O mesmo Passos Coelho que negociou o OE 2011 para se abster e chumbou o PEC IV com o argumento da falta de diálogo e da adopção de medidas sem conhecimento do Presidente da República decidiu-se por uma pinochetada orçamental sem dar conhecimento a ninguém e divulgando as medidas como se fossem facto consumado. Cavaco Silva lembrou-se de discordar do OE e de questionar a legitimidade de algumas medidas e foi o suficiente para que o jornal “i” se lembrasse de comparar as despesas da comitiva presidencial presente na cimeira Ibero-Americana com a do primeiro-ministro, agora convertido em modelo das virtudes franciscanas.
Com o Expresso da divulgar uma sondagem que mostra que o OE não é aceite pelos portugueses alguém se lembrou de que era necessário pressionar Seguro para que este aprove o OE contra a vontade do seu partido e do seu eleitorado. Apareceu uma notícia no Público onde se consegue escrever uma página acusando Sócrates de andar a pressionar os deputados do PS para chumbarem o OE, mas quanto a factos e provas o jornal nada adianta, a jornalista nada diz.
No mesmo dia em que o Público tenta empurrar Seguro para a aprovação do OE o primeiro-ministro lembra-se de a partir da Cimeira Ibero-Americana informar que era necessário renegociar com a troika e que tencionava reunir com o PS. Estaria em causa o financiamento da economia e, em consequência, o crescimento económico.
Passos Coelho está farto de negociar e renegociar com a troika, de inventar desvios colossais e o país até já assistiu a uma conferência de imprensa onde o Gaspar foi ler um papel que a troika escreveu. No entanto a maioria de direita ignorou que ao acordo com a troika era mais amplo do que a maioria parlamentar, ao longo destes meses sempre ignorou o PS e o seu líder, tem governado como se o acordo com a troika fosse um assunto privado de Passos Coelho, do Gaspar e do Moedas.
Agora que receia a contestação social ao OE o primeiro-minisro descobriu uma forma de enredar Seguro na sua pinochetada orçamental, convida-o para negociar uma renegociação com a troika que só faz sentido no pressuposto de que o PS aprova ou pelo menos não chumba o OE. Isto é, o mesmo PS que não serviu para discutir a política orçamental já deve servir para co-responsabilizar-se pela desgraça social de uma pinochetada orçamental brutal.
Resta saber se Seguro se deixa enredar por esta estratégia manhosa deixando para a esquerda conservadora a oposição à pinochetada orçamental do Gaspar. Se o fizer está acometer m suicídio político de que os eleitores do PS não se esquecerão tão cedo.
PS: Nenhum estudante “francês” de filosofia influenciou este post.