Portugal está cheio de sorte com o governo que tem, o seu
ministro das Finanças sempre foi contra qualquer intervenção do BCE mas agora
foi ao mercado e deu-lhe jeito levar as muletas do BCE e anunciou a salvação do país. O mesmo
ministro, que tanto gosta de vender o seu rigor, anunciou o cumprimento da meta
do défice mesmo sabendo que o Eurostat ainda não aprovou a contabilização da
venda de direitos da ANA, mas isso pouco importa ao Gaspar, para o ministro a
troika aprovou a operação e pouco lhe importa saber se os três estarolas da
troika e muito menos o senhor do FMI podem avocar as competências de todas as instituições europeias.
Mas a verdade é que Portugal foi mesmo ao mercado, pouco ganhou com isso mas foi, de repente a
aristocracia nacional deixou de discutir em palácios a melhor forma de destruir
o Estado Social fazendo o país recuar a um modelo social digno dos tempos da
Revolução Industrial. A prioridade agora é mostrar que se o povo andar pianinho e
obediente, se os funcionários e pensionistas forem reduzidos à miséria e o
Estado só gastar dinheiro em bastões e espingardas o país está salvo, o outo do
Brasil já foi, o dinheiro dos fundos comunitários acabou, mas a burguesia inútil
deste país tem nos recursos públicos mais uma fonte de financiamento.
E enquanto o Gaspar monta uma imensa encenação, o Passos
Coelho apressa-se a alertar que a austeridade é para continuar e quanto a líder da oposição zero, o José Seguro
é candidato a segurar-se no cargo de dirigente do PS. Isso porque o seu partido
percebeu que o líder tem um rabo tão encostado ao fundo das sondagens como o do
Passos Coelho estava coladinho ao livro sobre o Salazar. Mas Seguro pode estar
descansado, tem sido tão precioso para o governo da extrema-direita que esta já
mandou um nadador-salvador recolher o afogado, Marques Mendes já veio em auxílio
de José Seguro. Agora resta esperar pelo próximo Natal para vermos o Seguro
brincar com o Marques Mendes e com o Seara ao Quando o Comboio Apita, algures
num hotel do Rio de Janeiro.