quarta-feira, outubro 19, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Orquídea do Parque Florestal de Monsanto, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Pelourinho de Vinhasi [A. Cabral]
  
Jumento do dia


Pedro Passos Coelho

Um português que tenha trabalhado até ao limite de idade, os 70 anos, tendo 50 ou mais anos de carreira contributiva vai ficar sem os subsídios de férias e de Natal, mas um político que roçou o rabo numa cadeira de São Bento durante uma dúzia de anos vai receber a reforma intacta, podendo-a acumular com outras pensões, avenças e outras formas de rendimento.
 
Isto é o máximo da pouca vergonha num primeiro-ministro que não sente quaisquer escrúpulos em proteger os seus. Tão pouca vergonha que horas depois o ministro Gasparoika vem dizer que vai encontrar uma solução para aplicar a medida aos político.

Já tinha questionado sobre se o Banco de Portugal também se escapava quando fomos esclarecidos, os funcionários do banco vivem do mesmo que os funcionários públicos mas têm um estatuto superior. Será que o Luís Cunha recebe subsídios de férias e de Natal da sua pensão no BdeP?
«Os antigos titulares de cargos políticos vão escapar ao esforço adicional de austeridade que será exigido aos funcionários públicos e pensionistas que ganhem mais de mil euros.

Segundo o Orçamento do Estado para 2012, estas pensões serão apenas tributadas em sede de IRS.» [DN]
 
«O ministro das Finanças Vítor Gaspar reagiu ao final da tarde de hoje à manchete do DN, segundo a qual as pensões vitalícias dos ex-políticos são poupadas aos cortes, ao anunciar que o Governo vai propor duas medidas.
 
Vítor Gaspar admitiu que a situação denunciada pelo DN existe e que "o governo está determinado em encontrar uma solução".» [DN]
 
«O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, questionado pelo Negócios sobre se os cortes de subsídios de Natal e de férias vão afectar o Banco de Portugal, recordou hoje que o supervisor “tem um estatuto especial”.

“O Banco de Portugal tem um estatuto especial dada a sua participação no Eurosistema e as garantias de independência estabelecidas nos tratados”, afirmou o ministro, que vem dos quadros do BdP, na entrevista que publicada hoje no Negócios.» [Jornal de Negócios]

 Marine a polícias: Querem lutar? Vão para o Afeganistão!


 Sócrates está sendo julgado na Cova da Beira

     
 

 Sobre o valor facial da mentira

«Um professor do Laboratório de Expressão Facial da Emoção, da Universidade Fernando Pessoa, no Porto, vai propor que o próximo Código Penal permita a análise das expressões faciais nos inquéritos da polícia. Ele diz que os interrogatórios de suspeitos deveriam ser filmados, para que os especialistas possam separar a verdade da mentira: "Na face vê-se tudo", garante. Enfim, o "Lie to Me" a passar do canal Fox para a PJ. Nada contra, e até simpatizo com a iniciativa do professor que faz pela vida (vai fornecer a lista de peritos que as polícias vão precisar). O que não entendo é a pouca ambição na escolha do nicho de mercado. Já o patrono da universidade do professor - Fernando Pessoa ("O poeta é um fingidor./ Finge tão completamente, etc.")... - se tinha dedicado às mentirinhas de um grupo social irrelevante. O professor eleva a fasquia dos candidatos a analisar, os criminosos (mais numerosos e com maior impacto social que os poetas), mas mesmo assim a léguas das preocupações actuais dos portugueses. Hoje, estes o que queriam era meter a análise das expressões faciais não no Código Penal, mas no Código Eleitoral. Por exemplo, quando um político em campanha diz que não mexe nos subsídios, no caso de ser promessa vã, topa-se na face? Levanta as sobrancelhas? Gira os olhos? Passa a mão na melena?... "Na face vê-se tudo", garante o professor. Chamou-nos ceguinhos.» [DN]

Autor:

Ferreira Fernandes.
  
 Somos governados pelo homem do lixo

«Se nos dermos ao trabalho de ler o curriculum profissional de Pedro Passos Coelho, constatamos, para além da vida política, estar lá alguma experiência empresarial com cargos sucessivos de director, administrador e presidente, fundamentalmente em empresas de tratamento de resíduos.

Tratamento de resíduos é um nome modernaço, embrulhado com a fita garrida da defesa do ambiente, para identificar a prosaica recolha de lixo. Ou seja, o primeiro-ministro é um homem do lixo.

Poderíamos dizer, depois do anúncio do saque ao contribuinte que o próprio fez na televisão para explicar o próximo Orçamento do Estado, que só quem está habituado a fazer um trabalho sujo estaria disposto àquele difícil papel.

É possível pensar que aquele homem sente a redenção da mesma missão visionária do presidente da Câmara de Paris que, no final do século XIX, enfrentou multidões a exigirem manter o direito de deitar no meio da rua o lixo que faziam em casa, em vez de se sujeitarem a um sistema de recolha.

Uma terceira hipótese é a de o País ter acumulado tanta porcaria que só um especialista em lixo será capaz de proceder, com eficácia, à limpeza.

