Foto Jumento
Burros mirandeses no castelo de São Jorge, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento
Caixa de correio [A. Cabral]
Jumento do dia
Passos Coelho e Duarte Marques, líder da JSD
Compreende-se e até se considera positivo que os partidos tenham as suas jotas para brincarem à política e mesmo às universidades do faz de conta, mas já não se aceita que os jotas pensem que cresceram e podem transformar o país numa imensa creche de anormais.
Desde há uns anos que o PSD tem como estratégia habitual a eliminação política dos adversários e desde o tempo dos outdoors da JSD com insinuações sobre Sócrates que esta organização juvenil tem assumido o trabalho mais sujo. Por serem jotas tendemos a pensar que são gaiatos, mas esse não é o caso, na JSD há crianças com idade para serem chefes de família, com a idade limite para ser militante da JSD já o meu pai tinha de alimentar três filhos.
Se o PSD entende que um ex-primeiro ministro deve ser condenado num tribunal então deve revelar consideração pelo país e em vez de mandar os putos apresentar queixa deve ser ele a assumi-la. E o puto irresponsável da JSD deve olhar para o BI e perceber que já tem idade para deixar de se armar em idiota e não querer transformar a justiça numa brincadeira de crianças.
«Nesse sentido, o líder da JSD disse que vai enviar em breve uma carta ao Procurador-Geral da República, Fernando Pinto Monteiro, na qual fará um apelo à investigação e à criminalização de eventuais responsáveis pela situação do país.
"Apelamos ao PGR que, à semelhança do que já anunciou noutros casos no passado, investigue a situação e que leve ao banco dos réus os verdadeiros culpados da situação a que o país chegou, como o próprio ex-primeiro-ministro que neste momento está a passear em Paris enquanto os portugueses vêem os seus bolsos esvaziar a cada dia que passa", frisou.» [DE]
Desde há uns anos que o PSD tem como estratégia habitual a eliminação política dos adversários e desde o tempo dos outdoors da JSD com insinuações sobre Sócrates que esta organização juvenil tem assumido o trabalho mais sujo. Por serem jotas tendemos a pensar que são gaiatos, mas esse não é o caso, na JSD há crianças com idade para serem chefes de família, com a idade limite para ser militante da JSD já o meu pai tinha de alimentar três filhos.
Se o PSD entende que um ex-primeiro ministro deve ser condenado num tribunal então deve revelar consideração pelo país e em vez de mandar os putos apresentar queixa deve ser ele a assumi-la. E o puto irresponsável da JSD deve olhar para o BI e perceber que já tem idade para deixar de se armar em idiota e não querer transformar a justiça numa brincadeira de crianças.
«Nesse sentido, o líder da JSD disse que vai enviar em breve uma carta ao Procurador-Geral da República, Fernando Pinto Monteiro, na qual fará um apelo à investigação e à criminalização de eventuais responsáveis pela situação do país.
"Apelamos ao PGR que, à semelhança do que já anunciou noutros casos no passado, investigue a situação e que leve ao banco dos réus os verdadeiros culpados da situação a que o país chegou, como o próprio ex-primeiro-ministro que neste momento está a passear em Paris enquanto os portugueses vêem os seus bolsos esvaziar a cada dia que passa", frisou.» [DE]
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O governo foi simpático
Manteve a taxa reduzida do iva aplicado ao vinho para que nos possamos embebedar sem pagarmos mais impostos. Só num país de bêbados se penalizam as bebidas não alcoólicas e se favorece o consumo do vinho em nome do interesse nacional.
Procuram-se
Paulo Portas: desde que tomou posse desapareceu, voltou a ser visto por horas na Madeira. De vez em quando aparece algures por esse mundo fora, está a tirar a barriga de misérias viajando como ninguém em classe executiva.
Nuno Crato: desde que retirou os prémios à miudagem que desapareceu.
Mário Nogueira: receia-se que numa reunião secreta do CC do PCP foi decidido enviar o sindicalista para tratamento psiquiátrico. A reunião terá sido convocada de urgência quando o líder da Fenprof foi bajular o Alberto João em plena campanha eleitoral de onde o PCP saiu reduzido a metade.
Mota Soares: deixou de ser visto desde que decidiu sentar dois putos em cada cadeira das creches e alimentá-los com refeições elaboradas sem controlos sanitários.
João Duque: dizia-se que seria ministro, ficou-se por uma comissão da treta da RTP e desapareceu.
Ângelo Correia: chegou a prometer puxar as orelhas a Passos quando este fizesse asneira, tanto quanto se sabe continua rico mas sem cumprir a sua promessa. De vez em quando aparece na televisão´.
Eduardo Catroga: tal como diria o deputado Amorim o ex-ministro das Finanças não passou de um orgasmo precoce em resultado dos famosos pentelhos.
Leite Campos: dele se esperava que viesse alegrar o país com as suas parvoíces mas parece ter sido ultrapassado pelo Batanete da Economia. Apesar de tudo era mais hilariante do que o Álvaro que mais parece uma anedota de mau gosto.
João Palma: com as eleições legislativas todos os problemas que atormentavam o sindicalistas dos magistrados do Ministério Público desapareceram e até parece que o agitado magistrado deu entrada no convento da Cartucha.
Ana Avoila: se a TVI produzir uma telenovela intitulada "capuchinho Vermelho" a destacada sindicalista é uma séria candidata ao desempenho do papel principal, até lá e desde as eleições parece que se retirou da vida política activa onde desempenhou o papel de lobo mau no tempo de José Sócrates.
João Palma: com as eleições legislativas todos os problemas que atormentavam o sindicalistas dos magistrados do Ministério Público desapareceram e até parece que o agitado magistrado deu entrada no convento da Cartucha.
Ana Avoila: se a TVI produzir uma telenovela intitulada "capuchinho Vermelho" a destacada sindicalista é uma séria candidata ao desempenho do papel principal, até lá e desde as eleições parece que se retirou da vida política activa onde desempenhou o papel de lobo mau no tempo de José Sócrates.
