política orçamental que tenha? Não sejamos ingénuos, quando abrir um concurso para o cargo de director-geral do Orçamento já o ministro escolheu o dirigente e tudo o que se vai passar a seguir será uma fraude e gozar com os eleitores. O que dantes se fazia na hora, poupava dinheiro aos contribuintes e assegurava a estabilidade das organizações, vai agora custar tempo e dinheiro e durante meses os organismos estarão sem dirigentes, isso se um dos candidatos não recorrer ao Supremo Tribunal Administrativo da escolha do júri, protelando por meses uma decisão definitiva sobre a escolha.

Com toda esta farsa o governos apenas pretendem ilibar-se das responsabilidade política (que nalguns casos deveria ser civil e mesmo criminal) pelas escolhas que fazem.