sábado, janeiro 05, 2013

Derrube-se o governo, faz mal à saúde


O secretário de Estado da Saúde tinha toda a razão ao defender que os maus hábitos dos portugueses aumentam os custos do SNS, mas, lamentavelmente, escolheu o momento e contexto errados. Esta verdade merece um debate sério até porque o pior não são os custos orçamentais, é o sacrifício de vidas e a perda de qualidade de vida de muitos portugueses e não apenas o aumento dos custos.
 
Empenhado em explicar aos portugueses que o seu secretário de Estado tinha razão o director-geral da Saúde apressou-se a preparar uma ementa para comer bem e muito barato. Digamos que o ministério da Saúde está a imitar o Continente e decidiu lançar uma promoção de 75% em cartão do cidadão, comendo pouco e bem e bebendo água os portugueses poupam 25% na despesa  com bem alimentares e mais 25% nos impostos do próximo ano. Para conseguir o desconto basta comer de acordo com a ementa do chef George, só não se percebeu se a ementa é do próprio, foi encomendada a um chefe de cozinha francês (ou françóis como diz o Nacib da telenovela Gabriela) ou se pediu a a alguma tia.
 
Esta preocupação dos responsáveis pela saúde resulta de uma confiança perigosa que há muito é cometida pelo director-geral de Saúde, em vez de gerirem os serviços de saúde estes responsáveis acham que o cargo lhes dá o direito de serem eles a gerirem os próprios portugueses e os seus hábitos. A senhora Jonet sugere que os pobres andam a comer bifes a mais e os filhos lavam os dentes em água corrente (imagine-se o que sucederá com os filhos dos pobres, até devem lavar os dentes em Superbock!), o secretário de Estado sugere que se quisemos pagar menos impostos então sejamos elegantes e o director-geral de Saúde já nos sugere ementas de pobres.
 
Por acaso até concordo com os dois no plano das ideias, mas o facto de concordar com os princípios não me leva a aceitar os métodos e estes roçam o extremismo. Em nome da crise já nos dizem o que devemos comer, um dia destes vão concluir que a bem da crise devem nascer mais portugueses e daí a proibirem a venda de contraceptivos, como o fez o ditador Ceausescu da Roménia é um passo. O director-geral do Desporto deverá querer adoptar os métodos da RDA e por este andar ainda vão querer chamar amado líder ao Passos Coelho, ou será antes ao Gaspar que entretanto será promovido a número um pelo próprio Passos?
  
Uma coisa é as boas ideias, outra é a forma como estas são impostas aos cidadãos. Porque não apostamos na ginástica como fazia o nazismo? Porque não criamos uma mocidade portuguesa para que os jovens cresçam mais saudáveis e longe das drogas? Boas ideias nos regimes fascistas não faltam e segundo a lógica do secretário de Estado estas boas ideias viabilizariam o Estado social, seria um Estado fascista social, mas com a vantagem de continuar a ser social. Se recuarmos no tempo não faltam no salazarismo ementas e cardápios de bons hábitos, até havia no ensino secundário um curso de Formação Feminina onde as filhas dos pobres e remediados (nesse tempo ainda estava em formação a classe média eu o Gaspar quer agora acabar e é por isso que não se pode confundir o actual ministro das Finanças com o Salazar, o ditador criou muito do que o Gaspar pretende destruir) aprendiam o que o George quer agora ensinar através da Internet.
 
Agora ficamos à espera que no site do ministério das Finanças o ministro nos ensine a fazer remendos nas calças para que possamos poupar mais. O Portas poderá ensinar-nos como aproveitar o champanhe que sobrou na passagem do ano e o Relvas vai sugerir-nos o que fazer aos livros que sobraram depois de nos termos licenciado na Lusófona.
 
Só resta concluir que este governo faz mal à saúde, é o que demonstram todas as estatísticas, esperemos portanto que Cavaco Silva siga as sugestões metodológicas do George e o mande abaixo, até porque na sua idade a saúde não aguenta com tanto corte nas pensões e mais as ofensas do governo.