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Convento do Carmo
Jumento do dia
Cavaco Silva, presidente e economista
O mesmo Cavaco que no discurso do 5 de Outubro decretou terem deixado de haver limites à austeridade vem dois dias depois apelar aos portugueses para venceram as previsões negativas resultantes da recessão provocada pelas mesmas medidas que apoia. Este é o homem que se candidatou ao presidente dizendo que queria ajudar Portugal com os seus conhecimentos de economia, este é o presidente que trata a economia como se fosse o professor Karamba.
Agora ficamos à espera que Cavaco nos explique como devemos enganar as previsões, talvez seja batendo os pés todos ao mesmo tempo ou rezando ao mártir São Sebastião, padroeiro da freguesia de Boliqueime.
«O Presidente da República, Cavaco Silva, desafiou hoje os portugueses a "vencerem as previsões negativas" do Banco de Portugal (BP) para a economia nacional em 2012.
Em Oliveira do Bairro, distrito de Aveiro, Aníbal Cavaco Silva disse que a possibilidade de contrariar, "já em 2011", as previsões "bastante negativas" do Banco de Portugal, "vai depender muito da atitude dos portugueses".» [DN]
Agora ficamos à espera que Cavaco nos explique como devemos enganar as previsões, talvez seja batendo os pés todos ao mesmo tempo ou rezando ao mártir São Sebastião, padroeiro da freguesia de Boliqueime.
«O Presidente da República, Cavaco Silva, desafiou hoje os portugueses a "vencerem as previsões negativas" do Banco de Portugal (BP) para a economia nacional em 2012.
Em Oliveira do Bairro, distrito de Aveiro, Aníbal Cavaco Silva disse que a possibilidade de contrariar, "já em 2011", as previsões "bastante negativas" do Banco de Portugal, "vai depender muito da atitude dos portugueses".» [DN]
«Pare, escute e olhe - um discurso pode revogar outro. Foi o que aconteceu esta semana: o discurso do Presidente da República no 5 de Outubro revogou o seu discurso de tomada de posse.
Para verificar que é assim basta lembrar os dois factos políticos mais importantes que marcaram o discurso do Presidente no início deste seu segundo mandato e confrontá-los com o teor do seu discurso do dia 5.
O primeiro facto político do discurso de tomada de posse, recorde-se, foi o "apagão" da crise internacional. Tal como sublinharam os mais insuspeitos comentadores, o Presidente conseguiu estar 45 minutos a descrever as dificuldades da economia portuguesa, comparando indicadores do início e do fim da última década, sem nunca fazer a mais pequena referência à maior crise internacional desde 1929 (que interrompeu a recuperação registada entre 2005 e 2007 e prejudicou os indicadores de todas as economias) ou à crise das dívidas soberanas (iniciada em 2010).
Mais: o Presidente, não querendo "insultar os mercados", omitiu qualquer referência à crise sistémica do euro e à ausência de uma resposta eficaz no plano europeu aos ataques especulativos, com as consequências daí decorrentes para as economias ditas periféricas, a começar pela Grécia, e para a difusão de inevitáveis efeitos de contágio.
Que diz agora, poucos meses depois (mas já com novo Governo), o mesmo Presidente da República? Num discurso orientado para explicar as dificuldades que o País enfrenta, o Presidente, acredite-se ou não, começou, precisamente, por contextualizar a crise da economia portuguesa na crise internacional e na crise do euro! Não tinha passado o primeiro minuto de discurso e já o Presidente dizia: "No plano internacional, emergem sinais preocupantes de que a situação económica e financeira se poderá agravar de novo. Num mundo cada vez mais globalizado e interdependente, o mau desempenho das economias desenvolvidas irá reflectir-se inevitavelmente sobre as outras economias". E logo acrescentou: "a Europa encontra-se numa encruzilhada (...). O fracasso da experiência do euro iria arrastar consigo toda a União, mergulhando-a num turbilhão de resultados imprevisíveis. A diluição da zona euro seria o início de um processo que culminaria na destruição da Europa unida". Registada a primeira diferença, palavras para quê?
O segundo facto político do discurso de posse do Presidente foi a já célebre afirmação de que "há limites para os sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadãos". Essa investida do Presidente contra as medidas de austeridade adoptadas pelo Governo minoritário socialista, num momento delicado nos mercados financeiros, foi recebida com o expectável aplauso demagógico das oposições e acabaria por inspirar, 48 horas depois, a decisão do PSD de chumbar o PEV IV, em nome (convém lembrá-lo) da contestação ao aumento dos impostos. Daí até à formação de uma coligação negativa para provocar uma crise política foi um passo - um passo dado, aliás, com a plena consciência de que iria arrastar Portugal para a ajuda externa, como veio a acontecer.
