quinta-feira, outubro 20, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Graffiti, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


No Campo [A. Cabral]
  
Jumento do dia


Cavaco Silva

Como era de esperar Cavaco Silva já está a salvar a sua imagem, como de costume é o primeiro a apoiar o que corre bem e também o primeiro a "bater à sola" quando as coisas correm mal com a opinião pública. Há uns dias levantou o embargo à austeridade que quase tinha imposto no tempo de Sócrates e nem esperou um dia para que passada a apresentação do orçamento tivesse tirado o tapete ao Passos Coelho. Desta vez nem pediu a Manuela Ferreira Leite para fazer um dos seus comentários, foi o próprio Cavaco a falar.
 
Só que o raciocínio de Cavaco tem o seu quê de questionável, ao falar dos limites suportáveis pelos reformados (até parece que só está a pensar no casal Silva) até parece que estes são vacas que podem ser mugidas até ao limite do suportável.
 
«O Presidente da República admitiu esta quarta-feira de que esta contra o corte dos subsídios de Natal e férias na Função Pública e para os reformados, questionando se o limite “nos pensionistas pode já ter sido ultrapassado”.
 
Cavaco Silva, que falava à margem do IV Congresso da Ordem dos Economistas foi peremptório: "Mudou o Governo mas eu não mudei de opinião", afirmando que o corte nos subsídios constitui "uma violação de um princípio basico de equidade fiscal", uma vez que essa retenção constitui "um imposto", que recai apena sobre um grupo específico.» [CM]
  
«Cavaco Silva considerou hoje que a suspensão dos subsídios de férias e de Natal da administração pública e dos pensionistas é "a violação de um princípio básico de equidade fiscal".

"É sabido por todos que a redução dos salários ou pensões a grupos específicos é um imposto. Mudou o Governo, mas eu não mudei de opinião. Já o disse anteriormente e posso dizê-lo outra vez: é a violação de um princípio básico de equidade fiscal", afirmou o chefe de Estado em declarações aos jornalistas à saída da sessão de abertura do IV Congresso Nacional dos Economistas, que decorre em Lisboa.» [DN]
 
PS: Vale a pena ler as duas notícias e constatar como o Correio da Manhã elimina o que de mais radical disse Cavaco Silva, por pouco noticiava que Cavaco apenas se limitava a dizer que está um tempo de Verão. Enfim, a Covina luta desesperadamente por uma fatia da RTP.

 Será justo?

Conheço pensionistas, economistas, médicos, funcionários do fisco, magistrados e outros, que sem qualquer benefício pessoal, apenas pelo prazer de dar ou por sentido público, trabalharam até ao limite de idade no Estado, os setenta anos. Será justo, ético ou moralmente aceitável retirar pensões de três ou quatro mil euros a estes pensionistas enquanto o Luís Cunha [Público] continua a receber os subsídios pela sua pensão vitalícia que recebe desde 2002 do Banco de Portugal onde trabalhou apenas seis anos?
 
Quando era ministro e foi questionado sobre essa pensão oportunista e abusiva respondeu que se tratava de um direito adquirido. Pelos vistos as pensões oportunistas do Banco de Portugal são as únicas pensões que resistiram ao orçamento com o estatuto de direito adquirido!
 
A acreditar em Passos Coelho é justo porque esses profissionais ganhavam em média mais do que os trabalhadores do sector privado. É tão justo que o governador do Banco de Portugal em vez de ter vergonha na cara e esconder-se, veio a público defender a continuidade das medidas de austeridade, isto é, do corte dos subsídios.
 
Neste país as pessoas decentes começam a ter o estatuto de espécimes em vias de extinção, mas nem o Instituto da Conservação da Natureza os protege.
     
 

 Mãos no ar!

«No país que já era o mais desigual da Europa Ocidental, o que o Governo de Passos Coelho faz, com o OE para 2012, é um verdadeiro assalto fiscal às classes médias ("suicídio assistido" lhe chama o economista e professor do ISCTE Sandro Mendonça) e aos mais pobres, enquanto poupa aos sacrifícios "para todos" bens de luxo como jóias, casas sumptuosas ou carros de alta cilindrada; as próprias subvenções vitalícias aos políticos escapariam se alguns media, JN incluído, não tivessem denunciado ontem o caso.

