Entre desvios colossais da Madeira, expectativas negativas para a economia mundial e ausência de qualquer corte das gorduras do Estado começam a existir sérias dúvidas quanto à possibilidade de Portugal escapar ao aumento exponencial da dívida externa e a mais um resgate com a consequente mezinha de austeridade brutal receitada pela troika. Mesmo que se cumpra o limite de 5,9% para o défice a verdade é que isso é conseguido principalmente de cortes temporários de vencimentos ou de aumentos igualmente temporários de impostos. Os desvios colossais, uns imaginários e outros que o Alberto João assegura que não vai pagar, não foram compensados por qualquer receita fiscal adicional ou por um corte da despesa, vão ser compensados pela transferência de fundos de pensões, uma manobra financeira que a curto prazo ilude o défice mas a longo prazo levará a Segurança Social à falência, isso se a descida brutal da TSU não o conseguir antes.
É evidente que a troika negociou um acordo na dupla condição de justiceiros europeus, aplicaram-nos taxas de juro elevadas a título de castigo e impuseram-nos um apertado programa de cortes e de liberalização para se assegurarem de que voltaríamos a ser credores bem comportados. A troco da ajuda financeira, com juros elevados e a garantia de que se a coisa dá para o torto a dívida à troika será sempre paga, foi-nos imposto um programa de liberalização que permite aos capitais europeus poderem ser rentabilizados naquilo que em Portugal ainda dá lucro e, de caminho, mandaram-nos privatizar a água, um grande negócio para o futuro, um dia destes quem encher um copo com as gotas da chuva arrisca-se a ser multado por roubo.
É evidente que à pergunta “vamos pagar a dívida?” a resposta é nim. Sem recurso aos truques o défice continuará ao nível de 2011 ou mais, se considerarmos as tropelias do Alberto a que se acrescerão outras que costumam aparecer no final do ano, o que significa que a dívida continuará a crescer acima do previsto. 2011 Foi um ano perdido pois as medidas adoptadas não contribuíram para consolidar as contas públicas.
Portugal está, portanto, confrontado com três alternativas:
- Levar a sério o esforço de consolidação das contas públicas adoptando medidas a sério e que minimizem o impacto sobe o crescimento económico.
- Assumir que a dívida ficará fora de controlo e optar pela sua renegociação.
- Continuar aos cuidados de uma troika que está mais preocupada com os seus empréstimos os nossos credores e, pelo vistos, contando com a ingenuidade dos governantes para fazerem experiências académicas de resultados duvidosos.
Em qualquer dos casos a recessão é inevitável e os custos sociais acabarão por se fazer sentir, a diferença está na defesa da soberania impedindo que a troco de uma falsa ajuda a economia seja pilhada pelos credores.
A melhor solução seria os políticos portugueses chegarem a um acordo em torno dos interesses nacionais, mas isso é pouco credível, basta olhar para os bem pensantes que pediram um governo de unidade antes das eleições, começaram a calar-se quando as sondagens começaram a favorecer o PSD e despareceram quando a direita chegou ao poder. O Presidente da República também não tem condições para promover a unidade do país, depois da forma como se tem comportado é o presidente de uns quantos portugueses, além disso é muito duvidoso que tenha competência para tal tarefa.
Parece inevitável que continuemos aos cuidados da troika até que esta perceba que falhou e comece a discutir o incumprimento controlado ou descontrolado da dívida.