Que diz agora o Presidente, no momento em que o novo Governo PSD-CDS impõe ainda mais sacrifícios "ao comum dos cidadãos", corta metade do 13º mês e aumenta impostos, tarifas e transportes muito para lá do que era exigido pela "troika"? Desta vez, a "teoria dos limites para os sacrifícios" deu lugar à "pedagogia dos sacrifícios". Explicou o Presidente: "estamos confrontados com uma situação que irá exigir grandes sacrifícios aos portugueses, provavelmente os maiores sacrifícios que esta geração conheceu". Aí está, clara e notória, a segunda diferença.
O segundo mandato do Presidente da República evidencia, pois, duas fases bem distintas: a primeira, de intensificação do combate político ao Governo socialista, durou apenas alguns dias, iniciou-se com o discurso de tomada de posse do Presidente e terminou com a demissão do então Primeiro-Ministro. A segunda, de convergência política com o Governo PSD-CDS, teve início com o inusitado discurso orientador da governação proferido pelo Presidente no acto de posse do novo Governo e foi pontuada pela solidariedade política expressa na recente entrevista à TVI e neste discurso do 5 de Outubro. Duas fases, dois governos, duas atitudes, dois discursos presidenciais contraditórios.
É certo, não deixaram de se ouvir no dia 5 de Outubro alguns dos tradicionais "avisos" do Presidente. À cautela, e para memória futura, o Presidente vincou o "aviso" de que as medidas de austeridade devem ser acompanhadas de medidas que permitam "a curto prazo, sinais de recuperação económica". Em bom português, o que se passou foi isto: o Presidente colou-se às medidas recessivas mas demarcou-se da recessão. E dali seguiu para o Palácio de Belém, para receber a visita de populares e turistas. É tão fácil ser Presidente!» [DE]
Para verificar que é assim basta lembrar os dois factos políticos mais importantes que marcaram o discurso do Presidente no início deste seu segundo mandato e confrontá-los com o teor do seu discurso do dia 5.
O primeiro facto político do discurso de tomada de posse, recorde-se, foi o "apagão" da crise internacional. Tal como sublinharam os mais insuspeitos comentadores, o Presidente conseguiu estar 45 minutos a descrever as dificuldades da economia portuguesa, comparando indicadores do início e do fim da última década, sem nunca fazer a mais pequena referência à maior crise internacional desde 1929 (que interrompeu a recuperação registada entre 2005 e 2007 e prejudicou os indicadores de todas as economias) ou à crise das dívidas soberanas (iniciada em 2010).
Mais: o Presidente, não querendo "insultar os mercados", omitiu qualquer referência à crise sistémica do euro e à ausência de uma resposta eficaz no plano europeu aos ataques especulativos, com as consequências daí decorrentes para as economias ditas periféricas, a começar pela Grécia, e para a difusão de inevitáveis efeitos de contágio.
Que diz agora, poucos meses depois (mas já com novo Governo), o mesmo Presidente da República? Num discurso orientado para explicar as dificuldades que o País enfrenta, o Presidente, acredite-se ou não, começou, precisamente, por contextualizar a crise da economia portuguesa na crise internacional e na crise do euro! Não tinha passado o primeiro minuto de discurso e já o Presidente dizia: "No plano internacional, emergem sinais preocupantes de que a situação económica e financeira se poderá agravar de novo. Num mundo cada vez mais globalizado e interdependente, o mau desempenho das economias desenvolvidas irá reflectir-se inevitavelmente sobre as outras economias". E logo acrescentou: "a Europa encontra-se numa encruzilhada (...). O fracasso da experiência do euro iria arrastar consigo toda a União, mergulhando-a num turbilhão de resultados imprevisíveis. A diluição da zona euro seria o início de um processo que culminaria na destruição da Europa unida". Registada a primeira diferença, palavras para quê?
O segundo facto político do discurso de posse do Presidente foi a já célebre afirmação de que "há limites para os sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadãos". Essa investida do Presidente contra as medidas de austeridade adoptadas pelo Governo minoritário socialista, num momento delicado nos mercados financeiros, foi recebida com o expectável aplauso demagógico das oposições e acabaria por inspirar, 48 horas depois, a decisão do PSD de chumbar o PEV IV, em nome (convém lembrá-lo) da contestação ao aumento dos impostos. Daí até à formação de uma coligação negativa para provocar uma crise política foi um passo - um passo dado, aliás, com a plena consciência de que iria arrastar Portugal para a ajuda externa, como veio a acontecer.
