sexta-feira, outubro 28, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Flor do Parque da Bela Vista, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Janela da aldeia de Monsanto [A. Cabral]
  
Jumento do dia


Vítor Gaspar

Compreende-se que Gaspar tenha passado muito tempo encafuado em gabinetes de Bruxelas e desconheça algumas regras da democracia, mas ao fim de alguns meses começa a ser tempo de reparar que num Estado de direito há regras e uma delas é a da transparência das contas públicas. Nas ditaduras é que há só uma solução económica, os ministros das Finanças são salvadores da pátria e tudo é decidido por determinação divina ou por desvios colossais.
 
Começa a ser tempo de Gaspar deixar de manter as contas públicas em segredo para as usar em debates políticos como trunfo na manga para quando está atrapalhado ou receia ser incapaz de argumentar em favor da sua política.

«Nos próximos três anos, Portugal vai pagar 655 milhões de euros em comissões por causa do empréstimo da troika. É o equivalente aos cortes na Educação para 2012. número foi revelado pelo ministro das Finanças durante o debate do Orçamento rectificativo no Parlamento.

Vítor Gaspar respondia a uma pergunta do deputado comunista Honório Novo. Segundo o ministro, só para este ano as comissões a pagar ascendem a 355 milhões de euros e contribuem para o desvio nas contas que levou o Governo a lançar um imposto sobre o subsídio de Natal.» [DN]

 "Los Nadie"


    
 

 É bandido? Atropela-se

«Os nomes são gentis, mas Pidá, Palavrinhas, Chibanga, Tiné e mais dois estão a ser julgados pelo assassínio de um rei da noite do Porto, em Agosto de 2007. Naquela madrugada houve tiroteio com pistolas de 9 mm e caçadeiras shotguns. Já tinha havido mortes a montante e iria haver a jusante, mas aqueles seis do gang do Pidá respondem agora, no Palácio da Justiça, no Porto, pela morte daquela madrugada. A juíza pediu ao inspector-chefe da PJ pormenores sobre o relatório da acusação. O polícia disse ter fontes anónimas. Quem? O polícia preveniu: identificando-a, não "podia prever consequências". A juíza insistiu. E o polícia atirou com um nome, Fernando "Beckham", condenado por outro assassínio cometido com Pidá - estando ambos presos na cadeia de Paços de Ferreira. Segundo o inspector, "Beckham" é uma pessoa "desesperada", que "teve necessidade de desabafar com alguém". Calculem como estará ele, agora, quando sabe que Pidá sabe que o delatou - espero que não partilhem uma cela. Aqui chegado, peço aos leitores para não desprezarem o episódio só porque os bandidos são de outro mundo. Este episódio é do nosso mundo, aconteceu num nosso tribunal. Uma fonte anónima foi identificada sem se "prever consequências" do que lhe acontecerá. Em linguagem de bandidos diz-se "foi dada à morte". É a linguagem de bandidos que deve ser usada porque naquele nosso tribunal, naquele dia, as palavras oficiais foram disparadas por shotguns.» [DN]

Autor:

Ferreira Fernandes.
  
 A pobreza bem apessoada

«Nos idos da Guerra Colonial, chegou-me às mãos, enviado de Paris a embrulhar um frasco de água de colónia (a imaginação não tinha limites para iludir os homens da PIDE que, nos CTT, espiolhavam a correspondência "vinda de fora"), um número da "Paris Match" sobre a guerra na Guiné. A edição incluía uma foto de Spínola primorosamente fardado e de monóculo, e - reportando-se ao facto de o general, para manter elevado o moral das tropas, ser implacável na exigência de ver os soldados sempre bem barbeados e, como se diz no Exército, devidamente "ataviados" - tinha como título algo do género: "Perder a guerra sim, mas com a barba feita".

Passaram 40 anos e, hoje, a guerra é outra, já não contra os "turras" em nome da "civilização cristã ocidental", mas contra trabalhadores, pensionistas e pobres em nome da civilização dos "mercados".

E Spínola parece ter deixado epígonos, pelo menos na Câmara de Barcelos. Conta a Lusa que a autarquia, para manter elevado o moral (a Câmara de Barcelos diz "bem-estar") dos humilhados e ofendidos pela política governamental de, como Passos Coelho reconhece, empobrecimento geral, contratou um cabeleireiro que lhes assegurará serviços gratuitos de coloração, corte, "brushing" e "manicure".

Como a "Paris Match" diria, as "pessoas afectadas por situações de carência" de Barcelos poderão morrer de fome, mas morrerão impecavelmente penteadas e de unhas envernizadas e aparadas.» [JN]

Autor:

Manuel António Pina.
     

