Os sindicatos dos professores, os guerrilheiros da blogosfera que combateram a avaliação e à frente de toda esta gente o Mário Nogueira estão de parabéns, conseguiram uma grande conquista para a classe, aceitaram um modelo de avaliação que está infinitamente mais próximo do modelo anterior do que das alternativas que apresentaram no passado, aceitaram do governo da direita o que nunca teriam aceitado do governo anterior.
O novo modelo é melhor? É menos burocrático? É provável que sim, mas no essencial retoma os fundamentos do anterior e esses nunca foram aceites pelos professores. Se o governo anterior tivesse apresentado esta solução os sindicatos tê-lo-iam aceite? É evidente que não, a única alternativa que alguma vez foi apresentada foi a auto-avaliação sugerida por Mário Nogueira.
A posição mais surpreendente é a de Mário Nogueira, o destacado militante do PCP e membro do CC, discorda porque no essencial o modelo retoma os princípios do anterior, não assina o acordo mas assina uma acta elogiosa e, por fim, manda os professores desmobilizar sugerindo-lhes "virem a página para outros problemas maiores que têm pela frente".
Quais são os outros problemas maiores dos professores?
Será o encerramento das escolas arcaicas decidida pelo anterior governo e contra a qual Mário Nogueira protestou em defesa da escola pública? Não deve ser pois o mesmo Mário Nogueira quando a decisão foi retomada pelo actual governo porque via nela a forma de reduzir os professores contratados o sindicalista aceitou a medidas.
Será o aumento do número de alunos por turma? Não deve ser pois o Mário Nogueira esqueceu-se de fazer a algazarra do costume em defesa da qualidade do ensino e da escola pública mesmo sabendo que essa medida visa apenas a redução das necessidades de professores contratados.
Será a defesa do emprego para os professores contratados? Esta passou a ser a bandeira do PCP que não se cansa de usar nos seus sites e no Avante, mas a verdade é que ao sindicalista profissional interessa apenas os professores instalados, são esses que enchem o seu sindicato e se for necessário aceitar o desemprego de professores para em troca receber algumas benesses ministeriais o Mário aceita.
Independentemente das virtudes deste ou daquele modelo de avaliação a verdade é que os sindicatos e os professores aceitaram aquilo que na essência era o modelo de avaliação anterior, mais burocracia, menos burocracia aceitaram o que no passado rejeitaram. Fica evidente que nunca esteve em causa nem a avaliação, nem a defesa da escola pública. O que esteve em causa foi uma imensa manobra política para ajudar a direita a chegar ao governo.
Agora só nos resta esperar que o Miguel Relvas convide o Mário Nogueira para seu adjunto, o conhecido sindicalista já fez mais pelo seu governo do que alguma vez farão ministros como o Álvaro até que sejam substituídos numa remodelação governamental. Depois de ter feito o maior frete que alguma vez foi feito à direita em Portugal o Mário Nogueira e outros bem merecem receber os seus trinta dinheiros.