Que diz agora o Presidente, no momento em que o novo Governo PSD-CDS impõe ainda mais sacrifícios "ao comum dos cidadãos", corta metade do 13º mês e aumenta impostos, tarifas e transportes muito para lá do que era exigido pela "troika"? Desta vez, a "teoria dos limites para os sacrifícios" deu lugar à "pedagogia dos sacrifícios". Explicou o Presidente: "estamos confrontados com uma situação que irá exigir grandes sacrifícios aos portugueses, provavelmente os maiores sacrifícios que esta geração conheceu". Aí está, clara e notória, a segunda diferença.
O segundo mandato do Presidente da República evidencia, pois, duas fases bem distintas: a primeira, de intensificação do combate político ao Governo socialista, durou apenas alguns dias, iniciou-se com o discurso de tomada de posse do Presidente e terminou com a demissão do então Primeiro-Ministro. A segunda, de convergência política com o Governo PSD-CDS, teve início com o inusitado discurso orientador da governação proferido pelo Presidente no acto de posse do novo Governo e foi pontuada pela solidariedade política expressa na recente entrevista à TVI e neste discurso do 5 de Outubro. Duas fases, dois governos, duas atitudes, dois discursos presidenciais contraditórios.
É certo, não deixaram de se ouvir no dia 5 de Outubro alguns dos tradicionais "avisos" do Presidente. À cautela, e para memória futura, o Presidente vincou o "aviso" de que as medidas de austeridade devem ser acompanhadas de medidas que permitam "a curto prazo, sinais de recuperação económica". Em bom português, o que se passou foi isto: o Presidente colou-se às medidas recessivas mas demarcou-se da recessão. E dali seguiu para o Palácio de Belém, para receber a visita de populares e turistas. É tão fácil ser Presidente!» [DE]
Autor:
Pedro Silva Pereira.
O outro buraco
«Sondagens são truques de inimigos da Madeira. A frase, sem aspas, é título de um texto do Jornal da Madeira de 5 de Outubro e no qual a expressão "inimigos da Madeira" surge sempre sem aspas, como seja algo de evidente. Como na frase inicial: "Jardim pediu ontem aos madeirenses que não se deixem levar pelo truque que os inimigos da Madeira preparam para estes últimos dias de campanha."
Há, pois, parece, pelo menos para quem assina a "notícia", inimigos da Madeira - da Madeira, note-se, e não de Jardim. E, sendo as sondagens divulgadas pelos media, parece haver poucas dúvidas sobre quem serão. Aliás, é raro o discurso eleitoral de Alberto João que não refere os jornalistas como inimigos da ilha.
O texto citado, porém, é apenas um exemplo do tipo de "jornalismo" que se pratica num título que diariamente, neste período de campanha, faz uma média de cinco textos com declarações do líder do PSD/M, e que ontem, por exemplo, certificava, em manchete, que a dívida da Madeira é, em percentagem do PIB, inferior à dívida nacional, ignorando, no texto de suporte, os dados internacionais que só comparam a situação da Região Autónoma à da Grécia, de tal modo é diferente da do todo português.
Distribuído gratuitamente, o JM é, apesar de ser posse formal da diocese do Funchal, suportado pelo Governo regional. Este, além de gastar milhões de euros em subvenções directas, agracia-o ainda com profusa publicidade. O resultado é o de sufocar a concorrência, atentando também, como se afere na leitura do JM, ao princípio essencial da independência dos órgãos de informação face ao poder político - não há grandes diferenças entre aquilo e um órgão oficial de partido. Mas, num país nos últimos anos obcecado com a liberdade de expressão, a muito peculiar realidade da Madeira passou ao largo - descontada, como quase tudo o que diz respeito à região, como mais "uma questão de estilo".
A ERC e o Sindicato de Jornalistas bem chamam a atenção para os constrangimentos ao jornalismo livre na Madeira. Mas até o facto de governantes e dirigentes do PSD insultarem ou coagirem jornalistas parece ter entrado na banalidade. No entanto, esta semana, a Comissão Nacional de Eleições notificou o director do DN Madeira de que deu provimento a uma queixa do PSD contra o jornal, por "tratamento discriminatório". A CNE incluiu nessa categoria dois artigos de opinião, do director e do subdirector, e três peças noticiosas, apontando apenas num dos casos o que considera "valência desfavorável em relação à candidatura do PSD com inclusão de juízo de valor" - o qual, por acaso, inclui uma citação de partidos da oposição.
Mas, por mais extraordinária que surja esta decisão da CNE, quem sabe é sinal de que finalmente alguém se preocupa com o pluralismo noticioso (e até opinativo) na ilha, e que não cai tudo no buraco sem fundo do "estilo". A não ser, claro, que seja o contrário.» [DN]
Há, pois, parece, pelo menos para quem assina a "notícia", inimigos da Madeira - da Madeira, note-se, e não de Jardim. E, sendo as sondagens divulgadas pelos media, parece haver poucas dúvidas sobre quem serão. Aliás, é raro o discurso eleitoral de Alberto João que não refere os jornalistas como inimigos da ilha.