Falta de honestidade intelectual
«Afinal, havia um buraco colossal, de três mil milhões de euros, afinal, estávamos mais próximos do desastre grego do que o pensávamos.» [António Costa, director do Diário Económico]
Confirmar sem fazer contas que existe um buraco de 3.000 milhões, chamar a este buraco colossal, justificar medidas brutais com um desvio de um montante muito menor, não se dar ao trabalho de confirmar esse buraco, ignorar que as medidas se prolongam para dois anos em que supostamente não haverão buracos e esquecer que esse buraco vai ser compensado com medidas extraordinárias antes do final de 2011 é uma descarada falta de honestidade intelectual.
O facto de António Costa concordar com uma política não é merecedor de crítica, ainda há poucos dias o director do DE defendia um despedimento em massa no Estado, não se percebeu se era essa a sua opinião ou se alguém lhe pediu para criar o ambiente. Mas o que o jornalista economista faz não é isso, é usar o seu jornal que é pago pelos leitores para os enganar tentando dar consistência aos argumentos dos spin doctors governamentais.
Isto revela também alguma tibieza intelectual, se António Costa fosse um homem inteligente encontraria argumentação melhor para apoiar uma política e até seria mais eficaz na sua estratégia. Mas para a Ongoinge para António Costa não basta apoiar o Governo a troca da RTP, é preciso que o governo ninguém duvide desse apoio, daí a transformação de um jornal credível numa espécie de Jornal da Madeira da política económica do governo em funções.
Uma dúvida
Confirmar sem fazer contas que existe um buraco de 3.000 milhões, chamar a este buraco colossal, justificar medidas brutais com um desvio de um montante muito menor, não se dar ao trabalho de confirmar esse buraco, ignorar que as medidas se prolongam para dois anos em que supostamente não haverão buracos e esquecer que esse buraco vai ser compensado com medidas extraordinárias antes do final de 2011 é uma descarada falta de honestidade intelectual.
O facto de António Costa concordar com uma política não é merecedor de crítica, ainda há poucos dias o director do DE defendia um despedimento em massa no Estado, não se percebeu se era essa a sua opinião ou se alguém lhe pediu para criar o ambiente. Mas o que o jornalista economista faz não é isso, é usar o seu jornal que é pago pelos leitores para os enganar tentando dar consistência aos argumentos dos spin doctors governamentais.
Isto revela também alguma tibieza intelectual, se António Costa fosse um homem inteligente encontraria argumentação melhor para apoiar uma política e até seria mais eficaz na sua estratégia. Mas para a Ongoinge para António Costa não basta apoiar o Governo a troca da RTP, é preciso que o governo ninguém duvide desse apoio, daí a transformação de um jornal credível numa espécie de Jornal da Madeira da política económica do governo em funções.
Uma dúvida
Marcelo Rebelo de Sousa teve um palpite ou foi alguém do governo que o informou do corte dos subsídios e lhe pediu o frete de mandar umas bocas para preparar o ambiente?
A diferença pode ser muito importante, é a diferença entre alguém que é conselheiro de Estado e não sabe comportar-se como tal e alguém que sendo conselheiro de Cavaco acumula com as funções de alcoviteira oficiosa de Passos Coelho.
Discurso do filósofo Slavoj Žižek aos manifestantes da Liberty Plaza, Nova Iorque
A diferença pode ser muito importante, é a diferença entre alguém que é conselheiro de Estado e não sabe comportar-se como tal e alguém que sendo conselheiro de Cavaco acumula com as funções de alcoviteira oficiosa de Passos Coelho.
Discurso do filósofo Slavoj Žižek aos manifestantes da Liberty Plaza, Nova Iorque
Não se apaixonem por si mesmos, nem pelo momento agradável que estamos tendo aqui. Carnavais custam muito pouco – o verdadeiro teste de seu valor é o que permanece no dia seguinte, ou a maneira como nossa vida normal e cotidiana será modificada. Apaixone-se pelo trabalho duro e paciente – somos o início, não o fim. Nossa mensagem básica é: o tabu já foi rompido, não vivemos no melhor mundo possível, temos a permissão e a obrigação de pensar em alternativas. Há um longo caminho pela frente, e em pouco tempo teremos de enfrentar questões realmente difíceis – questões não sobre aquilo que não queremos, mas sobre aquilo que QUEREMOS. Qual organização social pode substituir o capitalismo vigente? De quais tipos de líderes nós precisamos? As alternativas do século XX obviamente não servem.
Então não culpe o povo e suas atitudes: o problema não é a corrupção ou a ganância, mas o sistema que nos incita a sermos corruptos. A solução não é o lema “Main Street, not Wall Street”, mas sim mudar o sistema em que a Main Street não funciona sem o Wall Street. Tenham cuidado não só com os inimigos, mas também com falsos amigos que fingem nos apoiar e já fazem de tudo para diluir nosso protesto. Da mesma maneira que compramos café sem cafeína, cerveja sem álcool e sorvete sem gordura, eles tentarão transformar isto aqui em um protesto moral inofensivo. Mas a razão de estarmos reunidos é o fato de já termos tido o bastante de um mundo onde reciclar latas de Coca-Cola, dar alguns dólares para a caridade ou comprar um cappuccino da Starbucks que tem 1% da renda revertida para problemas do Terceiro Mundo é o suficiente para nos fazer sentir bem. Depois de terceirizar o trabalho, depois de terceirizar a tortura, depois que as agências matrimoniais começaram a terceirizar até nossos encontros, é que percebemos que, há muito tempo, também permitimos que nossos engajamentos políticos sejam terceirizados – mas agora nós os queremos de volta.
Dirão que somos “não americanos”. Mas quando fundamentalistas conservadores nos disserem que os Estados Unidos são uma nação cristã, lembrem-se do que é o Cristianismo: o Espírito Santo, a comunidade livre e igualitária de fiéis unidos pelo amor. Nós, aqui, somos o Espírito Santo, enquanto em Wall Street eles são pagãos que adoram falsos ídolos.
Dirão que somos violentos, que nossa linguagem é violenta, referindo-se à ocupação e assim por diante. Sim, somos violentos, mas somente no mesmo sentido em que Mahatma Gandhi foi violento. Somos violentos porque queremos dar um basta no modo como as coisas andam – mas o que significa essa violência puramente simbólica quando comparada à violência necessária para sustentar o funcionamento constante do sistema capitalista global?