A consultora PwC fez as contas e concluiu que, se os contribuintes de baixos rendimentos verão em 2012 a carga fiscal agravada em relação a 2011, os de maiores rendimentos vê-la-ão, em contrapartida, amplamente reduzida. Citada pela edição online do "Expresso", a consultora apurou que contribuintes solteiros com rendimentos inferiores a 1500 euros irão pagar em 2012 mais 8% de IRS do que em 2011 enquanto os que auferem 3 000 ou mais pagarão... menos 8,9%. E o mesmo com os contribuintes casados: rendimentos até 2 500 euros (casais onde só um ganha) vêm agravado o IRS, ao passo que rendimentos de, por exemplo, 6 000 euros pagarão... menos 5,2%; e, do mesmo modo, casais com dois titulares a ganhar até 2 000 euros pagarão mais e os que ganharem acima disso pagarão menos.

Já toda a gente tinha percebido mas é sempre instrutivo verificar que os especialistas (e os números) corroboram o sentimento geral.» [JN]

Autor:

Manuel António Pina.
     

 O Moreirinha ainda não percebeu que Portugal está no mesmo barco da Grécia

«O vice-presidente do PSD Jorge Moreira da Silva, defendeu esta quarta-feira que "o perdão de dívida é o fim de linha" e, ainda que possa ser aplicado à Grécia, "não é uma solução para Portugal".» [CM]

Parecer:

Com o OE apresentado pelo PSD corremos o risco de ultrapassarmos a Grécia.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»
  
 O OE está a dividir o PSD

«"Espero que a maioria parlamentar possa adoptar uma nova modalidade que substitua a proposta discriminatória constante do orçamento por uma solução equitativa, sem prejuízo de proporcionar o mesmo impacto nas contas públicas", escreveu o antigo presidente da autarquia de Cascais no Facebook.» [DE]

Parecer:

A verdade é que a oposição dentro do PSD é maior do que a de António José Seguro.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»
  
 E até o Bento já contesta Cavaco

«O economista Vítor Bento considera que os sacrifícios que estão a ser pedidos aos portugueses são inevitáveis porque Portugal chegou "ao fim da linha" e quem dá financiamento "exige condições".

Vítor Bento, conselheiro de Estado do Presidente da República, discorda assim das declarações de Cavaco Silva que afirmou hoje, na abertura do congresso dos economistas, que "há limites para os sacrifícios" e que o Orçamento do Estado para 2012 tem "falta de equidade fiscal".» [DE]

Parecer:

Percebe-se que o Bento não queira pagar mais impostos e que sejam os funcionários a pagar a factura.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Cavaco se não há mesmo alternativas.»
  
 Governo cede a (alguns) polícias

«O ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, convocou as associações sindicais das forças de segurança para reuniões nas próximas sexta-feira e segunda-feira, em que anunciará o pagamento das recolocações e arrastamentos aos agentes e oficiais "vítimas de injustiças". Nesses encontros - que serão formalizados ainda hoje - será anunciado também o pagamento dos 1,3 milhões de euros em falta aos polícias pelo extinto Fundo de Fardamento, que arranca no final deste mês, coincidindo com a aplicação do Orçamento rectificativo.

Assim, os polícias serão informados pelo MAI na sexta-feira de que cerca de 2.300 agentes e oficiais serão brevemente recolocados, por arrastamento, nos respectivos escalões remuneratórios. O objectivo do Governo será reduzir as "injustiças", referiu o ministro da Administração Interna na terça-feira. "Vão ser resolvidos os casos de injustiça mais flagrante e gritante resultante de uma deficiente aplicação das tabelas remuneratórias", disse Miguel Macedo à margem da cerimónia de despedida do 12º contingente do Subagrupamento Bravo d GNR que vai partir para Timor-Leste, apontando que "a situação é particularmente grave na GNR".» [DE]

Parecer:

Já dá para sentir a tremedeira dentro do governo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao Macedo se já comprou o abastecimento de fraldas para incontinentes.»
  

 Karica