Ninguém de bom senso e com um mínimo de inteligência fica num país onde o primeiro-ministro assume como principal objectivo da sua política económica o empobrecimento forçado e acelerado dos seus concidadãos. Passos Coelho deixou-se de desvios colossais, já se esqueceu do prometido programa de ajustamento da Madeira, deixou-se de ser mais troikista do que a troika, assumiu claramente o seu objectivo de política económica a médio prazo, empobrecer Portugal e a maioria dos portugueses.
Começou por decretar o empobrecimento dos que dependem do Estado e para começar ordenou que os que trabalham no sector privado o façam à borla durante uma meia-hora diária, não sendo de admirar que brevemente o país regresse ao fim-de-semana inglês dos anos sessenta.
Não ouvimos do ministro da Saúde a mais pequena preocupação com a melhoria da saúde dos portugueses, o homem da Opus Dei no Governo parece o profeta da desgraça, todos os dia nos dá a conhecer desgraças estatísticas do SNS. O ministro dos Assuntos Sociais assume-se cada vez mais como ministro da cardidadezinha, o seu trabalho é acabar com os controlos sanitários e de qualidade nas cantinas dos pobres, apertar as crianças nos infantários e adoptar outros esquemas mais adequados a um país que se pretende pobre. O ministro da Educação aumenta o número de alunos por turma, emagrece os programas curriculares, para ser bom a matemática basta um bocado de giz e uma ardósia. O ministro da Economia descobriu que com mais meia hora não ficava a trás do Gaspar, um cortava nos trabalhadores do público, o outro obrigava os do privado a trabalhar á borla.
Pela primeira vez no mundo um Governo democraticamente eleito assume como objectivo empobrecer os cidadãos, dispensa-se de adoptar qualquer medida que faça nascer a esperança e transforma o seu dia-a-dia no exercício sado de descoberta de qualquer sinal de progresso que tenha sido financiado pelo Estado. Progresso é os portugueses serem pobres, comportarem-se de forma mansa e aceitarem o destino que Deus lhe deu. O progresso há-de vir um dia para aqueles que forem os eleitos.
Este ‘portuguese way of life’ imposto pela maioria de direita ao país não vai levar muitos portugueses a emigrar como sucedeu no passado, pior do que isso, desta vez os portugueses que estiverem em idade de o fazer vão abandonar o país, vão desprezar o país que os desprezou, vão dar razão ao graffiti que nos anos 70 pintaram no aeroporto de Lisboa, “o último a sair que apague a luz”.
Um país que não abare uma janela de esperança aos seus cidadãos é um país em extinção, é um país onde só sobrevivem corruptos, empresários do tipo pato-bravo, políticos mentirosos, banqueiros proxenetas, compradores de empresas privatizadas, gente que não paga impostos, chulos, prostitutas, os filhos das dita e outro tipo de gente que hoje se engalfinha para elogiar o brilhantismo intelectual do Álvaro ou para descobrir no Gaspar um comunicador como poucos.
Nenhum país sobrevive sem esperança ou à partida dos mais válidos, o ‘portuguese way of life’ que está a ser inventado por estes estarolas vai desgraçar Portugal.