 Autarca de Mondim de Basto dá o exemplo

«"Não é permitido nenhum funcionário ausentar-se do seu local de trabalho durante o horário de trabalho para partilhar um cigarro, um café ou uma curta refeição", pode ler-se no despacho de 21 de Outubro de Humberto Cerqueira, autarca a cumprir o terceiro e último mandato consecutivo.» [CM]

Parecer:

Este país começa a estar infestado de idiotas. Este de Mondim é tão idiota que não proibe fumar, beber café ou comer, ao que parece tudo isso pode fazer-se mas sem companhia.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao ilustre autarca que os funcionários podem defecar durante o horário de trabalho.»
  
 PS alinha no populismo

«O PS anunciou hoje que avançará com diplomas para indexar as remunerações dos membros de entidades reguladoras, altos cargos públicos e gestores públicos ao salário do Presidente da República, nunca podendo exceder o vencimento do primeiro-ministro.» [DN]

Parecer:

É lamentável que só o faça agora e que quando esteve no governo nem mesmo quando cortou os vencimentos dos funcionários públicos se lembrou de acabar com o abuso nas entidades públicas. Parece que é mais fácil cortar aos boys dos outros.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»
  
 Crato acaba também com o prémio para o melhor professor

«Ministério da Educação adiantou ao DN que, tal como fez com os prémios para alunos, vai reformular a distinção criada por Maria de Lurdes Rodrigues para os melhores professores.» [DN]

Parecer:

Esperemos que acabe também com todos os campeonatos desportivos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao ministro Cratino que crie prémio para o pior ministro da Educação.
  
 Banca: afinal a ajuda do Estado dá jeito

«A eventual necessidade de os maiores bancos portugueses recorrerem à linha de recapitalização bancária enquadrada no programa de ajuda externa a Portugal "não era vergonha nenhuma", disse hoje à agência Lusa o presidente do Millennium BCP, Carlos Santos Ferreira.

"Não era vergonha nenhuma recorrer à linha dos 12 mil milhões de euros", afirmou o banqueiro, salientando que a existência desta linha de recapitalização para a banca em Portugal, criada por altura da celebração do pacote de apoio financeiro internacional ao país, ao contrário do que acontece nos outros países europeus, "dá tranquilidade" às principais entidades bancárias portuguesas.» [DE]

Parecer:

Pois, os nossos banqueiros andavam armados em esquisitos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»
  
 Hiper merceeiro aumenta lucros

«Retalhista obteve resultados líquidos de 255,7 milhões de euros nos primeiros nove meses do ano, graças a um aumento de 15,6% nas vendas em comparação com o período homólogo. Jerónimo escolheu a Colômbia como nova geografia em que vai investir.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Com lucros destes pode investir em livrinhos escritos pelos Fernandes e vendê-los na fundação da treta.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mandem-se os parabéns ao bem sucedido merceeiro.»
  
 Isto vai acabar mal

«Se a importância que os nossos governantes dão aos países que lhes cabe visitar se medisse pela dimensão da comitiva que os acompanha, ficaríamos a saber que a 21.a Cimeira Ibero-Americana, que decorre entre os dias 27 e 28 de Outubro, em Assunção, no Paraguai, é muito mais importante para o Presidente da República que para o primeiro-ministro ou para o chefe da diplomacia, Paulo Portas.
 
Enquanto Pedro Passos Coelho leva consigo quatro pessoas, incluindo segurança, Aníbal Cavaco Silva arrasta atrás dele um séquito de 23, no qual se incluem mordomo e médico pessoal. O Presidente, que se eternizou na célebre frase “Ninguém está imune aos sacrifícios”, já tinha suscitado consternação aquando da visita aos Açores em Setembro, por se ter feito acompanhar de uma comitiva de 30 pessoas, entre as quais estavam o chefe da casa civil e sua esposa, quatro assessores, dois consultores, um médico pessoal, uma enfermeira, dois bagageiros, dois fotógrafos oficiais, um mordomo e 12 agentes de segurança.
 
Numa altura em que os portugueses são diariamente chamados a acreditar nas garantias consoladoras de dificuldades justamente partilhadas e convidados a aceitar cortes, inevitável emagrecimento e até empobrecimento, eis que o chefe de Estado português aterra no Paraguai amanhã, depois de uma escala no Brasil, com o equivalente a duas equipas de futebol, com custos que, contabilizados ao nível do cidadão comum, e só no que diz respeito ao preço dos voos, são de 7500 euros por pessoa para um bilhete de ida e volta em classe executiva e 1870 euros em classe económica.» [i]

Parecer:

Quando os jornais amigos do governo já comparam Cavaco com Passos Coelho é porque as coisas estão a ficar mesmo mal, nem nos piores tempos das relações entre Cavaco e Sócrates se chegou tão baixo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Ó Ilda mete os putos na barraca!»
 

 Bangkok Underwater [The Atlantic]