Seremos chamados de perdedores – mas os verdadeiros perdedores não estariam lá em Wall Street, os que se safaram com a ajuda de centenas de bilhões do nosso dinheiro? Vocês são chamados de socialistas, mas nos Estados Unidos já existe o socialismo para os ricos. Eles dirão que vocês não respeitam a propriedade privada, mas as especulações de Wall Street que levaram à queda de 2008 foram mais responsáveis pela extinção de propriedades privadas obtidas a duras penas do que se estivéssemos destruindo-as agora, dia e noite – pense nas centenas de casas hipotecadas…
Nós não somos comunistas, se o comunismo significa o sistema que merecidamente entrou em colapso em 1990 – e lembrem-se de que os comunistas que ainda detêm o poder atualmente governam o mais implacável dos capitalismos (na China). O sucesso do capitalismo chinês liderado pelo comunismo é um sinal abominável de que o casamento entre o capitalismo e a democracia está próximo do divórcio. Nós somos comunistas em um sentido apenas: nós nos importamos com os bens comuns – os da natureza, do conhecimento – que estão ameaçados pelo sistema.
Eles dirão que vocês estão sonhando, mas os verdadeiros sonhadores são os que pensam que as coisas podem continuar sendo o que são por um tempo indefinido, assim como ocorre com as mudanças cosméticas. Nós não estamos sonhando; nós acordamos de um sonho que está se transformando em pesadelo. Não estamos destruindo nada; somos apenas testemunhas de como o sistema está gradualmente destruindo a si próprio. Todos nós conhecemos a cena clássica dos desenhos animados: o gato chega à beira do precipício e continua caminhando, ignorando o fato de que não há chão sob suas patas; ele só começa a cair quando olha para baixo e vê o abismo. O que estamos fazendo é simplesmente levar os que estão no poder a olhar para baixo…
Então, a mudança é realmente possível? Hoje, o possível e o impossível são dispostos de maneira estranha. Nos domínios da liberdade pessoal e da tecnologia científica, o impossível está se tornando cada vez mais possível (ou pelo menos é o que nos dizem): “nada é impossível”, podemos ter sexo em suas mais perversas variações; arquivos inteiros de músicas, filmes e seriados de TV estão disponíveis para download; a viagem espacial está à venda para quem tiver dinheiro; podemos melhorar nossas habilidades físicas e psíquicas por meio de intervenções no genoma, e até mesmo realizar o sonho tecnognóstico de atingir a imortalidade transformando nossa identidade em um programa de computador. Por outro lado, no domínio das relações econômicas e sociais, somos bombardeados o tempo todo por um discurso do “você não pode” se envolver em atos políticos coletivos (que necessariamente terminam no terror totalitário), ou aderir ao antigo Estado de bem-estar social (ele nos transforma em não competitivos e leva à crise econômica), ou se isolar do mercado global etc. Quando medidas de austeridade são impostas, dizem-nos repetidas vezes que se trata apenas do que tem de ser feito. Quem sabe não chegou a hora de inverter as coordenadas do que é possível e impossível? Quem sabe não podemos ter mais solidariedade e assistência médica, já que não somos imortais?
Em meados de abril de 2011, a mídia revelou que o governo chinês havia proibido a exibição, em cinemas e na TV, de filmes que falassem de viagens no tempo e histórias paralelas, argumentando que elas trazem frivolidade para questões históricas sérias – até mesmo a fuga fictícia para uma realidade alternativa é considerada perigosa demais. Nós, do mundo Ocidental liberal, não precisamos de uma proibição tão explícita: a ideologia exerce poder material suficiente para evitar que narrativas históricas alternativas sejam interpretadas com o mínimo de seriedade. Para nós é fácil imaginar o fim do mundo – vide os inúmeros filmes apocalípticos –, mas não o fim do capitalismo.
Numa velha piada da antiga República Democrática Alemã, um trabalhador alemão consegue um emprego na Sibéria; sabendo que todas as suas correspondências serão lidas pelos censores, ele diz para os amigos: “Vamos combinar um código: se vocês receberem uma carta minha escrita com tinta azul, ela é verdadeira; se a tinta for vermelha, é falsa”. Depois de um mês, os amigos receberam a primeira carta, escrita em azul: “Tudo é uma maravilha por aqui: os estoques estão cheios, a comida é abundante, os apartamentos são amplos e aquecidos, os cinemas exibem filmes ocidentais, há mulheres lindas prontas para um romance – a única coisa que não temos é tinta vermelha.” E essa situação, não é a mesma que vivemos até hoje? Temos toda a liberdade que desejamos – a única coisa que falta é a “tinta vermelha”: nós nos “sentimos livres” porque somos desprovidos da linguagem para articular nossa falta de liberdade. O que a falta de tinta vermelha significa é que, hoje, todos os principais termos que usamos para designar o conflito atual – “guerra ao terror”, “democracia e liberdade”, “direitos humanos” etc. etc. – são termos FALSOS que mistificam nossa percepção da situação em vez de permitir que pensemos nela. Você, que está aqui presente, está dando a todos nós tinta vermelha.
Mais umas quantas mentiras de Pedro Passos Coelho
Hoje é dia de actualização do Mentirómetro de Pedro Passos Coelho, o tal que disse que era um homem de palavra:
No penúltimo debate quinzenal Passos Coelho prometeu uma calendarização para a sua diplomacia económico ponde fim ao episódio hilariante do AICEP, disputado por Portas e pelo Batanete da Economia. "O Governo ultimará, até ao final da semana, uma proposta inovadora que permitirá, pela primeira vez, que a diplomacia económica em Portugal seja digna desse nome", disse Pedro Passos Coelho.
Passados quinze dias é óbvio que o primeiro-ministro mais uma vez demonstrou que a sua palavra não tem grande valor. E desde que é primeiro-ministro é a 33.ª vez que mente com todos os dentinhos que tem na boca, é caso para pedir que diga trinta e três.
