O PSD fez uma imensa peixeirada quando negociou uma abstenção na votação do Orçamento de Estado para 2011, não votou a favor mas forçou o Governo a adoptar algumas das suas medidas. Logo a seguir à posse os membros do Governo não se cansaram de alardear que o acordo com a troika contava com uma maioria de 80% no que foram seguidos pelo Presidente da República.
Todavia, com a maioria absoluta Passos Coelho ignorou o PS e o Cavaco Silva nunca mais se lembrou de exigir amplas maiorias parlamentares como fez por várias vezes com Sócrates no Governo. Passos Coelho passou a negociar directamente com a troika e esta nunca mais se lembrou que o PS tinha assinado o acordo com a troika. Invocando o acordo com a troika o Governo adoptou um orçamento de guerra e mais uma vez ignorou o PS, José Seguro tomou conhecimento das medidas orçamentais depois deste ter sido entregue no parlamento.
Na sua comunicação ao Pais Passos Coelho fez pressão sobre o PS para votar favoravelmente o orçamento e desde então alguns caniches e galos-da-Índia do PSD têm vindo a exigir o voto favorável, é o caso de Luís Filipe Menezes, o campeão do endividamento autárquico e um autêntico Alberto João do Norte.
Em todo este processo António José Seguro tem-se limitado a dizer banalidade, aliás, fez muito pior, muito antes de conhecer as medidas do orçamento retirou o tapete ao seu próprio partido ao dizer que a probabilidade de o PS votar desfavoravelmente este orçamento seria de 0,0001. Com esta declaração mais própria de um assessor de Passos Coelho do que do líder do maior partido da oposição, Seguro retirou qualquer credibilidade ao PS durante o debate do orçamento.
Desde que José Seguro chegou à liderança do PS que este partido entrou numa verdadeira letargia, primeiro porque o líder não tinha a sua equipa, depois porque lhe faleceu um familiar, depois não se sabe bem porquê e agora por razões que os eleitores do seu partido dificilmente conseguirão descortinar. José Seguro comporta-se mais como um ministro sem pasta de Passos Coelho do que como líder do maior partido da oposição que tem valores e princípios que são estilhaçados pelo orçamento apresentado por Passos Coelho.
António José Seguro fez mais oposição ao Governo de Sócrates do que como líder do PS está a fazer ao Governo da direita, diria mesmo que manifestou mais vezes a sua discordância em relação a Sócrates do que em relação a Passos Coelho. Não admire que mesmo perante um Passos Coelho a generalidade dos comentadores desvalorize José Seguro.
António José Seguro lá saberá o que pretende mas uma coisa é certa, se o PS se abstiver ou votar favoravelmente neste OE não colocarei a hipótese de votar neste partido enquanto ele tiver um cargo dirigente.