Quando à falta de colónias e subsídios europeus o parasitismo empresarial português tinha encontrado mais um balão de oxigénio no empobrecimento de funcionários públicos e pensionistas, eis que veio Cavaco e estragou a festa. Estava tudo a correr bem, Cavaco tinha levantado os limites à austeridade, O ministro que mora em Lisboa mas tem subsídio de residência estava a garantir que o pessoal do cassetete ficava bem disposto, as centrais sindicais já tinham convocado a greve geral da praxe e até o líder da oposição dava por aprovado um orçamento que desconhecia. Os muitos milhões tirados à função pública até animaram Mira Amaral que já pedia mais dinheiros para fazer o sacrifício de levar o BPP limpinho, com capitais e à borla.
É então que Cavaco se lembrou de ler o OE, olhou para o espelho e ficou com a sensação de que lhe estava a nascer um bigode à Augusto Pinochet, chamou o seu pequeno chefe da Casa Civil para lhe dar conta do susto e ficou ainda pior, que vez do seu obediente chefe julgou ver entrar no seu gabinete o antigo chefe da Dina. Ele que passou a vida a dizer que é social-democrata que foi para Presidente para ajudar o país com os seus conhecimentos de economia, sentia-se como mais um polícia de intervenção, um caceteiro encarregado de explicar aos cidadãos de forma elucidativa os princípios da política económica do Gaspar.
Não podia ser, tiravam-lhe subsídios, nem a pensão miserável da esposa escaparia à perda de um subsídio e só contavam com ele para tropa de choque, tinha de tratar da sua imagem, até porque era uma oportunidade de voltar a assumir o estatuto de presidente de todos os portugueses. Pensou e fez, juntou-se ao bispo das forças armadas e desancou no orçamento. Estragou o caldinho aos vizinhos da Quinta da Coelha.
Nem o obediente Catroga resistiu à tentação de desancar no vizinho, até porque o que o vizinho da Quinta da Coelho disse não era uma mera pentelhice, era uma verdadeira vulva política, algo parecido a apelar ao pessoal para se juntar aos enrascados.
E foi o que se viu, na Quinta da Coelha passou a haver mais pedrada do que em Chelas, com as Ildas esbaforidas a meter os putos em casa. O caso é tão grave que nem o Marques Mendes resistiu à tentativa concretizada de parricídio político.