quinta-feira, setembro 15, 2011

Um corno e a ponta do outro

O Algarve tem uma população superior à da Madeira (360.564 eleitores inscritos nas últimas eleições legislativas2225.928 nas últimas eleições legislativas), para além da Via do Infante (parte da qual financiada com fundos comunitários) poucas mais infra-estruturas públicas foram construídas na última década, os portos foram abandonados, não se investiu no interior, os concelhos rurais foram esquecidos. Até a auto-estrada que liga Lisboa a Faro foi uma das últimas a ser concluída.

Com menos população a Região Autónoma da Madeira abundam as obras públicas, auto-estradas feitas de túneis e pontes unem a capital a concelhos que pouco mais são do que aldeias, conta com uma burguesia política que enriqueceu a vender sifões de retrete (como alguém muito bem retractou), beneficia de ajudas comunitárias aos bens alimentares (POSEIMA) que permite que estes produtos sejam vendidos a preços substancialmente mais baixos.

Na Madeira chove dinheiro, recebem-se ajudas comunitárias à conta do estatuto periférico, viaja-se de avião quase à borla, investe-se, beneficia-se de leis favoráveis de finanças regionais, fazem-se festas e arraiais, recupera-se rapidamente das catástrofes naturais, financiam-se jornais para que as primeira páginas sejam dedicadas ao governador, vive-se num ambiente de fartura.

Se a comparação em vez de ser feita com o Algarve fosse feita com outras regiões os resultados seriam ainda mais absurdos. Se todos os distritos do país vivessem segundo o estatuto de fartura artificial de que beneficia a Madeira o país era um regabofe, não se dormia com o foguetório, teríamos um político rico por quilometro quadrado, uma auto-estrada a ligar cada uma das nossas aldeias.

E no fim de tudo isto o Alberto, que merece uma estátua à entrada da sede do FMI por ser um dos maiores caloteiros do mundo ofende sistematicamente os governos da República, chama-nos colonialistas e diz que lhe devemos milhões, usa o dinheiro dos contribuintes para, dia sim dia não, abrir um processo judicial pára perseguir todos os que o ousem criticar, goza com o Passos Coelho em pleno congresso do PSD e ainda recebe ovações, faz chantagem com o país pondo em causa a sua coesão nacional, aparece na comunicação em cuecas, dá entrevistas em fato de banho, goza com o país nas tacas de Porto Santo onde organiza as suas universidades de Verão.

É evidente que Passos Coelho vai dar-lhe os muitos milhões de que precisa para pagar todo o regabofe tropica que tem sido a Madeira, ninguém tem dúvidas de que isso vai ser pago com mais sacrifícios por parte dos que o Alberto ofendeu durante décadas, tudo isto porque para o PSD ter o governo regional da Madeira é algo de simbólico, pode perder as maiores autarquias do país, até pode perder o governo da República, mas não pode perder aquele cantinho tropical onde se governa como se fosse uma república das bananas.

É pena que o governo esqueça o sentimento de muitos portugueses porque o que o Alberto merece é um corno e a ponta do outro.