O texto citado, porém, é apenas um exemplo do tipo de "jornalismo" que se pratica num título que diariamente, neste período de campanha, faz uma média de cinco textos com declarações do líder do PSD/M, e que ontem, por exemplo, certificava, em manchete, que a dívida da Madeira é, em percentagem do PIB, inferior à dívida nacional, ignorando, no texto de suporte, os dados internacionais que só comparam a situação da Região Autónoma à da Grécia, de tal modo é diferente da do todo português.
Distribuído gratuitamente, o JM é, apesar de ser posse formal da diocese do Funchal, suportado pelo Governo regional. Este, além de gastar milhões de euros em subvenções directas, agracia-o ainda com profusa publicidade. O resultado é o de sufocar a concorrência, atentando também, como se afere na leitura do JM, ao princípio essencial da independência dos órgãos de informação face ao poder político - não há grandes diferenças entre aquilo e um órgão oficial de partido. Mas, num país nos últimos anos obcecado com a liberdade de expressão, a muito peculiar realidade da Madeira passou ao largo - descontada, como quase tudo o que diz respeito à região, como mais "uma questão de estilo".
A ERC e o Sindicato de Jornalistas bem chamam a atenção para os constrangimentos ao jornalismo livre na Madeira. Mas até o facto de governantes e dirigentes do PSD insultarem ou coagirem jornalistas parece ter entrado na banalidade. No entanto, esta semana, a Comissão Nacional de Eleições notificou o director do DN Madeira de que deu provimento a uma queixa do PSD contra o jornal, por "tratamento discriminatório". A CNE incluiu nessa categoria dois artigos de opinião, do director e do subdirector, e três peças noticiosas, apontando apenas num dos casos o que considera "valência desfavorável em relação à candidatura do PSD com inclusão de juízo de valor" - o qual, por acaso, inclui uma citação de partidos da oposição.
Mas, por mais extraordinária que surja esta decisão da CNE, quem sabe é sinal de que finalmente alguém se preocupa com o pluralismo noticioso (e até opinativo) na ilha, e que não cai tudo no buraco sem fundo do "estilo". A não ser, claro, que seja o contrário.» [DN]
Autor:
Fernanda Câncio
Acabam-se as borlas nas auto-estradas?
«O ministro da Economia anunciou esta sexta-feira que o Governo vai avançar, até ao final do mês, com portagens em todas as Scut aprovadas pelo anterior Governo.» [CM]
Parecer:
Quem lê a notícia até pensa que o Álvaro teve uma crise súbita de coragem, mas não, ainda está a implementar as decisões do governo de Sócrates.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»
Mais uma argolada da nossa justiça
«O tribunal considerou esta sexta-feira que a acusação do Banco de Portugal contra os antigos administradores do BCP, como Jardim Gonçalves e Filipe Pinhal, é nula, uma vez que as provas que sustentavam o caso foram obtidas através da quebra do sigilo bancário, o que as invalida.» [CM]
Parecer:
A nossa justiça (leia-se MP) não acerta uma.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pague-se o prejuízo com verbas da Procuradoria-Geral da República.»
Mais uma tak force em Lisboa
«Pedro Passos Coelho escreveu uma carta a Durão Barroso a pedir o envio de uma ‘task force' de cinco técnicos da Comissão Europeia para acompanhar, em permanência, no Ministério das Finanças, as reformas impostas pelo memorando da troika, em articulação com a estrutura de acompanhamento do pate de ajuda, liderado Carlos Moedas. Ao que o Diário Económico apurou, o gabinete do primeiro-ministro já recebeu luz verde por parte de Durão Barroso e, dentro de pouco tempo, Vitor Gaspar beneficiará do apoio de Herve Carré (antigo director geral do Eurostat que viveu alguns anos em Portugal e é amigo pessoal do ministro). Carré irá dirigir uma equipa que contará, ainda, com o português José Palma Andres.» [DE]
Parecer:
A troika vai dar muitos lucros em receitas de turismo.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»
Transparência Gaspar?
«Ministro das Finanças diz que a divulgação do relatório sobre a situação financeira da Madeira não tem precedência na democracia em termos de transparência, apesar das irregularidades na região terem afetado "muito negativamento a credibilidade do país".» [Expresso]
Parecer:
Se transparência é esconder uma dívida giganteca e quando se está à rasca combinar com Passos Coelho (e pmuito provavelmente com o Gaspar) a forma de a tornar pública sem prejudicar as eleições o que será a opacidade?
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Elogie-se o sentido de humor do Gasparoika.»