Passos Coelho que sempre defendeu a eliminação das gorduras do Estado por oposição ao aumento dos impostos, mas passados mais de três meses é evidente que se o Estado sofria de excesso de celulite Passos Coelho ter-lhe-á sentido o gosto. Agora aumenta os impostos e em vez de cortar nas gordura vai amputando os músculos.
Mas mais grave do que a incompetência demonstrada por Passos Coelho na Campanha eleitoral é recorrer à mentira descarada para evitar a coragem de assumir o que sempre defendeu, que defende uma política económica que vai muito para além da troika.
Quando fundamenta a brutalidade das medidas no desvio do primeiro semestre está a cometer uma tripla mentira, uma primeira porque é cada vez mais óbvio que o desvio colossal que atribuiu a Sócrates não passa de um colossal embuste, em segundo porque quando afirma que cumpre o défice de 2011 não pode defender medidas para 2012 e 2013 com base nesse argumento, em terceiro porque se prolonga as medidas brutais por mais dois anos é porque não há qualquer relação entre estas e o exercício orçamental de 2011.
Com tanta mentira o ditado segundo o qual é mais fácil apanhar um mentiroso do que um coxo passará a dizer-se que é mais fácil apanhar um mentiroso do que um paralítico.
Onde estamos nós?
«Imaginemos isto. No último dia da última semana da campanha das legislativas, o PM preside a uma inauguração em Lisboa na qual está presente todo o Governo, em traje de festa. No meio dos que assistem, membros de um pequeno partido da oposição. Protestam, com uma faixa onde se lê "Onde está a CNE [Comissão Nacional de Eleições]?", contra o que consideram ser um acto de propaganda partidária à custa do erário público. Há também um grupo da juventude do partido do PM. Traz megafones e bandeiras. Antes do início do discurso do PM, um deputado da oposição pede para falar, sendo de imediato "abafado" por palavras de ordem a favor do PM e agredido. Outro membro do mesmo partido é agredido a seguir. Os dois são retirados dali, à força, por elementos da PSP (presentes em grande número). Imagine que tudo isto, filmado e testemunhado por dezenas de jornalistas, é apadrinhado pelo PM, o qual assiste calado aos desmandos da juventude do seu partido, cujo presidente está, aliás, presente.
Imagine-se que no dia das eleições carrinhas de uma empresa pública, conduzidas por pessoas estranhas a essa empresa, são usadas para transportar eleitores sem que tal transporte tivesse sido previamente anunciado e os seus critérios e pressupostos explicitados para conhecimento de todos; que mesmo após um comunicado da CNE, enviado às mesas de voto ao fim da manhã, frisar que o transporte organizado de eleitores só deve ter lugar excepcionalmente, este continua, imperturbado, até ao final do dia. Imagine-se que só dias depois a CNE anuncia uma investigação. Imagine-se que após contados os votos e averbada mais uma vitória do partido do PM uma caravana festiva com as respectivas bandeiras e presidente da juventude passa pela sede de um jornal vociferando insultos e ameaças de fogo posto, enquanto são arremessados três very lights para a entrada do edifício.
Imagine-se que tudo isto se passa sem grandes repercussões mediáticas nem indignações por aí além de comentadores do costume, sem manifestações à frente do Parlamento em defesa da democracia e da liberdade de expressão, sem protestos formais dos partidos da oposição ou sequer um post do Presidente da República no Facebook. Imagine-se que até na blogosfera se contam pelos dedos de uma mão os escritos sobre estas ocorrências e que nem do Sindicato de Jornalistas se ouve um ai.
Sim, isto não aconteceu com um PM; aconteceu com um presidente de governo regional do mesmo partido. Sim, bem sei; ontem Passos Coelho, que é mesmo PM, anunciou um cenário grego, frisando que o faz para evitar um cenário grego. Temos tanto com que nos preocupar. Mas isto - uma juventude do partido no poder transmutada em gangue e um chefe de Governo que enverga e acicata o mais sul-americano dos caciquismos - é tanto nossa dívida como o escamoteado défice da Madeira. Os dois aconteceram - aconteceram-nos - porque fingimos não ver. Talvez já chegue, não? » [DN]
Imagine-se que no dia das eleições carrinhas de uma empresa pública, conduzidas por pessoas estranhas a essa empresa, são usadas para transportar eleitores sem que tal transporte tivesse sido previamente anunciado e os seus critérios e pressupostos explicitados para conhecimento de todos; que mesmo após um comunicado da CNE, enviado às mesas de voto ao fim da manhã, frisar que o transporte organizado de eleitores só deve ter lugar excepcionalmente, este continua, imperturbado, até ao final do dia. Imagine-se que só dias depois a CNE anuncia uma investigação. Imagine-se que após contados os votos e averbada mais uma vitória do partido do PM uma caravana festiva com as respectivas bandeiras e presidente da juventude passa pela sede de um jornal vociferando insultos e ameaças de fogo posto, enquanto são arremessados três very lights para a entrada do edifício.
Imagine-se que tudo isto se passa sem grandes repercussões mediáticas nem indignações por aí além de comentadores do costume, sem manifestações à frente do Parlamento em defesa da democracia e da liberdade de expressão, sem protestos formais dos partidos da oposição ou sequer um post do Presidente da República no Facebook. Imagine-se que até na blogosfera se contam pelos dedos de uma mão os escritos sobre estas ocorrências e que nem do Sindicato de Jornalistas se ouve um ai.
Sim, isto não aconteceu com um PM; aconteceu com um presidente de governo regional do mesmo partido. Sim, bem sei; ontem Passos Coelho, que é mesmo PM, anunciou um cenário grego, frisando que o faz para evitar um cenário grego. Temos tanto com que nos preocupar. Mas isto - uma juventude do partido no poder transmutada em gangue e um chefe de Governo que enverga e acicata o mais sul-americano dos caciquismos - é tanto nossa dívida como o escamoteado défice da Madeira. Os dois aconteceram - aconteceram-nos - porque fingimos não ver. Talvez já chegue, não? » [DN]
Autor:
Fernanda Câncio.
