quinta-feira, outubro 06, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Cogumelos no Jardim do Campo Grande, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Valle de los Caídos, Espanha [A. Cabral]
  
A mentira do dia d'O Jumento
 
  
Jumento do dia


Cavaco Silva (para mal do país) Presidente da República

É muito duvidosos que algum português se dê ao trabalho de ler um discurso de Cavaco Silva do princípio ao fim, que algum comentador os leve a sério ou que algum jornalista os noticie sem uma sensação de tédio. Os discursos de Cavaco não são coerentes com o que disse no passado, evidenciam que está mais preocupado e interessado em reparar a sua imagem do que com qualquer outra coisa, estão cheios de banalidades. Destinam-se apenas a arquivar no site de Belém e para um dia escrever um livro que ninguém comprará.
 
Mas Cavaco é mesmo Presidente, ainda que um presidente com uma letra cada vez mais pequena temos que fazer de conta que o respeitamos não porque o mereça mas porque devemos proteger a instituição que tão mal representa e porque a lei penal nos impede de dizer o que pensamos dele.

Vejamos o que disse Cavaco neste 5 de Outubro:

Na sua posse ignorou a crise internacional ao ponto do presidente da sua comissão de honra o ter criticado em público, agora emergem sinais preocupantes de que a crise que ignorou se pode agravar:

«Neste novo século republicano, os Portugueses vivem tempos de incerteza perante o que o futuro lhes trará. No plano internacional, emergem sinais preocupantes de que a situação económica e financeira se poderá agravar de novo. Num mundo cada vez mais globalizado e interdependente, o mau desempenho das economias desenvolvidas irá reflectir-se inevitavelmente sobre as outras economias.»
 
Agora já não respeita os mercados e a crise é tão grave que até põe em perigo a Europa:
 
«Vivemos dias que são um teste decisivo para a vitalidade da União Europeia e compete-nos a todos nós, povos deste Continente antigo, decidir se queremos uma União que seja um mero aglomerado de mercados ou se, pelo contrário, desejamos concretizar a aspiração de uma Europa coesa e solidária, unida tanto nos bons como nos maus momentos. Só dessa forma a Europa será fiel às suas raízes e conseguirá satisfazer os anseios de bem-estar partilhado que estiveram na génese das Comunidades.»
 
O mesmo senhor que ignorava a crise internacional e que afirmava que existiam limites para a austeridade defende agora que reconhecer a crise é uma questão de bom senso e já dá a sua ajuda aos sacrifícios, vindo mais uma vez com a lenga lenga dos avisos para se ilibar a si próprio das responsabilidades nesta crise:

«Vivemos tempos muito difíceis. Essa é uma realidade que ninguém de bom senso poderá negar. Durante alguns anos, foi possível iludir o que era óbvio, pese os avisos que foram feitos dos mais diversos quadrantes. Agora, estamos confrontados com uma situação que irá exigir grandes sacrifícios aos Portugueses, provavelmente os maiores sacrifícios que esta geração conheceu.»
 
Ninguém sugere ao senhor que tão facilmente comprou uma rica mansão na Quinta da Coelho que não tem autoridade para criticar o consumismo dos outros?

«Perdemos muitos anos na letargia do consumo fácil e na ilusão do despesismo público e privado. Acomodámo-nos em excesso. Agora, temos de aprender a viver de acordo com as nossas possibilidades e a tirar partido das nossas potencialidades.»
 
Se Cavaco está tão preocupado com o despesismo porque razão levou uma comitiva aos Açores que faziam lembrar a visita de D. Manuel I ao papa, não faltando sequer um mordomo para lhe calçar as pantufas?

«Em momentos como o presente, diminui de forma substancial a tolerância dos cidadãos perante o despesismo público e o gasto improdutivo, o que constitui um efeito positivo da situação que atravessamos.»
 
Numa altura em que os amigos do presidente envolvidos com a justiça quase davam para habitar o resort do Pinheiro da Cruz quase não se consegue ouvir Cavaco falar de justiça:

«Os cidadãos da República centenária são mais exigentes quanto à necessidade de uma mudança profunda da acção política e têm plena consciência de que a Justiça do seu país tem de ser um factor de desenvolvimento e não um elemento de paralisia da actividade económica e da vida social.»