Olhemos, porém, os factos. Passos Coelho deitou para o lixo a promessa de que não cortaria subsídios de Natal e 13.º mês. Deitou para o lixo a garantia de que não haveria aumento de impostos. Deitou para o lixo a insensata redução da taxa social única. Deitou para o lixo (ou, pelo menos, pôs na reciclagem) os cortes nas gorduras do Estado que beneficiam os poderosos (empresas de capitais públicos de gestão e utilidade suspeita, fundações com objectivos ridículos, autoridades que fingem que regulam, organismos e observatórios inócuos, etc., etc.). A caminho do lixo, aposto, está também a prometida redução de assessores dos ministérios em 20%. Tudo o que foi sufragado favoravelmente pelo eleitorado há apenas quatro meses está, já, no lixo.

Diz este gestor de resíduos que encontrou mais porcaria debaixo do tapete, uns três mil milhões de euros em despesas, o que justifica programar a ida de mais meio milhão de pessoas para o desemprego, a ruína de milhares de empresas e a humilhação dos funcionários públicos. Vão para o lixo.

Diz ainda que não há alternativa... Há e nada tem de revolucionária. Basta perceber o que se está a passar na Europa e aquilo que até Cavaco Silva, insuspeito de demagogia nesta matéria, tenta explicar há meses. Mas, é verdade, esse não é trabalho de tratamento de resíduos, é trabalho político complexo. Isso, o nosso homem do lixo parece não saber ou querer fazer.» [DN]

Autor:

Pedro Tadeu.
  
 Não havia novo Governo?

«O OE para 2012 deixou-me confuso pois estava convicto de que havia mudado o Governo e era agora Passos Coelho o primeiro-ministro. De facto, Sócrates é que lançava "exigências adicionais sobre aqueles que sempre são sacrificados" e atacava "os alicerces básicos do Estado Social" (Passos Coelho), "tratando os portugueses à bruta dizendo-lhes 'Não há outra solução', indo buscar dinheiro a quem não pode", motivo por que "[precisávamos] de um Governo não socialista em Portugal" (Passos Coelho de novo).

Ora o Orçamento é só um rol de "exigências adicionais sobre aqueles que sempre são sacrificados" e ataques aos "alicerces básicos do Estado Social". O Governo "olha para rendimentos acima de pouco mais de mil euros dizendo 'Aqui estão os ricos de Portugal', eles que paguem a crise" (ainda Passos Coelho), deixando de fora, por lapso, as grandes fortunas e os 7 mil milhões de dividendos que por aí se distribuem anualmente.

O único dos "25 mais ricos" que pagará a crise é o mais rico deles, o trabalhador Américo Amorim, que irá esfalfar-se mais meia hora por dia sem remuneração (por isso me pareceu vê-lo, de cartaz na mão, no meio dos "indignados"). Felizmente emprega na sua Corticeira 3 300 outros trabalhadores, que irão dar-lhe 1 650 horas diárias de trabalho gratuito, equivalentes a 206 trabalhadores de borla. Poderá assim despedir 206 dos que não se contentam com ter trabalho e ainda querem salário.» [JN]

Autor:

Manuel António Pina.
     

 A banca já sentiu os benefícios do Orçamento

«Um dia depois da entrega do Orçamento de Estado para 2012, onde se prevê que as necessidades de recapitalização da banca nacional atinjam os oito mil milhões de euros, os bancos cotados em bolsa tiveram uma sessão para esquecer. BPI e BCP afundaram em torno 3%, ao mesmo tempo que o BES e Banif recuaram 2,5%. E traduzindo estas quedas em 'market cap', só no dia de hoje os quatro maiores bancos privados nacionais emagreceram 157 milhões de euros.

A liderar as perdas esteve o banco liderado por Ricardo Salgado: o BES desvalorizou quase 90 milhões no mercado accionista depois de recuar 2,78% para valer 1,75 euros por acção. Segue-se o BCP, que desvalorizou 43 milhões de euros no dia em que fechou em novo mínimo histórico, nos 0,165 euros por acção. Já BPI e Banif emagreceram 18,8 e 7,9 milhões de euros, respectivamente.» [DE]

Parecer:

Grande Gasparoika!

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao Gasparoika se já está a fazer as malas ou vai esperar pelas pedradas.»
  
 Ai agora temem a morte da escola pública?

«A Federação Nacional da Educação (FNE) manifestou esta terça-feira preocupação e "profunda discordância" com as medidas inscritas na proposta de orçamento para 2012, admitindo que podem fazer perigar a escolaridade obrigatória de 12 anos, com o empobrecimento das famílias.» [CM]

Parecer:

Dantes era o Sócrates que ia acabar com a escola pública.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso de desprezo.»
  
 O Cratino não tem vergonha na cara

«O ministro discursava em Braga, após a cerimónia de entrega do Prémio Científico IBM 2010 no valor de 15 mil euros à jovem investigadora da Universidade do Minho Alexandra Silva, por um trabalho sobre software "mais confiável".» [CM]

Parecer:

Depois de retirar os prémios aos alunos do secundário este ministro devia ter vergonha de ir entregar prémios fosse a quem fosse.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vomite-se.»
  

   






 


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