Oferecendo-me a Passos Coelho
«Frase terrível e magnífica aquela de abertura da comunicação ao País, ontem: "Não preciso de vos dizer..." Ui, aquilo anunciava o fim do subsídio de férias para o ano... Enganei-me: foi o subsídio de férias e o de Natal. E mais, e mais... Passos Coelho permitiu-se aquela frase porque logo que tomou posse disse que viajaria de avião em turística e de carro próprio para Massamá. Isto é, que está como nós, no mesmo barco da crise. Como bom português esqueci-me, depois, de lhes controlar a aplicação, mas como bom português gostei das medidas humildes. Sempre gostei de políticos que valorizam os exemplos pequeninos. Sobre as grandes catástrofes ontem anunciadas não me pronuncio - é tão fácil acreditar que elas são boas (porque inevitáveis) ou más (porque reproduzem a recessão), que não convenço ninguém. Eu gostava, mesmo, era de convencer Passos Coelho a não abandonar aquela ideia de nos convencer de que os governantes estão no nosso barco. Por exemplo, ele tem dois colegas no Governo, Miguel Macedo e José Cesário, com casa própria em Lisboa, mas que, por serem da província, recebem subsídio (1150 euros/mês) de alojamento. Tudo legal, eu sei, mas também os subsídios de férias e Natal de outros portugueses eram legais e acabaram. Coisinha pouca (poupavam-se 2300 euros/mês), eu sei, mas seria exemplar. Se Passos Coelho me ouvisse, eu comprometia-me, cada semana, a custo zero por causa da crise, a dar-lhe um bom exemplo.» [DN]
Autor:
Ferreira Fernandes.
Um caso sério
«É absolutamente insólita - e muito inconveniente para a economia portuguesa - a luta de poder que se instalou no Governo, há já demasiado tempo, a propósito da arquitectura institucional e da tutela política da diplomacia económica.
Como se sabe, entre a ambição activa do Ministro dos Negócios Estrangeiros e a resistência passiva do Ministro da Economia - sob o olhar interessado do Ministro Miguel Relvas - o Primeiro-Ministro ficou indeciso. Muito indeciso. E é assim que continua, vai já para quatro meses.
A novela começou logo na discussão da lei orgânica do Governo. Confrontado com as pretensões dos seus Ministros, em especial sobre a tutela da AICEP, o Primeiro-Ministro optou por adiar uma decisão final. Pior: para não dar ganho de causa a nenhum dos envolvidos na contenda, o Primeiro-Ministro adoptou uma bizarra solução provisória: enquanto a decisão não chega, a AICEP transitou do Ministério da Economia para a tutela do próprio Primeiro-Ministro, ficando "parqueada", a título precário, na Presidência do Conselho de Ministros. A ideia parece ser esta: quando finalmente houver fumo branco, a AICEP prosseguirá viagem para o Ministério dos Negócios Estrangeiros, ou então fará marcha-atrás regressando (!!) ao Ministério da Economia (onde poderá, eventualmente, ser fundida com outros organismos), ou, em alternativa, será pura e simplesmente desmembrada para ser distribuída a contento dos diferentes interessados.
Naturalmente, esta estranha migração institucional de destino incerto gerou, como seria de prever, uma enorme perturbação no normal funcionamento dos serviços, prejudicando gravemente, na pior das alturas, as iniciativas de apoio às exportações e à internacionalização da economia portuguesa.
No último debate quinzenal, o Primeiro-Ministro chegou a anunciar o calendário da sua decisão sobre o futuro da diplomacia económica. Não fazendo a coisa por menos, disse ele: "O Governo ultimará, até ao final da semana, uma proposta inovadora que permitirá, pela primeira vez, que a diplomacia económica em Portugal seja digna desse nome". Mas a verdade é que nada aconteceu. Terminou essa semana, passou-se a semana seguinte, decorreu ainda mais outra... e nada! Estamos na mesma.
Verdade seja dita, não será nas conclusões do grupo de trabalho nomeado para estudar o assunto que o Primeiro-Ministro encontrará grande ajuda. De facto, o grupo, coordenado pelo Prof. Braga de Macedo - também responsável pela comissão de relações internacionais do PSD - chegou a acordo sobre todos os lugares-comuns mas divergiu sobre todas as escolhas. O consenso resumiu-se ao óbvio: que a diplomacia económica deve ser "assumida" pelo Primeiro-Ministro; que deve envolver as associações privadas num "desígnio nacional"; que deve comunicar uma "imagem verdadeira e positiva" dos portugueses; que o cenário que for escolhido deve ter uma execução "gradual" e que deve haver uma mais "efectiva" unificação das redes externas. Já quando se tratou da arquitectura institucional e da distribuição de tutelas o grupo, de apenas seis personalidades, concebeu seis cenários diferentes e dividiu-se sobre a solução a adoptar, acabando por não formular nenhuma recomendação concreta. Mas o fracasso do relatório Braga de Macedo não pode justificar mais adiamentos numa decisão que já tarda.
O caso é muito sério. No actual contexto de austeridade, é exactamente das exportações que se espera o contributo mais decisivo para o crescimento da economia portuguesa. Se é verdade, por isso mesmo, que tudo deve ser feito para melhorar o quadro institucional de apoio ao sector exportador, também é verdade, pela mesma razão, que se deve evitar tudo aquilo que possa atrapalhar as acções em curso e o bom desempenho que têm tido as nossas exportações. E é aqui que está o problema: a longa indefinição do Governo só está a atrapalhar.» [DE]
Como se sabe, entre a ambição activa do Ministro dos Negócios Estrangeiros e a resistência passiva do Ministro da Economia - sob o olhar interessado do Ministro Miguel Relvas - o Primeiro-Ministro ficou indeciso. Muito indeciso. E é assim que continua, vai já para quatro meses.