O problema deste presidente (sim com letra pequena, muito pequena) é que lhe falta a memória, excepto par o que terá escrito ou dito em tempos, porque isso lhe dá jeito. Só que disse e fez muitas outras coisas que agora lhe retiram autoridade e credibilidade.
 
Portugal só teria a ganhar se Cavaco Silva renunciasse ao cargo de Presidente da República, abrindo caminho para a eleição de alguém menos comprometido com a crise, com competência e capaz de ser um Presidente de todos os portugueses.

 Maldita presunção da inocência

Compreende-se o empenho de alguns magistrados em que sejam criados atalhos que permitam a condenação sumária sem que se apresentem grandes provas, no nosso país a regra é a declaração da inocência dos réus devido à anulação das provas que, em regra, são escutas telefónicas. Não admira que o Caso Apito Dourado tenha acabado por ser um caso de lixo judicial, por mais testemunhas e escutas telefónicas o MP falhou e gastou milhões de euros. EM muito menos tempo a Itália condenou vários casos de corrupção no desporto e, tanto quanto se sabe, não precisaram de atalhos para encobrir a incompetência dos investigadores.
 
Não admira também que sejam os jornalistas a oporem-se a que o ónus da prova esteja do lado da acusação e se tenham empenhado em impor a políticos frágeis legislação que garanta que uma notícia no Correio da Manhã seja meio caminho andado para condenar um arguido, pouco importando que este seja culpado ou inocente. Os jornais estão fartos de condenar cidadãos que depois são declarados inocentes pelos tribunais.
 
A legislação sobre enriquecimento supostamente ilícito não passa de uma cedência à incompetência da justiça e à falta de princípios de alguns jornalistas sem escrúpulos.

 Uma dúvida

Porque razão desde que se teve conhecimento do buraco madeirense que, coincidência das coincidências, até parece um desvio colossal, o ministro das Finanças perdeu a vontade de falar e entra calado e sai mudo das reuniões do ECOFIN?

 Correcção da ortografia do português

A partir de agora em vez de se dizer 'certinice' passa a dizer-se 'cratinice'.

 Depois das vacas que riem a cabra que grita

 
Agora ficamos a aguardar que Cavaco Silva visite a cabra e tente encontrar nos seus gritos motivos de reflexão em torno do problema da dívida...

 É um nojo

Gente como um Alberto João Jardim continuar a usar a designação de social-democratas.
     
 

 Jardim, o nosso gato desbocado

«Alberto João Jardim, do PSD, pede aos madeirenses para darem "uma sova no Governo de Lisboa", que é liderado pelo PSD. E chama de "péssimo moço de recados" a Paulo Portas, ministro de Estado do tal Governo. Estas aparentes contradições quase esquizofrénicas não espantam já os portugueses, do Continente e das ilhas. Eles percebem a dialéctica da coisa: a Madeira é parte de um todo, o que não a impede de, por vezes, demasiadas vezes, ser sobretudo uma parte. E, tal como há casais que divergem sobre o local das férias, na praia ou não, e tal como há amigos que torcem ao domingo por clubes diferentes, é natural que na política - onde antes não se admitiam divergências internas na praça pública - agora já se façam, até nas campanhas eleitorais, acusações entre aliados. Afinal, também na pátria europeia da democracia os aliados políticos se chocam entre si. Na Inglaterra, ontem, a ministra do Interior, Theresa May, do Partido Conservador, disse que há juízes que não expulsam imigrantes ilegais quando estes dão como desculpa terem adoptado um gato inglês. Logo saltou o ministro da Justiça, Kenneth Clarke, também do Partido Conservador, apostando publicamente que a colega é incapaz de apontar um só caso de gato salvador de deportações... Mas, reparem, o gato não disse nada! O nosso problema é que o nosso destabilizador de alianças, o nosso gato, não se cala. » [DN]

Autor:

Ferreira Fernandes.
   
