Faça-se um inquérito aos jornalistas da direita (quase
todos), aos banqueiros e às forças vivas da política portuguesa, os
financiadores dos partidos, sobre quem desejariam ver em primeiro-ministro, se
Gaspar ou Passos Coelho e verão a resposta. Vítor Gaspar. Pergunte-se ao
ministro das Finanças se tem grande consideração intelectual pelo
primeiro-ministro e se acha que o devia substituir e esperem pela resposta.
Vítor Gaspar é o verdadeiro primeiro-ministro, Passos Coelho
não passa do rapazola a quem as circunstâncias e a ajuda preciosa e a contra
gosto de Cavaco Silva ajudaram a chegar a primeiro-ministro. Passos Coelho não
vale nada como político mas ganhou as eleições. Em contrapartida Gaspar é um
excelente político apesar de ser um desastre em política económica mas seria
incapaz de ganhar as eleições para uma junta de freguesia. O povo ainda escolhe
o Salazar em programas da treta, mas parece preferir totós a supostos magos das
Finanças.
Mas a verdade é que aquele desconhecido de que todos gozavam
controla todo um governo, decide quem sai e quem entra, goza com o Álvaro,
decide tudo e mais alguma coisa e monta mega encenações como a ida aos
mercados. Ao lado de Vítor Gaspar o primeiro-ministro parece um moço de
recados, quando fala percebe-se se falou primeiro com o Gaspar, quando dá
conferências de imprensa poucos dias depois é o Gaspar que dá uma para
esclarecer o que ninguém entendeu nas palavras do primeiro-ministro.
A dúvida está em saber se Gaspar ambiciona ou não o lugar de
Passos Coelho, mesmo sabendo que nesta coisa da escolha de um primeiro-ministro
uma boa parte dos portugueses dá mais importância ao penteado do que ao cérebro.
Nesse aspecto Passos Coelho precisa do seu amigo José Seguro, com este a
liderar o PS Passos coelho tem algumas garantias de poder disputar a renovação
e isso inibe eventuais ambições de Vítor Gaspar.
Assim sendo já se percebe que ao contrário do que possa
parecer o líder do PS está fazendo uma forte ambição a Vítor Gaspar, pode ter
engolido todos os extremismos de Gaspar, pode ter sido ignorado pela troika na
renegociação do memorando, pode ter sido gozado ao longo desta legislatura por
Passos Coelho. Mas ao ser um opositor fraco o líder do PS é o maior obstáculo às
ambições de Vítor Gaspar. Enquanto Seguro liderar o PS a direita portuguesa
aceitará a liderança de Passos Coelho pois não precisa de um líder forte para
enfrentar a esquerda.