A novela começou logo na discussão da lei orgânica do Governo. Confrontado com as pretensões dos seus Ministros, em especial sobre a tutela da AICEP, o Primeiro-Ministro optou por adiar uma decisão final. Pior: para não dar ganho de causa a nenhum dos envolvidos na contenda, o Primeiro-Ministro adoptou uma bizarra solução provisória: enquanto a decisão não chega, a AICEP transitou do Ministério da Economia para a tutela do próprio Primeiro-Ministro, ficando "parqueada", a título precário, na Presidência do Conselho de Ministros. A ideia parece ser esta: quando finalmente houver fumo branco, a AICEP prosseguirá viagem para o Ministério dos Negócios Estrangeiros, ou então fará marcha-atrás regressando (!!) ao Ministério da Economia (onde poderá, eventualmente, ser fundida com outros organismos), ou, em alternativa, será pura e simplesmente desmembrada para ser distribuída a contento dos diferentes interessados.
Naturalmente, esta estranha migração institucional de destino incerto gerou, como seria de prever, uma enorme perturbação no normal funcionamento dos serviços, prejudicando gravemente, na pior das alturas, as iniciativas de apoio às exportações e à internacionalização da economia portuguesa.
No último debate quinzenal, o Primeiro-Ministro chegou a anunciar o calendário da sua decisão sobre o futuro da diplomacia económica. Não fazendo a coisa por menos, disse ele: "O Governo ultimará, até ao final da semana, uma proposta inovadora que permitirá, pela primeira vez, que a diplomacia económica em Portugal seja digna desse nome". Mas a verdade é que nada aconteceu. Terminou essa semana, passou-se a semana seguinte, decorreu ainda mais outra... e nada! Estamos na mesma.
Verdade seja dita, não será nas conclusões do grupo de trabalho nomeado para estudar o assunto que o Primeiro-Ministro encontrará grande ajuda. De facto, o grupo, coordenado pelo Prof. Braga de Macedo - também responsável pela comissão de relações internacionais do PSD - chegou a acordo sobre todos os lugares-comuns mas divergiu sobre todas as escolhas. O consenso resumiu-se ao óbvio: que a diplomacia económica deve ser "assumida" pelo Primeiro-Ministro; que deve envolver as associações privadas num "desígnio nacional"; que deve comunicar uma "imagem verdadeira e positiva" dos portugueses; que o cenário que for escolhido deve ter uma execução "gradual" e que deve haver uma mais "efectiva" unificação das redes externas. Já quando se tratou da arquitectura institucional e da distribuição de tutelas o grupo, de apenas seis personalidades, concebeu seis cenários diferentes e dividiu-se sobre a solução a adoptar, acabando por não formular nenhuma recomendação concreta. Mas o fracasso do relatório Braga de Macedo não pode justificar mais adiamentos numa decisão que já tarda.
O caso é muito sério. No actual contexto de austeridade, é exactamente das exportações que se espera o contributo mais decisivo para o crescimento da economia portuguesa. Se é verdade, por isso mesmo, que tudo deve ser feito para melhorar o quadro institucional de apoio ao sector exportador, também é verdade, pela mesma razão, que se deve evitar tudo aquilo que possa atrapalhar as acções em curso e o bom desempenho que têm tido as nossas exportações. E é aqui que está o problema: a longa indefinição do Governo só está a atrapalhar.» [DE]
Autor:
Pedro Silva Pereira.
Afinal, o professor Martelo mora em Belém...
«Ele aí está, insaciável. Demolidor para quem vive dos rendimentos do trabalho, uma classe média que define a marca de uma comunidade. Ricos e pobres estão a salvo no Orçamento do Estado. Neste e, provavelmente, nos que se seguem.
Este, como se previa, é pior do que se pensava. Pelos buracos que emergem em cada pedra que se toca. Resultado: menos salário, mais impostos, menos prestações sociais, mais custo de vida. O corte de 5% na função pública passa para 2012, os pensionistas que menos têm perdem medicamentos gratuitos, subsídios e benefícios fiscais finam-se. E por diante, numa sofreguidão sem limite. Enquanto o Governo desiste da redução da taxa social única. Estamos indiscutivelmente em recessão e, de verdade, ninguém sabe quando vamos levantar cabeça.
Estamos decididamente em ruptura com a retórica política. Ninguém, no seu perfeito juízo, tem fé no que lhe prometem, particularmente no tempo em que se namora o voto. A austeridade que é vendida como transitória prolonga-se num tempo indefinido sem justificação além do "tem que ser"; a medida defendida com convicção em campanha eleitoral é deixada cair sem razão além da "vantagem na troca". Está em causa a capacidade política de prevenir evitando o remendo.
Foquemo-nos na taxa social única. É hoje evidente que a coisa não foi pensada. Ou foi, no mínimo, mal calculada - num gesto que serviu de aproximação a um dos credores, o FMI. É o que faz acreditar e depositar o futuro nas mãos de alguns iluminados teóricos que aplicam as receitas sem conhecer pessoalmente o paciente.
Entre eles, os iluminados, está o previsível professor Cavaco que deu o grito de Ipiranga em Florença, malhando - como diria esse vulto do socratismo, entretanto desaparecido na bruma -, na senhora Merkel e no senhor Sarkozy. A taxa única é apenas mais um prego no caixão da incapacidade europeia. O professor Cavaco, esse, não se importa de pegar no martelo. Sempre disfarça a ausência de ideias. Afinal, o professor Martelo mora em Belém... Vai para seis anos, para quem esteja distraído. Ou que, só agora, dê pela figura.» [DE]
Este, como se previa, é pior do que se pensava. Pelos buracos que emergem em cada pedra que se toca. Resultado: menos salário, mais impostos, menos prestações sociais, mais custo de vida. O corte de 5% na função pública passa para 2012, os pensionistas que menos têm perdem medicamentos gratuitos, subsídios e benefícios fiscais finam-se. E por diante, numa sofreguidão sem limite. Enquanto o Governo desiste da redução da taxa social única. Estamos indiscutivelmente em recessão e, de verdade, ninguém sabe quando vamos levantar cabeça.
Estamos decididamente em ruptura com a retórica política. Ninguém, no seu perfeito juízo, tem fé no que lhe prometem, particularmente no tempo em que se namora o voto. A austeridade que é vendida como transitória prolonga-se num tempo indefinido sem justificação além do "tem que ser"; a medida defendida com convicção em campanha eleitoral é deixada cair sem razão além da "vantagem na troca". Está em causa a capacidade política de prevenir evitando o remendo.