 O Prof. Karamba da desgraça

«Quando, há uns tempos, um indivíduo de bastão "de cuyo nombre no quiero acordarme" me insultou nestas páginas fiquei deprimidíssimo. Não pelos insultos mas porque ter um inimigo rasca é ainda mais humilhante do que não ter inimigo nenhum. Estou, pois, em boas condições para imaginar como se sentirá a Constituição da República depois de ouvir Medina Carreira afirmar na TVI24 que ela, Constituição, "não serve para nada [porque] não paga despesa nenhuma".

Como diria Pascal, Medina Carreira é um belo espírito (pelo menos as TVs acreditam nisso), só que não é geómetra. Sendo que a probabilidade de ele não dizer algo inteiramente previsível é inferior à saída da soma 1 no lançamento de dois dados.

O ex-ministro das Finanças é um desses ex-qualquer coisa que, no desemprego político, passam a animadores (no caso, a desanimador) televisivos. O sucesso das suas profecias "gore", neuroticamente repetitivas, junto de certos públicos (não custa a crer que os mesmos que deglutem avidamente filmes de múmias e vampiros) radica nos desvãos obscuros do inconsciente que a psicanálise clássica associa à pulsão de morte.

Ora a Constituição, mesmo não pagando "despesa nenhuma", serve obviamente para alguma coisa: para Medina Carreira ter sobre que falar. Dir-se-á ainda que as circunstâncias de Medina Carreira o contradizem, já que as suas prestações televisivas não servem para nada e, contudo, pagam-lhe as despesas.» [JN]

Autor:

Manuel António Pina.
     

 Há sítios melhores

«O jogo da primeira divisão alemã entre o Hoffenheim e o Bayern de Munique, a contar para a oitava jornada da prova, ficou marcado por uma situação insólita. Dois membros da claque da formação do Bayern pensaram que um jogo de futebol e uma bancada cheia à sua volta era o cenário ideal para terem relações sexuais. Sem qualquer problema, lá iniciaram o ato, de uma forma descomplexada, apesar de estarem a ser vistos por centenas de pessoas.

A segurança do estádio rapidamente se apercebeu e avisou uma primeira vez o par. Passado algum tempo, os dois não aguentaram e retomaram o sexo. À segunda, porém, já não tiveram nova oportunidade. Os dois foram expulsos do estádio e podem agora ser presos pela sua conduta imprópria num espaço público.» [PTjornal]
     
 Velhinhas danadinhas

«Clare Ormiston fez na última sexta-feira 100 anos. E teve como prenda um show de striptease na casa de repouso onde vive, em Wythall, no Reino Unido. » [DN]

«Cayetana Fitz-James Stuart e Silva, a duquesa de Alba, e Alfonso Díez, já são marido e mulher. O sim foi dado esta quarta-feira na capela do palácio devilhano de Dueñas. A cerimónia juntou um grupo de 32 familiares e amigos dos noivos. » [DN]

     
 O Sócrates estará na Itália

«A “yield” (juros) das obrigações a dois anos avançava 2,6 pontos base, para 4,257%, de acordo com dados da Bloomberg. No prazo a 10 anos, os juros da dívida de Itália estavam nos 5,54%.

A subida das taxas exigidas pelos investidores reflecte a queda do valor das obrigações, resultante da pressão vendedora. Os títulos estão em queda, apesar da actuação do BCE em sentido contrário, segundo fontes da Bloomberg.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Com taxas destas já havia em Portugal quem defendesse um pedido de ajuda internacional.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Apurem-se as responsabilidades de José Sócrates na subida das taxas aplicadas à dívida italiana.»
  
 Aplicar impostos ao crime?

«O líder do Bloco de Esquerda (BE), Francisco Louçã, propôs esta quarta-feira a criação de um novo imposto de 10% sobre as empresas registadas no “off-shore” da Madeira, um “imposto sensato sobre quem não pagou nada”.» [Público]

Parecer:

Num dia Louçã trata as empresas da zona franca da Madeira, no outro dia propõe que seja aplicada uma taxa de 10% aos seus negócios. No que ficamos?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se ium sorriso.»
  

 Oktoberfest 2011 [Boston.com]