Foquemo-nos na taxa social única. É hoje evidente que a coisa não foi pensada. Ou foi, no mínimo, mal calculada - num gesto que serviu de aproximação a um dos credores, o FMI. É o que faz acreditar e depositar o futuro nas mãos de alguns iluminados teóricos que aplicam as receitas sem conhecer pessoalmente o paciente.
Entre eles, os iluminados, está o previsível professor Cavaco que deu o grito de Ipiranga em Florença, malhando - como diria esse vulto do socratismo, entretanto desaparecido na bruma -, na senhora Merkel e no senhor Sarkozy. A taxa única é apenas mais um prego no caixão da incapacidade europeia. O professor Cavaco, esse, não se importa de pegar no martelo. Sempre disfarça a ausência de ideias. Afinal, o professor Martelo mora em Belém... Vai para seis anos, para quem esteja distraído. Ou que, só agora, dê pela figura.» [DE]
Autor:
Raul Vaz.
Indignados SMS
«Um novo movimento social radical está a nascer no vazio deixado pela esquerda convencional. Os seus aparentes defeitos, não existirem chefes, ser caótico e não se apresentarem reivindicações muito precisas, são afinal as suas maiores qualidades. É a revolução emergente no tempo da Internet. Vai ocupar praças e partir algumas montras, mas vai fazer muito mais do que isso. Vai obrigar a mudanças significativas na forma de fazer política e na própria orgânica da democracia. Vai talvez conseguir alterar o sistema económico naquilo que ele hoje tem de objetivamente antissocial.
A revolta global dos indignados resulta, em primeiro lugar, do estado do mundo. Cresce a perceção de que a nossa sociedade foi capturada pela especulação financeira que funciona segundo um princípio do "lucro pelo lucro", ou seja, sem efetivo interesse público ou coletivo. Em consequência, assiste-se a um empobrecimento geral, atingindo agora fortemente, pela primeira vez desde o pós-guerra, a classe média.
Neste contexto, é igualmente evidente a cumplicidade da generalidade do sistema político "mainstream", vulgo centro e direita, enquanto a esquerda de protesto é atingida por uma espécie de Alzheimer, mostrando-se incapaz de agir e pensar em função da realidade.
Acresce que a capitulação da política às mãos dos interesses privados a impede de contribuir para a resolução dos grandes problemas que se colocam à humanidade no tempo presente.
Incapacidade em erradicar a fome no mundo; lentidão na reação às prementes questões ambientais, com destaque para o aquecimento global; ineficácia na resolução dos múltiplos conflitos; desorientação e incompetência na definição de políticas globais (veja-se o caso da Europa).
A sensação de que o mundo não está a caminhar na boa direção não tem parado de crescer. Nesta circunstância são, para já, os jovens os primeiros a se manifestarem. Logo se verá se mais tarde os trabalhadores e a classe média, agora uma classe empobrecida, também descerão às ruas. Até porque a questão central do sistema em que vivemos se mantém a mesma de sempre. Para que serve a sociedade? Para gerar uma insaciável acumulação de riqueza nuns poucos ou para proporcionar a felicidade ao maior número?
A revolta social é uma constante da história humana. A ela se devem os principais avanços civilizacionais. A única diferença, no tempo e no modo, é a mudança na mecânica da revolta. De atos desesperados de camponeses, descamisados e "enragés", passou-se a uma organização tida por científica da revolta, na linha do plugin Leninista às ideias de Marx. Daí nasceu o essencial da esquerda radical e de protesto de hoje e das organizações sindicais.
Os indignados que amanhã ocupam muitas cidades do mundo têm uma génese diferente. Trata-se de uma revolta claramente emergente, ou seja, que não tem controlo nem centralidade, mas é gerada pela massificação das novas tecnologias, desde a Internet aos telemóveis, que permitem a comunicação instantânea a nível interpessoal. É das pequenas e locais interações que nasce, emerge, um padrão global.
Este dado novo é muito relevante se pensarmos nos velhos mecanismos de controlo e repressão. Estes movimentos não podem ser estancados simplesmente prendendo os líderes, que não existem, nem atacando brutalmente os seus agentes, dada a dispersão, dinamismo e capacidade de reconfiguração coletiva. Em suma, governos e polícias não sabem como lidar com estes fenómenos. Viu-se recentemente nos países árabes e com particular acinte, pela confusão gerada, em Londres.
Estamos objetivamente a entrar num novo ciclo da guerra social. Sabendo-se como os sistemas emergentes estão particularmente adaptados para a incorporação do novo, é previsível que a qualquer momento "qualquer coisa" de inesperado possa despontar. Pode ser uma sucessão de tumultos, mas pode igualmente ser um estado de consciência social global que opere mudanças efetivas. Para já, uma coisa é certa. Os principais agentes do "establishment", a classe política, o mundo da finança, os bancos estão em acelerada queda de crédito popular. Para usar a gíria corrente, já estão ao nível do lixo. Mais baixo é o colapso.» [Jornal de Negócios]
A revolta global dos indignados resulta, em primeiro lugar, do estado do mundo. Cresce a perceção de que a nossa sociedade foi capturada pela especulação financeira que funciona segundo um princípio do "lucro pelo lucro", ou seja, sem efetivo interesse público ou coletivo. Em consequência, assiste-se a um empobrecimento geral, atingindo agora fortemente, pela primeira vez desde o pós-guerra, a classe média.
Neste contexto, é igualmente evidente a cumplicidade da generalidade do sistema político "mainstream", vulgo centro e direita, enquanto a esquerda de protesto é atingida por uma espécie de Alzheimer, mostrando-se incapaz de agir e pensar em função da realidade.
Acresce que a capitulação da política às mãos dos interesses privados a impede de contribuir para a resolução dos grandes problemas que se colocam à humanidade no tempo presente.
Incapacidade em erradicar a fome no mundo; lentidão na reação às prementes questões ambientais, com destaque para o aquecimento global; ineficácia na resolução dos múltiplos conflitos; desorientação e incompetência na definição de políticas globais (veja-se o caso da Europa).
A sensação de que o mundo não está a caminhar na boa direção não tem parado de crescer. Nesta circunstância são, para já, os jovens os primeiros a se manifestarem. Logo se verá se mais tarde os trabalhadores e a classe média, agora uma classe empobrecida, também descerão às ruas. Até porque a questão central do sistema em que vivemos se mantém a mesma de sempre. Para que serve a sociedade? Para gerar uma insaciável acumulação de riqueza nuns poucos ou para proporcionar a felicidade ao maior número?
A revolta social é uma constante da história humana. A ela se devem os principais avanços civilizacionais. A única diferença, no tempo e no modo, é a mudança na mecânica da revolta. De atos desesperados de camponeses, descamisados e "enragés", passou-se a uma organização tida por científica da revolta, na linha do plugin Leninista às ideias de Marx. Daí nasceu o essencial da esquerda radical e de protesto de hoje e das organizações sindicais.
Os indignados que amanhã ocupam muitas cidades do mundo têm uma génese diferente. Trata-se de uma revolta claramente emergente, ou seja, que não tem controlo nem centralidade, mas é gerada pela massificação das novas tecnologias, desde a Internet aos telemóveis, que permitem a comunicação instantânea a nível interpessoal. É das pequenas e locais interações que nasce, emerge, um padrão global.
Este dado novo é muito relevante se pensarmos nos velhos mecanismos de controlo e repressão. Estes movimentos não podem ser estancados simplesmente prendendo os líderes, que não existem, nem atacando brutalmente os seus agentes, dada a dispersão, dinamismo e capacidade de reconfiguração coletiva. Em suma, governos e polícias não sabem como lidar com estes fenómenos. Viu-se recentemente nos países árabes e com particular acinte, pela confusão gerada, em Londres.
Estamos objetivamente a entrar num novo ciclo da guerra social. Sabendo-se como os sistemas emergentes estão particularmente adaptados para a incorporação do novo, é previsível que a qualquer momento "qualquer coisa" de inesperado possa despontar. Pode ser uma sucessão de tumultos, mas pode igualmente ser um estado de consciência social global que opere mudanças efetivas. Para já, uma coisa é certa. Os principais agentes do "establishment", a classe política, o mundo da finança, os bancos estão em acelerada queda de crédito popular. Para usar a gíria corrente, já estão ao nível do lixo. Mais baixo é o colapso.» [Jornal de Negócios]
Autor:
Leonel Moura.
Uma ministra parvalhona
«A ministra da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, Assunção Cristas, apelou esta sexta-feira ao aumento da produção nacional por parte dos agricultores como forma de desenvolver o sector e apoiar o crescimento económico do País.» [CM]
Parecer:
Esta ministra é tão parvalhona que ainda não percebeu que não é por apelar ao aumento da produção agrícola que os agricultores vão a correr agarrar na enxada. O mais que consegue é que alguns dos seus admiradores plantem couves-galegas no quintal.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pobre senhora.»
Bardamerda
«O primeiro-ministro garantiu esta sexta-feira que o Governo não irá anunciar "pacotes de austeridade a seguir a pacotes de austeridade" e que a proposta de Orçamento para 2012 valerá para todo o ano e não apenas por três meses. » [CM]
Parecer:
Devemos ficar-lhe gratos?
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mande-se o rapaz à bardamerda.»
Apanhado defecador em série
«As autoridades da Florida, nos Estados Unidos, anunciaram a detenção do homem que há semanas defecava nas ruas da localidade de Ocala.
O já apelidado ‘defecador em série’ costumava, inclusivamente, deixar as suas fezes nas portas de uma escola local.» [CM]
O já apelidado ‘defecador em série’ costumava, inclusivamente, deixar as suas fezes nas portas de uma escola local.» [CM]
Parecer:
E não era primeiro-ministro de um pequeno país europeu?
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»
A austeridade deve ser aplicada de "forma inteligente"
«"Não se podem aplicar os mesmos cortes em políticas que podem ter um impacto importante em termos de crescimento" e no "aumento da produtividade da economia", disse o porta-voz dos Assuntos Económicos, Amadeu Altafaj Tardio, em declarações aos jornalistas à margem da conferência de imprensa diária da Comissão Europeia.» [DN]
Parecer:
É uma cois que nem o Coelho nem o Gasparoika parecem saber.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento aos visados.»
Médicos vão fugir do Estado
«O presidente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) considera que as medidas agora anunciadas pelo Governo vão conduzir a uma "debandada dos médicos para a aposentação" e à "impossibilidade de funcionamento de muitas das urgências".» [DN]
Parecer:
O que vai de encontro aos desejos do Opus Macedo.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»
Antigo bispo de Setúbal diz que vai escorrer muito sangue
«O bispo emérito de Setúbal considerou hoje que as medidas anunciadas quinta-feira pelo Governo vão fazer "escorrer muito sangue" e assumiu-se como "derrotado" ao fim de 84 anos de vida a lutar contra a fome.» [DN]
Parecer:
Uma declaração verdadeiramente dramática.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento ao Coelho e ao Gasparoika.»
Brincadeira de putos
«Numa reacção ao anúncio das medidas anunciadas quinta-feira pelo primeiro-ministro, Duarte Marques disse à Agência Lusa que as "medidas são muito duras" e mostram "o ponto a que o país chegou".
Nesse sentido, o líder da JSD disse que vai enviar em breve uma carta ao Procurador-Geral da República, Fernando Pinto Monteiro, na qual fará um apelo à investigação e à criminalização de eventuais responsáveis pela situação do país.» [DE]
Nesse sentido, o líder da JSD disse que vai enviar em breve uma carta ao Procurador-Geral da República, Fernando Pinto Monteiro, na qual fará um apelo à investigação e à criminalização de eventuais responsáveis pela situação do país.» [DE]
Parecer:
Uma manobra infantil para desviar a atenção mas mesmo assim interessante, talvez esteja na hora de fazer bem as contas alargando a análise do buraco aos primeiros meses de Passos Coelho, designadamente, ao desvio colossal com que justificou as medidas.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso de dó.»
A simple day in the life... [Boston.com]
The Occupy Wall Street movement spreads [Boston.com]